Photo: Little Bits (JP)

Crianças programadoras

Questtonó
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5 min readJun 16, 2016

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A tecnologia evoluiu tão rápido nos últimos poucos anos que muitos de nós mal percebemos a rápida transição de nossos celulares Nokia “tijolão” para o super poderoso smartphone que você provavelmente possui. Ao mesmo tempo que nos adaptamos rápido a essa nova realidade, estamos acompanhando uma nova geração que já nasce conectada à banda larga e não conhece um mundo pré-apps. E no processo de desenvolvimento dessa criançada está surgindo a necessidade, e oportunidade, de incluir tecnologia e programação direto na raíz da educação que eles estão recebendo.

Novo comercial da Apple fala sobre empoderamento através da programação.

Vinte anos atrás Steve Jobs disse que “todo mundo deveria aprender a programar um computador, porque isso nos ajuda a aprender como pensar”. Porém há vinte anos atrás o universo mágico por trás dos códigos de computação era complexo, caro e havia pouca informação disseminada. Já nos últimos anos estamos presenciando uma explosão desse setor. Sites de crowdfunding estão lotados de brinquedos educativos que usam conceitos de programação, grandes marcas como a Apple estão investindo em devices e plataformas que são “code friendly”, ou seja, fáceis de entender e usar. Enquanto várias escolas de programação pipocam por todo o mundo, escolas formais também começam a inserir o universo da programação em suas metodologias.

No Reino Unido, as aulas de programação se tornaram parte oficial e compulsória do currículo escolar para crianças e jovens de até dezesseis anos. A importância de iniciar esse processo de educação cedo está no fato de que desenvolver esse tipo de raciocínio se torna mais difícil para crianças ou pessoas com a idade mais avançada.

Muitos questionamentos sobre a inserção obrigatória da programação nas aulas dessas crianças também estão surgindo. Os especialistas debatem com a simples afirmação de que “anos de educação obrigatória do Português por exemplo, não vai criar milhares de escritores, como também inserir códigos nas aulas também não vai tornar cada criança um programador”. No entanto aprender programação pode de forma intuitiva e divertida permitir que esses jovens desenvolvam técnicas para solucionar problemas.

O processo chamado “Computational Thinking” cria a habilidade da divisão de problemas em pequenos desafios, com sequências de soluções lógicas divididas em pequenos passos, nos quais elementos desnecessários são descartados e erros são identificados. Desses erros também vem um grande importante aprendizado, que mostra que novas formas de analisar o mesmo problema para achar novas soluções ou invés de descartar ideias ao menor sinal de impossibilidade.

E não é só de códigos que essas crianças podem se beneficiar. Outros universos próximos à programação também podem ser positivos para a educação e formação dessa nova geração. Nesse mês de Junho a “Tokyo International School”, teve seu primeiro painel de “pitches”, termo para apresentações que startups fazem para apresentarem seus projetos para especialistas e investidores. No total, seis grupos apresentaram seus projetos para um engenheiro, um investidor e um designer.

Com projetos nada imaturos e ideias realmente poderosas, esses jovens de só 14 anos fizeram seu pitch como se fossem os mais brilhantes empresários nerds do Vale do Silício. Após a apresentação, estavam preparados para receber os comentários e defender suas ideias diante dos profissionais. Entre os projetos, encontramos vários negócios relacionados a inovações pra o cotidiano deles, como uma plataforma pra reunir jovens expatriados vivendo em Tóquio, ou o aplicativo que conectaria as informações vindas direto da direção e professores da escola até os alunos.

Nessa escola não existe aulas de programação, mas os professores os direcionam para essa possibilidade, assim cada um decide se querem aprender ou não, e então aplicar isso em suas ideas. Para o diretor da escola Mike Izzard e a professora de design Edith Santacana, eles realmente aprenderam a defender suas ideias, articular suas opniões e principalmente observar seu ambiente para identificar problemas que poderiam receber inovações.

Além disso, o processo de criação das startups os motivou a pensar como um grupo defendendo uma mesma ideia própria que deveria ser defendida não como uma experiência falsa, mas como uma oportunidade na vida real. O processo também os ajuda a ser mais articulados e comunicativos. Como no caso de um aluno, que segundo Mike, mal se comunicava com os amigos e professores, mas que passou a se expressar melhor depois de trabalhar com sua equipe no desenvolvimento do jogo “Pixels Maze”.

E mesmo que todo o português não tenha nos tornado escritores, a programação promete um largo mercado que esta sedento de profissionais. Com toda a automatização de empregos de base, o boom tech e surgimento da inteligência artificial, essa profissão já é carente de profissionais e em um futuro próximo terá ainda mais necessidades. Investir na programação para crianças é criar um solo que, se for o caso, poderá ajudar a germinar uma profissão promissora.

Não podemos nos esquecer também a necessidade da inclusão social dentro desse universo, principalmente quando falamos em países em desenvolvimento como o Brasil. Ainda precisamos investir e criar oportunidades para todo e qualquer jovem se incluir nesse cenário, assim esse profissão também pode nos ajudar a reduzir os gaps de nossa sociedade.

Projetos como a residência “Favelado 2.0: Construindo Gambiarras para o futuro”, do projeto GatoMÍDIA, está levando a programação para jovens da periferia do Rio de Janeiro. Enquanto isso a prefeitura de São Paulo está abrindo as portas dos chamados “Fab Lab Livre SP”, onde qualquer um pode ter acesso a tecnologia e conteúdo do universo maker.

Nós da Questto|Nó tivemos o prazer de contribuir com o projeto “Pipas Conectadas” do coletivo americano Little Clouds, que busca criar impacto social através da tecnologia. Inspirados pelo universo das pipas e principalmente das “batalhas de pipa” do Brasil, o coletivo está desenvolvendo um dispositivo que pode ser encaixado em pipas. Através de um aplicativo cada movimento é captado e pode ser transformado em dados para diversas aplicações, como a criação de visuais artísticos, além de outras ideias que ainda estão em desenvolvimento .

Nossa equipe de design e tecnologia, trabalhou no desenvolvimento da parte técnica e produto do Pipas. O produto, que ainda não foi lançado, busca muito mais do que a criação de um “gadget”. Por trás do produto está a vontade de criar laboratórios para envolver comunidades de países em desenvolvimento, principalmente no Brasil, onde Claudia Bernett, fundadora do coletivo, vivenciou a imersão que deu origem ao Pipas.

Um mundo novo que pode estar ao alcance de muitas crianças ao redor do mundo e que pode ter um importante papel na formação de nossa sociedade futura. E claro que não só crianças, mas qualquer pessoa pode se beneficiar desse universo. E você? Já começou a programar? Se ainda não, confira nosso kit de “links úteis” abaixo e comece já! ;)

Mateus Bagatini
Content creator

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