W. Kandinsky — O Cavaleiro Azul (1903)

H. C. Donadi — Alterações do pensamento na esquizofrenia: de Vigotski a Poliakov

Subtema: teoria

Bruno Bianchi
Published in
23 min readFeb 5, 2024

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RESUMO

O presente artigo explora as alterações no pensamento na esquizofrenia, destacando a contribuição de influentes autores soviéticos, como Vigotski, Rubinstein, Zeigarnik e Polyakov. Fornecendo orientações teóricas e práticas, o texto visa orientar a atuação do psicólogo em psicoterapia diante desse complexo fenômeno. Ao resgatar as perspectivas desses autores, o artigo oferece concepções pertinentes para uma compreensão mais aprofundada das manifestações do pensamento na esquizofrenia.

INTRODUÇÃO

A psicopatologia do pensamento é uma das áreas mais discutidas da ciência psicológica, passando por diversas maneiras de explicar esse complexo processo. Dentre elas temos a perspectiva da Psicologia Associativa que reduzia o pensamento a um conjunto de associações e concepções que fazem uma cisão entre o intelecto e o pensamento, como Jaspers defendia (Zeigarnik, 1986).

Evidentemente, essas concepções a respeito do pensamento, refletem um determinado posicionamento prático perante as questões de saúde mental e é em nome delas que diversas pessoas foram e continuam até hoje sendo submetidas às mais diversas crueldades, que muitas vezes são intituladas de tratamento.

Um dos processos de sofrimento psíquico, que vem desde o século passado sendo vítima do idealismo e do materialismo vulgar é a esquizofrenia. Já em 1809 por Pinel, intitulada de “idiotia adquirida” (Shirakawa, 1992), até os dias de hoje nos grandes manuais psiquiátricos, como o DSM-V-TR, que limita-se a mera descrição dos sintomas, priorizando uma análise quantitativa em detrimento de uma avaliação qualitativa.

Nesse contexto, de avanço do capital e de todo seu aparato ideológico sobre a saúde mental da classe trabalhadora, se faz necessário resgatarmos perspectivas contra hegemônicas que tragam um novo olhar para essas questões. Logo, a Psicologia Soviética, critica as concepções anteriormente mencionadas e fundamentada no materialismo histórico-dialético, se apresenta como uma força importante para a práxis dos trabalhadores da saúde mental na atual conjuntura.

Diversos psicólogos soviéticos partem de um denominador comum para explicar o pensamento, a Teoria do Reflexo de Lenin, trazendo o cérebro como o órgão do pensamento, ou seja, a consciência pressupõe a existência do cérebro e do mundo material, sendo ela “a faculdade da matéria altamente organizada de reflectir o mundo exterior em imagens conceituais (mentais, ideais)” (Chakhnazárov; Krássine, 1981, p. 42). Dessa forma, o ser humano conhece o mundo através dos órgãos do sentido, que captam as informações do mundo material. Assim, para essa perspectiva o pensamento é um produto social que surgiu historicamente na atividade de trabalho permitindo que a partir da base do conhecimento sensorial, o ser humano possa realizar abstrações, conceitos que possibilitam o conhecimento das propriedades do objeto, cumprindo um papel importante de orientação no mundo e de comunicação, através da linguagem (Chakhnazárov; Krássine, 1981).

Entre os psicólogos soviéticos que formularam sobre as alterações do pensamento na esquizofrenia destaca-se: Vigotski, Rubinstein, Zeigarnik e Polyakov. Evidentemente, o mais conhecido dos citados é Vigotski, com uma série de textos traduzidos e diversos problemas de tradução e deturpação de sua obra. Vigotski é o fundador da Teoria Histórico-Cultural (THC), na época ele tinha o objetivo de construir uma psicologia geral partindo dos fundamentos do marxismo (Prestes, 2010). A THC traz apontamentos teóricos metodológicos importantes para muitos psicólogos que continuaram os trabalhos de Vigotski, dentre eles destaca-se a lei geral do desenvolvimento cultural, criada por Janet e apropriada por Vigotski a partir do marxismo, propondo que o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, ocorre do interpsicológico para o intrapsicológico; outro apontamento crucial é a ênfase no estudo de processos e não objetos parados e na explicação não na mera descrição (Vigotski, 2007).

Já Rubinstein, desenvolveu nos anos 20 na Rússia as bases da teoria da atividade, sendo um dos criadores dessa teoria na União Soviética, criando a sua teoria da atividade, a teoria sujeito-atividade. Pensando a questão da atividade psíquica como atividade reflexa, iniciada na ação que a matéria exerce sobre o sujeito, evidenciando a superação da dicotomia entre imagem e coisa, proporcionada pela teoria do reflexo (Araujo, 2013). Rubinstein também formulou o princípio do determinismo apontando que as causas exteriores atuam por meio de condições internas, tal formulação foi fundamental para os estudos sobre sofrimento psíquico na Rússia Soviética (Zeigarnik, 1986).

