Fevereiro 2023 — A vida que queremos viver
Os Fevereiros pra essa década têm sido momentos de levantar questões muito emocionalmente complexas e que mexeram a nossa vida inteira nos últimos três anos (entre Fev2020 e o ano todo de 2022).
Tocamos nas relações em que entregamos afeto, investimento, sentimento, trabalho e atenção demais e que estavam nos consumindo e isso foi desmontado durante o ano passado inteiro. Quando chegamos em Janeiro de 2023 os valores nos convidaram a olhar pra tudo que não somos, não temos, não podemos e esses sentimentos de incompetência, falência ou incapacidade.
Quando queremos, desejamos algo que é muito profundamente ligado à nossa Verdadeira Vontade e isso nos é negado a busca por nós mesmos parece interrompida — e essa é a premissa do mês que se abre agora.
A vida que queremos levar, a pessoa que queremos nos tornar se realiza a partir de escolhas constantes do nosso dia a dia, das relações que alimentamos, do trabalho que fazemos, da rotina que cultivamos que nos leva à realização da realidade que ambicionamos.
O conflito que Janeiro trouxe foi exatamente na impossibilidade de acessar essas escolhas. E quando optamos por algo incompatível com a Vontade ou somos impedido de acessá-la por qualquer motivo parece que nos é arrancado algo de essencialmente nosso, do Eu. E é nesse conflito que vamos trabalhar agora.
Fevereiro de 2023 está muito tranquilo
Porém depende!
Depois das (vamos chamar simplesmente de) Faltas que Janeiro levantou, depois de 2022 implodir as dinâmicas de como e quanto entregávamos valor nas nossas relações e contratos, Fevereiro quer que a gente arrume a nossa casa, a nossa rotina e espaço pra corresponder com essa realidade que queremos criar.
É um período de fortalecimento das relações mais íntimas e profundas, dos encontros de alma, da fé e do sentimento de pertencimento
E nesse pertencimento nos percebemos na entrega de nós mesmos a algo, alguém, algum lugar que nos percebe e compreende pra além do que é preciso ser explicado. Esse mês nos coloca em profunda entrega.
É aí que a tranquilidade de Fevereiro se torna relativa:
Estamos realmente abertos, dispostos, com a coragem necessária pra nos entregarmos completamente à nossa própria identidade? A nossa situação ideal e a nossa Verdadeira Vontade está clara? Estamos servindo ao nosso próprio dharma ou servindo ao Dharma dos outros?
श्रेयान्स्वधर्मो विगुण: परधर्मात्स्वनुष्ठितात् |
स्वधर्मे निधनं श्रेय: परधर्मो भयावह: ||3.35||Melhor seu próprio dharma executado sem qualidade do que viver o dharma do outro à perfeição. É melhor a morte no próprio dharma pois o dharma do outro é perigo.
Fevereiro é mês de guia 9
Tudo que estamos fazendo em mês 9 é transformador.
Claro, o momento do 9 é sempre momento final de modificação e finalização dos assuntos que tocamos. O que é feito sob o 9 tem sempre qualidade de conclusão de uma fase e isso é invariável.
Mas aqui eu quero chamar atenção pra qualidade de entrega total e completa que o 9 representa: valor do Todo, da dissolução no outro, na divindade e no Universo, o 9 trata do pertencimento ao nosso espaço, sentir-se parte de algo maior que nós mesmos e nos permitir transformar na integração com isso.
São as nossas ambições, o que pensamos que é potencialmente possível, nossas ideologias e o que sonhamos para o nosso coletivo.
É um momento transformador porque estaremos nos fundindo ao que sentimos pertencer e sonhando em nos tornar nossos maiores potenciais.
Mas aqui Fevereiro tem um foco muito específico: quem é que nos vê de verdade e está presente para as manutenções mais chatas e difíceis da nossa saúde mental e emocional? Quem é que está de fato disposto a ver a nossa transformação e abraçar essa novidade? Quem é que nos protege, nos patrocina, se relaciona conosco nos nossos termos e necessidades?
