Da inconsciência à consciência alimentar

As crenças limitantes e o desafio de superar o medo do novo.

Gustavo Burger
Prove Educação
6 min readFeb 22, 2017

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A cada conversa que tenho com as pessoas e a cada informação ultrapassada e, muitas vezes absurda, que vejo na internet me vem à mente o seguinte pensamento:

Porque é tão difícil receber um novo conhecimento e porque as pessoas tem tanta dificuldade em mudar seus hábitos quando falamos de escolhas alimentares?

A primeira ideia que me vem à mente é que, de fato, hábitos não são fáceis de serem mudados. E por conta disso dou cada vez mais valor a esse tipo de conversa.

Uma pequena pausa aqui.

Para quem quiser entender sobre os hábitos, como eles são formados, como mudá-los, como entender seu mecanismo de funcionamento, os gatilhos mentais e como criar novos hábitos, o livro “O Poder do Hábito” é excelente. Ele explica de forma completa e acessível como podemos transformar hábitos destrutivos em construtivos.

Voltando…

Ninguém pára de roer as unhas da noite para o dia. Ninguém pára de fumar de uma hora para outra e, muito menos, muda toda uma base alimentar porque viu alguém ou algum site falando que tal dieta é melhor para a saúde.

Talvez a pessoa até tente mudar mas dificilmente será duradouro. Assim que o sprint motivacional acabar ela cederá aos velhos hábitos.

E talvez aqui, no exato momento em que escrevo este texto, está uma das várias possíveis respostas: a mudança requer tempo, dedicação e disciplina. É necessário um período para receber essa nova informação, processá-la, extrair significado e, por fim, usar ou não essa nova informação.

Isso vale inclusive para o que eu estou escrevendo para você que está lendo. Pode ser que você não concorde com o que eu digo neste momento ou leve um tempo para você digerir essa ideia e decidir se irá ou não aceitá-la.

No meu outro texto eu comentei sobre os 4 passos que eu acredito (e funcionou para mim) serem fundamentais para conseguirmos mudar qualquer aspecto em nossas vidas.

A base de tudo é sair do desconhecido, da ignorância. A maioria das pessoas sequer relaciona alimentação com saúde e qualidade de vida. São pouquíssimas as que leem rótulos, desvendam os alimentos e questionam os mitos nutricionais, a indústria alimentícia, o senso comum e os interesses de grandes empresas.

A partir do momento que você entende os efeitos e as consequências das escolhas alimentares, você automaticamente se motiva a buscar as melhores opções. Nossa essência está sempre em busca do que nutre a saúde e é melhor para nós.

Além disso, outro fator extremamente importante e difícil de ser rompido são as nossas crenças que nos limitam.

Vamos entender o que é e como as crenças são formadas.

De forma simplificada, uma crença é fruto de um conjunto de extensas redes neurais que, ao longo de vários anos de hábitos destrutivos ou construtivos, se transformam em pensamentos extremamente profundos. Em outras palavras, esses pensamentos arraigados ao longo dos anos se tornam uma crença. Portanto, um sistema de crenças constrói tudo aquilo que entendemos por realidade.

De fato, nós, seres humanos, somos aquilo que pensamos.

Aquilo que pensamos, nós criamos e o que a gente sente, a gente atrai. A boa notícia é que podemos mudar, não só a qualidade daquilo que pensamos, como também o que pensamos.

Ou seja, se alguém acredita na miséria, ela se manterá na miséria. Se uma pessoa acredita que ela precisa comer doces porque não consegue ficar sem, então ela jamais abandonará os doces. Por outro lado, se ela mudar o sistema de crenças, ela poderá mudar tudo em sua vida e viver de forma abundante.

Um exemplo, porque algumas pessoas dizem que o mundo é maravilhoso e outras pessoas dizem que no planeta só há desgraça? Existem dois mundos diferentes? Claro que não. O que muda é apenas a forma como essas pessoas o enxergam baseado em todo o sistema de crenças que lhes foi dado durante toda a vida.

Mas é importante perceber que há uma parte dentro de nós que é autodestrutiva e sabota a nossa própria felicidade. Muitas vezes ignoramos a sensatez e escolhemos caminhos e opções que não são nada construtivos.

E essa parte destrutiva dentro de nós que é responsável pelas seguintes atitudes:

“Vou comer (complete com o que você não consegue largar) só hoje.”

“Vou beber esse refri(ou outra bebida ruim) só hoje porque eu trabalhei muito e eu mereço.”

“Ah, mas esse pouquinho não mata ninguém, não vai me fazer mal.”

“Ah, mas hoje é sexta feira (ou final de semana), não tem problema.”

E é curioso observar como nós selecionamos ou preferimos acreditar em algumas coisas e outras não.

Por exemplo, já é sabido (pelo menos era para ser) que a comunidade científica comprovou que o açúcar é uma droga e é 22x mais viciante que a cocaína.

E ai quando você vai pra balada e ingere alguma substância química/droga (como álcool, Ecstasy, LSD entre outros) “só hoje” isso soa um absurdo. As pessoas assumem que faz mal a saúde. Porém, ao ingerir enormes quantidades de açúcar (principalmente refinados, xarope de milho, açúcar invertido entre outros) em bolos, brigadeiros, sobremesas etc, todo mundo acha normal. E ingerem mesmo sabendo que o açúcar faz mal à saúde.

Parece loucura né? Talvez um pouco exagerado? Não sei dizer mas eu gosto de dar exemplos chocantes porque chama atenção para o fato. Pelo menos nos faz refletir um pouco sobre o assunto.

É importante tomar conhecimento sobre isso que chamamos de sombra ou inconsciência. Todos nós possuímos luz e sombra (consciência e inconsciência), faz parte da existência humana.

Quanto mais estivermos dispostos a perceber aquilo que existe dentro de nós, que joga contra nossa própria felicidade, mais será possível transformar essa realidade. Afinal, a sombra atua no escuro, no inconsciente. Conforme desenvolvemos a capacidade de nos observar, aos poucos, trazemos para a luz, para a consciência aquilo que habita no escuro.

A nossa consciência é justamente aquilo que nos permite perceber com clareza que as estratégias internas de autodestruição e de auto sabotagem não fazem sentido e que podem, portanto, ser abandonadas ou transformadas.

Por fim, procure sempre investigar e trazer para consciência aquilo que pode estar sugando seus esforços em busca da saúde e da felicidade. Além disso, por mais que essa jornada seja individual e de cada um, ela fica muito mais fácil com o suporte de uma comunidade. Procure pessoas que buscam pelo mesmo objetivo que você está buscando. Quando percebemos que não estamos sozinhos, nos fortalecemos e a jornada é, definitivamente, muito mais prazerosa.

“Nunca é cedo ou tarde demais para nos transformarmos no melhor que podemos ser” — George Eliot.

Se você chegou até aqui, agradeço de coração. Muito obrigado por não desistir da leitura e “gastar” esse tempo precioso.

Se de alguma forma você aprendeu algo novo com esse texto, peço que curta para que mais pessoas também possam aprender.

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Obrigado novamente e um forte abraço!

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Gustavo Burger
Prove Educação

Saúde, alimentação e autoconhecimento l @burger.gustavo