Na União Soviética, surge a partir das elaborações da Zeigarnik um novo campo da psicologia, a Patopsicologia, focada nos estudos dos processos de desagregação e desorganização da atividade psíquica, pesquisando as leis da desintegração do psiquismo. Tal disciplina atua através de categorias psicológicas, como atividade, personalidade, motivos, e é fundamentada no materialismo histórico dialético, superando concepções tradicionais (Zeigarnik, 1986). Consequentemente, a Patopsicologia Soviética desenvolveu importantes estudos que contribuíram para compreensão das gênese social dos processos de sofrimento psíquico.

Um dos continuadores dos estudos da Zeigarnik é o psicólogo Yuri Fedorovich Polyakov, que dedicou sua vida ao estudo da Patopsicologia da esquizofrenia e encontrou importantes achados por meio dos experimentos patopsicológicos (Polyakov, 1974). Infelizmente, não temos nenhum texto escrito pelo Polyakov traduzido para o portugues ou espanhol, o que dificulta a disseminação de suas formulações no Brasil.

Desse modo, esse artigo tem o objetivo de apresentar as perspectivas dos autores soviéticos, Vigotski, Rubinstein, Zeigarnik e Polyakov, sobre alterações no pensamento na esquizofrenia e formular apontamentos sobre o manejo e investigação da esquizofrenia na psicoterapia de orientação Histórico-Cultural.

METODOLOGIA

A metodologia adotada neste artigo envolveu uma revisão de literatura, com foco nas contribuições dos renomados psicólogos soviéticos: Vigotski, Rubinstein, Zeigarnik e Polyakov. A pesquisa foi conduzida por meio de análise crítica de textos, artigos e trabalhos originais desses autores, abordando especificamente as suas formulações sobre as alterações no pensamento na esquizofrenia. A seleção de fontes foi realizada com base na relevância para o tema em questão, privilegiando contribuições significativas no contexto da Psicologia Soviética. A análise crítica dos textos visa aprofundar a compreensão das teorias propostas por esses autores e seu potencial impacto na prática clínica, contribuindo assim para a construção de orientações teórico-práticas no campo da psicoterapia de abordagem Histórico-Cultural.

ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO NA ESQUIZOFRENIA — EM VIGOTSKI

Para Vigotski o pensamento passa por alguns estágios de desenvolvimento, até chegar em sua forma superior, o pensamento por conceito. O primeiro é o pensamento sincrético, na qual a pessoa agrupa uma série de objetos sem semelhança interna e sem relação entre as partes que compõem o objeto ,o vínculo é subjetivo, o que reflete os laços objetivos, já que coincide o vínculo entre as impressões e percepções da criança (Vigotski, 2009).

O segundo estágio é o pensamento por complexos, na qual objetos são unificados em um grupo comum. São vínculos factuais que se apresentam de maneira imediata. O pensamento por complexo é dividido em cinco fases: associativa, coleções, complexo em cadeia, complexo difuso, pseudoconceito (Vigotski, 2009). Realizamos uma tabela para melhor entendimento dessas fases:

O terceiro e último estágio é o pensamento por conceitos, desenvolvido na adolescência, é marcado pela abstração. Nesse estágio, as associações não são mecânicas e concretas, no conceito existe um princípio abstrato geral que forma a associação conceitual. O pensamento por conceito proporciona o conhecimento dos nexos da realidade, as leis do mundo e com isso a autoconsciência e a auto regulação consciente do comportamento (Vigotski, 2009).

Vigotski escreveu dois textos centrais sobre alterações do pensamento na esquizofrenia, o primeiro “O pensamento na esquizofrenia” escrito em 1931 e posterior a esse em 1933 ele escreve o “Psicologia da esquizofrenia”. Começaremos a exposição pelo primeiro texto.

No “o pensamento na esquizofrenia”, Vigotski começa falando que na idade de transição (adolescência) o pensamento se desenvolve de complexos para pensamento por conceito, o que determina a estrutura da personalidade e a autoconsciência. Inversamente a isso, Vigotski observa que na esquizofrenia acontece o inverso, ou seja, uma desintegração no pensamento por conceitos, levando a pessoa de volta ao pensamento por complexos. Se caracterizando assim como um pensamento regressivo (Vigotski, 2020a).

