Teko Haxy: um documentário sobre mulheres cineastas e as suas histórias
A obra integrou a programação da segunda sessão do Punho Cineclube, ocorrida em abril, no Cine Arte Pajuçara.
Pensar o tempo e a diferença. Pensar o cinema e quem o faz. O documentário tem roteiro, direção e fotografia de Patrícia Ferreira, realizadora audiovisual indígena, e Sophia Pinheiro, pesquisadora que estuda costumes e a vida dos povos indígenas. Mulheres que nos convidam a observar as suas vivências, e, certamente, nos fazem refletir sobre as questões estéticas e abstratas trazidas do encontro entre o que elas filmaram entre si.
No filme, a narrativa nos leva para a vida de Patrícia, indígena da etnia Mbyá-Guarani, mas logo se une aos olhares e vivências pessoais de Sophia.
Todas essas coisas vão se acumulando pra mim, no meu corpo… Sei lá, pra minha alma, pro meu espírito. Acho que… Sei lá… Eu quase que fiquei, tipo, presa nesse pensamento. Tentando entender. Ou ficar realmente com raiva das pessoas. […] Aí de uns anos pra cá, acho que fiquei um pouco mais forte.
A certa altura da obra, ambas compartilharam sentimentos que surgiram da convivência constante durante as gravações. A antropóloga pergunta se ela gravou ou fez coisas que incomodaram a sua parceira na cena. “Fico com medo. Eu fico pensando todas as vezes em desistir”, diz ela. O choro então é registrado por Patrícia em um plano com instabilidade do foco da lente da câmera.
Em 39 minutos de duração, vemos (muito) além do que um documentário experimental. Na mesma cena, as diretoras apresentam uma solidão comum ocorrida na infância, mas que logo se firma no diálogo presente. Patrícia, aos sete anos, despediu-se da mãe em Tamanduá. Aqui a cena parece ficar nítida outra vez, mesmo com a instabilidade do foco ainda acontecendo. Juntas, as cineastas conversam sobre uma única infância. Diante da câmera, o passado e o presente se juntam. Feito rio, a lembrança flui e vira abraço.
O Punho Cineclube celebrou de forma especial o Dia dos Povos Indígenas exibindo, além de Teko Haxy (2018), Cabeça Seca (2018) e o curta Formação Audiovisual de Mulheres Indígenas (2013).
Mais informações sobre o Punho Cineclube e as próximas sessões são compartilhadas no perfil do Instagram do coletivo.
