A beleza de se perceber hipócrita e ser humano.

Um convite à liberdade, leveza e transformação.

Gustavo Burger
Prove Educação
4 min readSep 26, 2017

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Texto inspirado em uma aula do curso Método Hacklife do meu querido amigo e mestre Renato Stefani.

A ideia desse texto é provocar. Provocar no sentido de nos fazer refletir sobre o quanto somos hipócritas e, a partir dai, buscar nessas dores e fragilidades a força que temos em nós e nos reconhecermos humanos.

O quanto realmente conhecemos sobre algum assunto? O quanto, desse mesmo assunto, é a construção de uma imagem pela nossa mente baseada na opinião de terceiros? Ou seja, o quanto somos reféns dos preconceitos e julgamentos que vivem dentro de nós?

Se reconhecer hipócrita é o primeiro passo para nos tornarmos pessoas melhores e, a partir dela, desenvolver corpo, mente e alma.

Aceitar-se hipócrita nos faz aceitar que esse mundo é assim, imperfeito e dual. Ao aceitar isso, aceitamos melhor a nossa própria natureza humana que é o que somos. Dessa forma, nos distanciamos da autoimagem criada pela mente de perfeição, do ego e da falsa identidade.

E o que isso tem a ver com liberdade, leveza e transformação? Vamos observar alguns exemplos.

No final do ano de 2016, eu havia iniciado o curso Coma Fora da Caixa do Flávio Passos e estava, ao mesmo tempo, lendo o livro A Dieta da Mente. Como o assunto de saúde/nutrição sempre foi algo que me brilhava os olhos, entrei de cabeça no assunto.

Fui fiel ao conteúdo e, acima de tudo, me permiti ser cobaia de mim mesmo e testar tudo aquilo que vinha estudando. O resultado? Nunca me senti tão bem em toda minha vida. Meu físico mudou, meu humor mudou, minha disposição e agilidade mental deram um salto gigantesco. Não só tinha sentido toda essa diferença como também foi comprovado nos exames de sangue. Tudo lindo.

A partir dai, comecei a querer evangelizar outras pessoas, mostrar como aquela era a melhor dieta que todos deveriam fazer e também a rejeitar e evitar encontros e lugares que tivessem comida “não alinhada com o que eu acreditava”. Além disso, me coloquei num lugar superior e julgava as pessoas a todo momento que o assunto alimentação, dieta e saúde era trazido à tona. Ou seja, estava sendo hipócrita.

E ai me percebi entrando em uma armadilha. Eu estava me identificando com aquilo e estava me fundindo com essa ideologia. Em outras palavras, estava me tornando refém daquele ideal, estava me encaixando naquela filosofia.

E qual o problema de se encaixar num esteriótipo?

O problema de se fundir, se encaixar em uma profissão, religião, ativismo ou ideologia é justamente acharmos que somos aquilo. Quando fazemos isso estamos nos limitando e nos fechando para a real beleza do ser humano que é ser livre.

“Encontrar a nossa fragilidade é a nossa maior força. A tristeza e as dores são antídotos para a hipocrisia. Mudar é viver em exercício de humildade. Ter consciência das nossas sombras é ter liberdade de escolha para conduzir os pensamentos e os relacionamentos ao nosso redor.” — Flaira Ferro

Podemos ser engenheiros e fazer um curso de teatro. Podemos ser advogados e fazer curso de gastronomia. Podemos ser qualquer coisa. Somos a expressão única e máxima da consciência no planeta. Não existe ninguém melhor, nesse mundo, em ser nós mesmos do que nós mesmos. Não precisamos nos encaixar em um rótulo/grupo para ser quem somos.

Eu mesmo curso engenharia e amo alimentação saudável mas também curto muito esportes. Não necessariamente um ou outro específico mas atividade física em geral. Da mesma forma, é possível levar esse pensamento pra tudo. Por exemplo, nós podemos não comer carne sem nos rotular como vegetarianos/veganos. Nós também podemos, e devemos, ouvir nosso corpo, com amor, e comer carne, sem culpa, quando o corpo pede.

Para viver a nossa verdade não precisamos nos limitar, basta termos consciência da dualidade que existe no mundo que é imperfeito. Ao aceitar o mundo como ele é, nos aceitamos como nós somos. E, no fim das contas, o que importa é a nossa felicidade.

Portanto, tenhamos consciência para não deixarmos que, ao nos identificarmos com uma ideologia, aquilo passe a incorporar parte de quem somos. Não tentemos nos adaptar a algo com base no medo para ser reconhecido e aceito. Quando fazemos isso, nos afastamos daqueles que mais nos querem bem pois julgamos que o nosso modo é melhor que o do outro.

Para finalizar, fica a recomendação desse excelente TED da Flaira Ferro resumindo, lindamente, o tema desse texto. Logo abaixo, um trecho da letra da música que ela canta no vídeo.

“Sou a maldade em crise
Tendo que reconhecer
As fraquezas de um lado
Que nem todo mundo vê

Fiz em mim uma faxina e
Encontrei no meu umbigo
O meu próprio inimigo
Que adoece na rotina

Eu quero me curar de mim
Quero me curar de mim
Quero me curar de mim (refrão)

O ser humano é esquisito
Armadilha de si mesmo
Fala de amor bonito
E aponta o erro alheio.”

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Gustavo Burger
Prove Educação

Saúde, alimentação e autoconhecimento l @burger.gustavo