As observações de Vigotski revelaram que as palavras de pessoas com esquizofrenia coincide com a de outras pessoas em sua relação com os objetos, mas não em seus significados, pois a pessoa que pensa por complexos pensa de maneira diferente da pessoa que tem o pensamento por conceito desenvolvido. Agrupa e combina os objetos de maneira totalmente diferente (Vigotski, 2020a).

Além disso, o autor traz que o pensamento por complexos não é um produto da esquizofrenia, mas começa a atuar de forma independente a partir de suas próprias leis quando a personalidade do sujeito é perturbada. Como resultado disso os significados das palavras tornam-se patologicamente alterados, contudo muitas vezes isso pode não estar aparente, pois o “paciente retém sua capacidade para a comunicação verbal, ainda que as palavras não tenham o mesmo significado para ele que tem para nós” (Vigotski, 2020a, p. 12).

O psicólogo sovietico também encontrou em pessoas com esquizofrenia a dificuldade na compreensão de palavras usadas no sentido figurativo, mesmo em pessoas que não havia distúrbios do intelecto (Vigotski, 2020a).

Para o autor os sintomas secundários estariam em relação causal direta com o núcleo central da esquizofrenia, a desintegração do pensamento por conceitos. Um dos exemplos abordados no texto são os danos na percepção e respostas afetivas, como consequência do distúrbio na formação de conceitos. Os objetos perdem suas características perceptuais comuns, já que a conexão dessa função psicológica superior com os conceitos é perdida. O mesmo pode-se afirmar para as respostas afetivas, as expressões emocionais separam-se dos conceitos que estão associados (Vigotski, 2020b).

No escrito de 1933, “Psicologia da esquizofrenia” o autor traz colocações importantes sobre a consciência e a personalidade. Revelando que o estudo da esquizofrenia pode iluminar a compreensão da estrutura normal da consciência. Nesse sentido, Vigotski formula que os sintomas da esquizofrenia tem seus contra sintomas, que refletem o mesmo fenômeno do sintoma só que negativamente. Ele cita como exemplo a alteração na afetividade, uma frieza emocional e em paralelo a isso importantes aspectos afetivos no pensamento do esquizofrênico (Vigotski, 2020b). Para o psicólogo sovietico o contra sintoma teria relação com o “colapso dos significados das palavras e de toda estrutura sistêmica e semântica da consciência” (Vigotski, 2020b, p. 8).

A tese de que a esquizofrenia tem como seu núcleo central a desintegração do pensamento por conceitos foi superada pelos contemporâneos de Vigotski (Zeigarnik, 1986). Porém, o autor traz importantes contribuições para a Patopsicologia e suas investigações, uma vez que propõe que a personalidade enfrenta ativamente o processo de desintegração e que tal processo segue leis psicológicas (Vigotski, 2020a/b).

ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO NA ESQUIZOFRENIA — EM RUBINSTEIN

Para Rubinstein o conhecimento da realidade perpassa das sensações ao pensamento, conseguindo ultrapassar o imediato. O pensamento além de aprofundar o conhecimento da realidade, consegue ir além dos próprios limites do real. Desse modo, os dados senso perceptivos são confrontados, comparados e diferenciados pelo pensamento, descobrindo qualidades abstratas dos objetos (Rubinstein, 1973).

Assim, o “pensamento é conhecimento mediado e generalizado da realidade objetiva” (Rubinstein, 1973, p.129). Rubinstein traz o conceito de pensamento teórico como uma transição “do fenômeno à essência e da essência ao fenômeno” ( Rubinstein, 1973, p. 131). Sendo os conceitos o conteúdo do pensamento (Rubinstein, 1973). Na nossa concepção o conceito de pensamento teórico em Rubinstein se aproxima ao de pensamento por conceitos em Vigotski.

Além disso, Rubinstein (1973, p. 140) entende o pensamento enquanto um processo mental:

“Todo o processo mental é, pela sua estrutura, um acto orientado para a solução de uma determinada tarefa ou de um determinado problema. Este problema atribui uma finalidade à atividade mental do indivíduo, a qual está vinculada às condições em que o problema se apresenta. Todo o acto mental de um Indivíduo é derivado de um motivo qualquer. O factor inicial do processo mental é, em regra, a situação Mental problemática. O homem começa a pensar ao sentir a necessidade de compreender. O pensar começa normalmente com um problema ou com uma questão, com algo que despertou a admiração ou a confusão ou ainda com uma contradição. Todas estas situações problemáticas levam a Iniciar um processo mental e este está sempre orientado para a solução de qualquer problema.”

