Manifesto do meu eu feminino

Matilde Magro
Community Lotus
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2 min readNov 23, 2021

Não quero ser pedra no caminho de ninguém,

ou adaptar o meu corpo ás vontades de alguém.

Não quero ser pau que bate no chão,

ou estar no caminho errado do que só-não,

Não quero ser voz que prega enganada,

nunca fui pessoa sem voz, engasgada e desgastada.

Não quero ser directa ao ponto de magoar,

ou pessoa sem integridade que não diz verdade para se resgatar.

Não quero ser tu, não faz qualquer sentido,

toma o que levei emprestado, é contigo, é contigo.

Não sou partes e peças de engenhocas articuladas,

Não quero ser mediocre ou meio-assim-esquisita-e-estranha,

Sou o meu eu verdadeiro, inteiro, de felicidade, amor, coração cheio.

Não quero ser pedra no caminho de ninguém,

Quero ser voz lúcida, dicotómicamente certa, de forma tão revolucionáriamente perto de achar a liberdade do amor.

Não quer ser pedra, nem dor de cotovelo.

Quero ser a liberdade achada, quero o desenvencilhar do novelo.

Quem disse que falar de amor é estar enganado? Ou que rir de piadas sozinho é estranho e desengraçado? Quem disse que ser feliz é errado? Que fazer festas sozinho é estúpido e louco e parvo e ridículo?

Quem nunca dançou mesmo que o estejam a ver? Ser considerado feliz não é engodo nem nunca vai ser.

Quem nunca quis ver todas as noites as estrelas? A lua que volta sempre, o sol nas janelas?

Quem nunca amou a vida de tal forma tão profundamente que se entrega de corpo e alma à felicidade contente?

Quem quiser que diga que é loucura, que os loucos são eles. Ser feliz não é mentira, é objectivo de toda a gente.

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