Isso vai vir e isso vai ficar muito claro e isso vai aparecer porque estaremos ocupados preenchendo os espaços de Falta que Janeiro apontou! E quem não preenche… Bem, nem todo mundo vai participar da novidade, né.
Fevereiro ainda é um momento de emocional fragilizado
E isso vai ser levantado em alguns momentos de gatilho entre os ciclos do 8 e do 9 (dias 8, 9, 18, 19, 28 e 29 — são bastantes)
Tudo que passamos nesses últimos tempos deixou feridas que ainda precisam ser lambidas e aqui não adianta lamber a sua própria, a questão é exatamente essa.
Tudo aquilo que nos contém, que nos protege, nos nutre e nos recebe estará em cheque caso não esteja cuidando das nossas feridas e abrindo espaço pra essa realidade nova que estamos criando. Caso não esteja oferecendo as oportunidades que precisamos.
Onde vivemos, o imóvel, o endereço, os vizinhos, a cidade, as pessoas com quem convivemos, moramos e recebemos nos espaços que frequentamos mais:
O nosso lugar está sob escrutínio nas possibilidades e identidades que oferece
Estaremos vendo o quanto a nossa casa, espaço de trabalho, templo, etec que frequentamos não está bem alinhado com quem estamos nos tornando e estaremos dando preferência à tudo que está, neste momento.
Então redecoramos a casa, arrumamos, limpamos, mudamos tudo de lugar; Temos conversas difíceis com quem convivemos ali, vemos se é um endereço que realmente nos serve; Consertamos, reformamos ou até decidimos que é hora mesmo de nos mudarmos.
E num momento que trata tão profundamente da identidade e do pertencimento o sentimento de falta de lugar, de sentir-se deslocado, que não se é bem-vindo, bem recebido, bem quisto ou compreendido vai nos retirar desses espaços: não somos obrigados a sermos quem não somos para agradar quem se recusa a nos ver de verdade!
Nossa atenção, compromisso e entrega estarão completamente voltados àquelas relações e espaços que nos recebem com profundidade e verdade.
Outros valores importantes
- Ciclo do 1 (dias 1, 10, 11, 21) tem o 1517/68 que vai pautar justamente a casa, onde moramos e com quem moramos. O ciclo do 1 é o mais recorrente e nesse mês ele vai questionar o que não está bom nesses lugares que frequentamos e vamos conversar com nossos roomates, nos desentender com eles (risos); Consertar, redecorar ou até nos mudar.
- Ciclo do 2 (dias 2, 12, 20 e 22) tem o 444 e o 78 que vão voltar às questões das submissividades e esforços mal recompensados que viemos trabalhando ano passado. Especialmente no dia 22/02. Acontece que nesse momento estaremos colocando nosso esforço em formatar essas famílias, fé, sacerdócio e conexões pra que elas funcionem.
- Ciclo do 3 (dias 3, 13 e 23) vem com 1717 e estaremos finalmente superando algo. Essa é uma repetição complexa, de transcendência e alcance de algo muito sutil que internaliza as lições que acumulamos nos últimos tempos.
- Ciclo do 4 (dias 4, 14 e 24) é do 1817 que trata justamente dos compromissos que assumimos com as questões mais chatas, mais complicadas das pessoas que amamos. O dinheiro, a atenção, a presença em momento difíceis. O ciclo do 2 também tem esse contexto.
- Ciclo do 5 e do 6 (dias 5, 6, 15, 16, 25 e 26) estão com o 19 forte e serão pontos de mudanças, imprevistos e redefinições.
- Os ciclos do 8 e do 9 (dias 8, 9, 18, 19 e 28) vêm com o 58 e estamos longe, distantes, brigados com yin, com o tempo, as restrições, as mulheres que amamos, com o emocional ardido e sensibilizado.
Observe que tem uma doação muito grande nas mudanças e até nos rompimentos que Fevereiro está propondo: Tudo que mexemos na nossa vida nesse momento é muito compromissado com esses amores, famílias e identidades; Supera-se algo, redefine-se a casa, tratamos das feridas emocionais que nos rasgam juntos.
É que vamos precisar desse apoio incondicional de quem nos ama de verdade, do teto que nos acolhe de facto pra encarar Março e Abril.