Nesse sentido, Rubinstein traz algumas operações do pensamento. Entre elas estão a comparação, a análise, a abstração, a síntese e a generalização, o pensamento é mediado por esses processos. Para explicação didática dessas operações elaboramos uma tabela:

Feito essa breve introdução sobre a concepção do pensamento em Rubinstein, podemos ir para a questão das alterações do pensamento de acordo com o autor. Na esquizofrenia, segundo o psicólogo sovietico, uma das perturbações do pensamento pode ser por uma influência de uma emotividade patologicamente intensa, ou seja, uma resistência emocional em luta com a realidade objetiva. Sendo possível notar atitudes subjetivas demonstrando uma resistência subjetiva em relação às atitudes objetivas, como, a ausência de palavras comuns e modificações inusuais (Rubinstein, 1973).

Outro tipo de alteração do pensamento que o autor traz é a ideia fixa e a ideia sobrevalorizada, a primeira se caracteriza por uma tendência afetiva que coloca em contradição o pensamento da pessoa com os fatos objetivos, contudo muitas vezes o sujeito ainda consegue identificar a anormalidade da ideia fixa e experienciam como uma força estranha, queixando-se de ideias fixas. Já a ideia sobrevalorizada é uma ideia que tem uma forte matriz afetiva alçando uma hegemonia em relação às outras ideias, estando vinculada a um sentimento muito forte. Assim, o pensamento acaba tendo uma orientação unilateral concentrando-se somente nessa ideia (Rubinstein, 1973).

Rubinstein traz também que uma ideia fixa pode passar por mudanças qualitativas, perturbando o desenvolvimento da atividade mental e alterando a estrutura da operação mental. Chegando a um ponto que elimina-se qualquer necessidade de comprovação para refutar a ideia que não condiz com a realidade (Rubinstein, 1973).

Embora, Rubinstein não fale especificamente em delírio, na qual se compreende atualmente como um dos sintomas bastante presente em casos de esquizofrenia, acreditamos que as elaborações apresentadas ajudam a pensar a formação do delírio. Tal formação em nossa concepção se daria por mudanças qualitativas nas ideias, uma ideia fixa transforma-se em uma ideia sobrevalorizada, representando uma vitória da tendência afetiva do pensamento sobre os fatos objetivos e com isso a formação do delírio, reverberando de certa forma em uma cisão da unidade cognitiva-afetiva da consciência.

Em alguns casos de esquizofrenia, Rubinstein traz que pode acontecer uma decadência da generalização, se apresentando como uma incapacidade de ir além dos limites do imediato, muitos não conseguindo compreender metáforas, anedotas, ditados:

A compreensão de um significado transmitido requer a generalização. Implica a relação de uma situação com outra; ambas as situações diferem entre si pelas suas características externas e assemelham-se pelas suas relações internas. Para compreendê-las, é necessário destacar o essencial, assim como a generalização. Por isso, a dificultosa distinção de nexos essenciais e o transtorno das funções de generalização reduzem consideravelmente a compreensão de qualquer metáfora gráfica. (Rubinstein, 1973, p. 193)

ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO NA ESQUIZOFRENIA — EM ZEIGARNIK

Zeigarnik compreende o pensamento como generalização e mediação do reflexo psíquico da realidade. Além de entender o pensamento como uma forma de atividade humana, sendo assim, engendrada na prática, quando a pessoa tem que resolver uma determinada tarefa (Golder, 1986).

Para o estudo das alterações do pensamento Zeigarnik desenvolveu uma série de métodos experimentais. Partindo da perspectiva de que o pensamento não é uma função inata e sim uma atividade humana, dessa forma, as alterações do pensamento são investigadas enquanto alterações da atividade, visando no experimento refletir as operações mentais do sujeito e identificar as características qualitativas do pensamento (Zeigarnik, 1965). Como pontua Zeigarnik (1979, p. 29–30, tradução nossa):

Deve ser dirigido à análise qualitativa das distintas formas de dissolução do psiquismo, à descoberta dos mecanismos de alteração da atividade. Se trata-se das alterações dos processos cognoscitivos, então os procedimentos experimentais devem mostrar como se dissolvem umas e outras operações mentais do enfermo que se formaram no processo de sua vida prática; como muda o processo de aquisição de novos nexos, e de que forma se distorce a possibilidade de uso do sistema de velhos nexos formados na experiência anterior. Partindo de que qualquer processo psíquico goza de uma conhecida dinâmica e direção, deve-se construir a investigação experimental de tal maneira que reflita a alteração destes índices. Desta forma, os resultados do experimento deverão dar não apenas a característica quantitativa, mas, também, qualitativa da dissolução do psiquismo.

Dentre os principais experimentos patopsicológicos para investigação do pensamento usado pela Zeigarnik estão: classificação de objetos, exclusão do objeto inadequado, método dos pictogramas, memorização indireta ou auxiliada, compreensão do sentido figurado, estabelecimento da sequência de eventos, variante do método associativo. Produzimos uma tabela para melhor entendimento dos experimentos:

A partir de uma série de experimentos com pacientes com esquizofrenia, Zeigarnik concluiu que uma das alterações mais comuns do lado operacional do pensamento em pacientes com esquizofrenia é a distorção do processo de generalização. Nessas distorções o conteúdo objetivo dos fenômenos é deixado de lado, orientando seu pensamento por características muito gerais, inadequadas e irrelevantes dos objetos (Zeigarnik, 1986).

Em um dos experimentos realizados por Zeigarnik de classificação de objetos, um paciente com esquizofrenia formou um grupo com uma panela e um armário, justificando que os dois objetos têm um buraco. Classificando esses objetos em um sinal externo e insignificante, um buraco. Não levando em consideração as verdadeiras diferenças e semelhanças entre os objetos, ou seja, não servem como verificação e controle de sua atividade e julgamentos. Dessa forma, o pensamento não reflete o conteúdo específico dos objetos (Zeigarnik, 1986).

Assim, a partir de seus estudos experimentais Zeigarnik chega a conclusões diferentes de Vigotski. Discordando de que a principal alteração do pensamento na esquizofrenia seria a desintegração do pensamento por conceitos, já que os seus estudos comprovaram que na verdade o que acontece não é uma desintegração e sim uma distorção em uma das operações do pensamento, a generalização, tendo seu pensamento dominado por conexões inadequadas. Contudo, Zeigarnik pontua que em alguns casos de esquizofrenia pode acontecer a desintegração do pensamento por conceitos, porém isso é a exceção (Zeigarnik, 1986).

Vale ressaltar, que a distorção da generalização gera um número exagerado de associações inadequadas, que refletem apenas conexões muito gerais entre os objetos. Encontra-se um desejo de submeter fenômenos não muito importantes a um determinado conceito, assim, nos experimentos foi observado a perda de foco no conteúdo objetivo da tarefa, cumprindo a atividade se baseando em atitudes inadequadas (Zeigarnik, 1986).

A distorção do nível de generalização, também representa uma violação na esfera motivacional do pensamento. Uma vez que as conexões inadequadas são atualizadas com grande frequência em pacientes com esquizofrenia. Na distorção da generalização, a estabilidade do significado objetivo dos fenômenos é perdida. Posto isso, Zeigarnik afirma que a unidade entre o significado de um objeto e sua relação semântica com ele é rompida em razão das alterações na esfera de motivos e atitudes (Zeigarnik, 1986).

Uma das formas de alteração no componente motivacional do pensamento é expressa em uma alteração do pensamento que Zeigarnik e seus colaboradores intitularam de diversidade do pensamento. Nessa alteração, também presente em pacientes com esquizofrenia, o julgamento da pessoa em relação a um fenômeno, objeto, situação, acontece em diferentes planos. Resultando na não realização da tarefa experimental na direção solicitada. Tal alteração foi observada por exemplo na tarefa de classificação de objetos, na qual os pacientes agrupavam os objetos baseados em uma diversidade de propriedades, nas propriedades dos próprios objetos, nas propriedades muito gerais, com base em gostos pessoais. Expressando assim a diversidade do pensamento, perdendo o foco no conteúdo objetivo da ação (Zeigarnik, 1986).

Zeigarnik também observou em pacientes com esquizofrenia uma forma de distúrbio na dinâmica da atividade cognitiva, a alteração da auto-regulação do pensamento. A auto-regulação pode ter dois objetivos: mover recursos internos para solucionar uma tarefa importante ou livrar-se de um cenário conflituoso. Exercendo no primeiro caso uma função mobilizadora e no segundo caso uma função protetora. Em pacientes com esquizofrenia Zeigarnik, explica que acontece um processo de enfraquecimento da auto-regulação, uma vez que as funções mobilizadoras são violadas e a função de protetora é preservada relativamente e ativada. Os pacientes não conseguem perceber a inadequação de suas ações, não conseguem estruturar as ações mentais para a resolução de uma nova tarefa. E devido a ativação da função protetora, quando se deparam com uma nova tarefa difícil muitas vezes, ativam comportamentos defensivos, desistem de resolvê-la, saem da situação. Toda essa violação na auto-regulação do pensamento acaba resultando em uma afetação na produtividade da atividade mental (Zeigarnik, 1986).

Acreditamos que tal alteração na auto-regulação do pensamento, que está intrinsecamente ligado à esfera motivacional da atividade pode contribuir com a explicação dos sintomas negativos na esquizofrenia. A ativação da função protetora da auto-regulação do pensamento, acaba gerando uma improdutividade na pessoa. O que só aumenta com a violação da função mobilizadora. Dessa maneira, a motivação dos objetivos da atividade é reduzida, a formação de metas é comprometida.

Vale ressaltar, que Zeigarnik alerta que tais alterações não podem ser compreendidas de forma linear e unilateral, deve-se colocar em interação tais elaborações com a prática clínica. Para assim, a patopsicologia contribui adequadamente ao trabalho terapêutico (Golder, 1986).

ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO NA ESQUIZOFRENIA — EM POLYAKOV

Polyakov, como já mencionado anteriormente, foi um dos principais continuadores da Zeigarnik, tendo dedicado boa parte de sua trajetória ao estudo da esquizofrenia, a partir de uma orientação vigotskiana, não focando na mera diferenças quantitativas no pensamento e sim no direcionamento para a pesquisa da perturbação da estrutura da atividade cognitiva (Polyakov, 1974).

Em seus estudos experimentais sobre alteração do pensamento em pacientes com esquizofrenia, Polyakov conclui que há uma perturbação na ativação do conhecimento baseado em experiências passadas. Uma diferença nos experimentos do Polyakov em pacientes com esquizofrenia era que o experimentador era neutro, apenas dando algumas instruções, não podendo oferecer ajuda ou direcionar a tarefa (Polyakov, 1974).

No seu livro de 1974, “Patologia da atividade cognitiva na esquizofrenia”, Polyakov apresenta sua pesquisa que abrangeu o estudo de diferentes tipos de atividade mental. Ao estudar alterações do pensamento na esquizofrenia destacam-se três tipos de tarefas com problemas diferentes, as que exigem a ativação do conhecimento baseado na experiência passada; os experimentos que para sua resolução a ativação do conhecimento não é determinada pela experiência passada e sim por outros fatores e os experimentos que exigem a descoberta de uma solução não muito comum (Polyakov, 1974).

Assim, evidencia-se três processos pesquisados no experimento: os processos de comparação, os processos de classificação e os processos de resolução de problemas complexos. Vale ressaltar, que durantes seus experimentos foi realizada uma comparação quantitativa entre grupos de pessoas sem esquizofrenia e de pessoas com esquizofrenia, por exemplo realizou-se uma padronização das propriedades consideradas padrões (atributos na qual a frequência ultrapassava a média) usadas no experimento de comparação (Polyakov, 1974).

Ao estudar os processos de comparação em pessoas com esquizofrenia, Polyakov conclui que os indivíduos com esquizofrenia ao compararem objetos, realizam uma variedade maior de generalizações do que pessoas sem esquizofrenia. Além de terem mais facilidades de comparar objetos heterogêneos em comparação a pessoas sem esquizofrenia. As generalizações muitas vezes pareciam inadequadas, porém não eram generalizações não verdadeiras e eram realizadas com base nas instruções da tarefa experimental. Dessa forma, conclui-se que tais características têm relação com as mudanças nas propriedades que foram usadas para comparar os objetos, são atualizadas propriedades com pouca relevância na utilização de determinado objeto. Em pessoas sem esquizofrenia acontecia o contrário, as propriedades eram atualizadas de acordo com sua importância. Quando os experimentos não exigiam a ativação do conhecimento baseado na experiência passada, não foi encontrado diferença de resultado entre os dois grupos estudados (Polyakov, 1974).

Já no estudo dos processos de classificação, averiguou-se que as pessoas com esquizofrenia ao classificar os objetos consideravam uma quantidade maior de propriedades e características pouco importantes em comparação às pessoas sem esquizofrenia. Nos experimentos em que a extração de características, para classificar, era determinado pela situação problema e não pela experiência passada, não foi revelado grandes diferenças entre os dois grupos comparados (Polyakov, 1974).

Na investigação sobre os processos de resolução de problemas complexos, observou-se que pessoas com esquizofrenia tiveram vantagens quando a resolução do problema exigia a atualização de propriedades ocultas ou não imediatamente evidentes da situação ou objeto, ou seja, quando a dificuldade do problema estava relacionada à necessidade de atualizar propriedades influenciadas pela experiência passada, as pessoas com esquizofrenia apresentaram maior facilidade nesses experimentos em comparação a pessoas sem esquizofrenia. Contudo, em problemas provocativos (situações que induzem os indivíduos a considerarem elementos não essenciais para a solução, dificultando a identificação das propriedades e relações necessárias para resolver o problema de maneira eficaz) os dois grupos enfrentam desafios parecidos na superação de condições enganosas (Polyakov, 1974).

Com os estudos experimentais, observando as diferenças dos resultados dos dois grupos. Polyakov concluiu que tal diferença é explicada pelo fato de ocorrer nas pessoas com esquizofrenia uma deterioração na seletividade da atualização do conhecimento, estando conectada com a expansão do espectro de informações recuperadas da memória, inserindo propriedades ocultas e pouco significativas, porém presentes no objeto. Recuperando mais propriedades ocultas e inadequadas em relação à experiência passada, do que pessoas sem esquizofrenia (Polyakov, 1974).

Vale ressaltar que tais generalizações não são agrupamentos complexos, são criadas partindo de propriedades que existem nos objetos, porém ocultas, pouco significantes, incomuns, inadequadas. Representando não uma alteração na capacidade de abstrair e sim uma modificação nas propriedades que são abstraídas (Polyakov, 1974).

Os estudos de Polyakov superaram cientificamente as ideias que consideram a pessoa com esquizofrenia mais concreta e com menos capacidade de abstrair em relação a pessoas sem esquizofrenia. Confirmando assim os resultados anteriores de Zeigarnik. Polyakov também supera a concepção vigotskiana sobre a esquizofrenia, ao concluir que a alteração do pensamento nesses casos não se trata de uma desintegração dos conceitos e sim uma perturbação de uma das operações com conceitos já formados e estabelecidos na experiência passada (Polyakov, 1974).

Além disso, Polyakov faz apontamentos importantes para avaliação psicológica do pensamento na esquizofrenia, mostrando que as tarefas mais eficazes para detectar alterações do pensamento nesses casos são experimentos com orientações vagas, na qual a pessoa não receba informações suficientes para escolher o princípio de resolução. Assim, tarefas com possibilidades de soluções múltiplas apresentam eficiência (classificação de objetos, exclusão do objeto inadequado, método dos pictogramas, comparação de objetos e fenômenos). Ademais, o autor adverte que nesse processo de avaliação deve ser considerado que as características específicas do pensamento de pessoas com esquizofrenia são mais evidenciadas quando há na tarefa a necessidade de estabelecer conexões e relações entre objetos diversos, heterogêneos (Polyakov, 1974).

Dessa maneira, os resultados de Polyakov apontam para uma mudança peculiar na estrutura da atividade mental e consequentemente no fluxo dos processos mentais. O que explica a ineficácia de diversos estudos psicométricos, já que não se trata de uma diminuição quantitativa na função do pensamento mas sim uma alteração na estrutura da atividade mental (Polyakov, 1974).

PSICOTERAPIA E ESQUIZOFRENIA

Sem dúvidas a parte mais difícil desse trabalho foi pensar a psicoterapia numa perspectiva fundamentada no materialismo histórico dialético em pessoas com esquizofrenia. Na falta de produções sobre o tema traduzimos textos contemporâneos de Patopsicologia, pesquisamos abordagens psicoterapêuticas elaboradas na União Soviética, fomos atrás de pesquisas que tratem da reabilitação de pessoas com esquizofrenia. Tudo no intuito de apresentar um direcionamento para o tratamento de pessoas com esquizofrenia em psicoterapia. Voltamos para o século passado para tentar encontrar em meio a milhares de artigos e livros em cirilico uma resposta, não a encontramos!

Depois dessa longa pesquisa assumimos que a resposta de tudo não está em Vigotski, Zeigarnik ou outros autores soviéticos. Eles são seres humanos de seu tempo histórico, que contribuíram com a ciência dentro das limitações de sua época. É tarefa nossa hoje, continuar uma ciência fundamentada no marxismo e avançar em suas elaborações, ou seja, ir além dos pensadores soviéticos! Optamos pelo ato de criação ou como Rubinstein (1963, p. 253) falaria “o da investigação criadora”, não ignorando o passado, se fundamenta nas elaborações passadas, que foram apresentadas nesse artigo, tentando superá-las e mirando no futuro. Portanto, formulamos algumas breves orientações para a práxis do psicoterapeuta em casos de pessoas com esquizofrenia.

a) Mediação dos motivos

Muitas pessoas que passam por um surto psicótico não sabem o motivo de seu adoecimento ou pensam em motivos distorcidos da realidade . Acreditamos que isso pode acontecer devido à própria alteração no pensamento. No próprio processo de desintegração ou desorganização do sistema psicológico, os motivos do adoecimento se perdem. Um exemplo, a pessoa acredita que o motivo de seu adoecimento é um castigo divino devido a ter feito algo que ele próprio ver hoje como moralmente errado. Percebe-se que tal motivo, é uma generalização distorcida, que deixa de lado o conteúdo objetivo da realidade.

Um indivíduo que depois de uma vivência traumática entrou em surto psicótico e mesmo após sair do surto não consegue ter consciência dos motivos de seu adoecimento, nesse caso o terapeuta iria mediar os motivos do adoecimento da pessoa para a consciência, isso perpassa por um processo do sujeito se apropriar de sua própria história de vida. À medida que a pessoa atendida se apropria de sua história ela passa a se envolver ativamente no processo terapêutico e isso é fundamental para a eficácia da terapia. Além de poder contribuir no processo de autorregulação consciente de sua atividade.

b) Compreendendo o pensamento

É fundamental para o processo de reabilitação compreender como o pensamento da pessoa com esquizofrenia está alterado. Se houve uma desintegração do pensamento por conceito ou uma distorção do processo de generalização? Como a atividade cognitiva da pessoa se expressa? Quais operações do pensamento estão alteradas? Qual o elo peculiar da estrutura da atividade cognitiva está alterado? São perguntas que vão ser respondidas na clínica a partir da análise qualitativa da atividade cognitiva da pessoa a partir das atividades patopsicológicas (classificação de objetos, exclusão do objeto inadequado, entre outros, descritos no presente artigo) realizados na psicoterapia.

As orientações do Polyakov, apresentadas anteriormente, podem ser úteis para usarmos as diversas tarefas experimentais na clinica. Ele orienta que sejam realizadas em pessoas com esquizofrenia tarefas com possibilidades de soluções mutiplas apresentam mais eficiência (Polyakov, 1974).

c) Compensação e reabilitação

Além de identificar o que está alterado é fundamental descobrir os recursos psicológicos preservados (recursos emocionais e motivacionais, habilidades profissionais, habilidades e interesses, potencial intelectual) da pessoa atendida. Tais recursos serão a base do processo compensatório de reabilitação.

Quando falamos de pessoas atendidas com esquizofrenia, temos que ter em mente que a maioria dos casos se caracteriza pela persistência dos sintomas negativos, uma vez que os sintomas positivos são interrompidos pelos antipsicóticos. Então, é necessário o psicoterapeuta encontrar em meio a alteração da esfera motivacional o que ainda mobiliza o sujeito para a atividade. Trata-se de um trabalho de formação da motivação voluntária para a atividade, mobilizando os esforços da pessoa para superar suas limitações.

d) Unidade de análise para as alterações do pensamento

Para estudar algum fenômeno e suas múltiplas determinações é importante encontrar uma unidade de análise apropriada, não decompondo o objeto em partes e acabar caindo num reducionismo. Vigotski ao falar da consciência apresenta o significado da palavra como sua unidade de análise, da relação entre pensamento e linguagem (Vigotski, 2009).

Observamos em nosso objeto de estudo, uma relação indissociável, inseparável, sua molécula. Uma das formas de alteração do pensamento é a desintegração do pensamento por conceitos, resultando em associações mecânicas e concretas, alterando diversas operações do pensamento. Evidentemente todas essas alterações transformam também o próprio conteúdo do pensamento, no caso da desintegração do pensamento por conceito as respostas afetivas e emocionais separam-se dos conceitos que estão associados, além disso, o pensamento tem um papel determinante na estrutura da personalidade.

Vejamos outro exemplo de alteração no pensamento, acontece uma redução na seletividade da atividade cognitiva com base na experiência passada, logo, as propriedades dos objetos que são mais atualizadas são propriedades latentes, pouco significativas na prática social. Quando a pessoa vai generalizar algo, generaliza características inadequadas ao objeto. Seria muito equivocado dizer que tais alterações não se manifestam no próprio conteúdo do pensamento, sua esfera afetivo-volitiva, a maneira como a pessoa significa o mundo, suas vivências e atividades.

Tal relação entre forma e conteúdo das alterações do pensamento é um relacionamento indissolúvel toda alteração na forma muda o conteúdo, assim como o conteúdo pode mudar a forma. Se analisarmos só a forma sem olhar o conteúdo, caímos em um reducionismo. Dessa maneira, a configuração sintomática, que é a relação entre conteúdo e forma, é a unidade de análise das alterações do pensamento.

Acreditamos que tal unidade pode ser útil para melhor compreensão das alterações do pensamento na esquizofrenia em psicoterapia e para futuros estudos na área.

REFERÊNCIAS

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Prestes, Zoia. Quando não é quase a mesma coisa: análise e traduções de Lev Semionovich Vigotski no Brasil. Repercussões no campo educacional. Brasília, 2010. Tese de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília/UnB.

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Bruno Bianchi
Psicologia MHD

Pai. Psicólogo e especialista em gestão pública. Tradutor e militante do PCB