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Facebook: 3 erros e 3 acertos

Qual será o futuro da maior mídia social do planeta?

Questtonó
Q|N Content
Published in
5 min readApr 20, 2017

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No dia 18 de abril, em sua conferência para desenvolvedores, Mark Zuckerberg apresentou as novas tecnologias que estarão presentes no Facebook e também aproveitou a oportunidade para deixar claro os caminhos futuros que a empresa pretende seguir. Entre acertos e erros que a plataforma provavelmente enfrentará, algumas escolhas e posturas apresentadas pelo CEO talvez mostrem sinais sobre qual pode ser o futuro da marca.

Logo após a conferência surgiu a ideia de escrever sobre algumas posturas negativas que o Facebook (FB) vem adotado. Porém, antes de destacar apenas detalhes negativos, escutei alguns amigos que trabalham dentro da plataforma para tentar entender também quais seriam possíveis pontos positivos que a empresa possa talvez não estar comunicando de forma tão explícita. Da mistura dessa análise da marca com os depoimentos sobre as operações do Facebook ficaram claros três caminhos negativos que a marca pode estar traçando, e para balancear selecionei também três aspectos positivos da empresa que normalmente não paramos para avaliar.

3 erros

Social VR

Apostar em Realidade Virtual (VR) pode parecer uma jogada de inovação incrível, porém, como toda tecnologia, seu uso precisa ser realmente efetivo e transformar a forma que as pessoas vivem, trabalham ou se comunicam. A proposta do Facebook, já disponível para Oculus Rift, onde amigos podem se encontrar num ambiente virtual ao estilo Second Life claramente parece ser um daqueles brinquedos ou apps que você usa uma vez e depois nunca mais volta. Toda ideia de avatares, selfies e joguinhos no mundo VR do Facebook é tão alegórico que até esquecemos sobre inovações mais interessantes como as super câmeras para captura 360º que a empresa está desenvolvendo. Com elas o Messenger por exemplo pode se tornar muito mais interessante. Imaginem o quanto incrível e útil seria uma função de vídeo-chat para se comunicar com família e amigos em 360º. Definitivamente mais atrativo que chapéus digitais e selfies no espaço com avatares cartunescos.

User Interface

Quem bem se lembra do finado Orkut deve também se lembrar do surgimento do Facebook. Uma plataforma mais simples, mais minimalista sem todo o glitter, animações, figurinhas, cores, botões, menus e… opa, exatamente o que o FB se tornou. Na era onde o design de interfaces e usabilidade valem ouro, aparentemente o time de design e UX de Zuckerberg está um pouco perdido. Com anúncios sem fim, menus complexos e infinitas opções em suas páginas, o Facebook está se tornando uma grande bagunça visual. Visitar a timeline é como entrar em um trem em Tóquio, onde cada espaço do vagão contém uma informação ou propaganda. A busca por mais funções e diferenciação no serviço está criando um ambiente cada vez mais complexo e complicado para os usuários. Possivelmente os altos investimentos no desenvolvimento dos chatbots e do Messenger, talvez até mesmo o formato de “página” do FB mude, porém, por enquanto isso ainda não está acontecendo.

Competição desenfreada

Depois de comprar Oculus, WhatsApp, Instagram e sei lá quantas outras empresas, Zuckerberg, não contente por não poder possuir também o Snapchat, declarou “guerra” ao app que se tornou um grande competidor do Messenger. Seguindo cópias descaradas de funções do Snapchat como o Stories, stickers e realidade aumentada nas fotos, o FB declarou que está alinhando uma vasta equipe de desenvolvedores para tornar um Messenger o melhor app do tipo e derrubar o Snapchat. Além disso, a equipe de inovação e desenvolvimento está sempre em busca de criar “novas” soluções baseadas em produtos já existentes no mercado, como o Slack, ferramenta de comunicação usada por empresas, que está também sendo ameaçada pelo novo Facebook Workplace. Claro que isso é o mercado, que isso é a competição dentro do capitalismo, mas será que todas essas startups, que se tornaram empresas milionárias, precisam mesmo embarcar nessa competição desleal pra derrubar outros negócios, muitas vezes bem menores que elas? A ideia da criação de conglomerados digitais pode se tornar um pouco assustadora.

3 acertos

Startup Mindset

Talvez algo que sempre pensamos quando olhamos pra essas grandes empresas, que nasceram startups mas se tornaram gigantes, seja o questionamento sobre como eles passaram a funcionar após se tornarem mega corporações internacionais. Segundo alguns funcionários do Facebook, por mais que a empresa siga regras e formatos cotidianos de uma grande firma, o formato de trabalho e as relações entre equipes ainda é baseada em um sistema de “pensamento startup”. Inovações com pouco custo, novas ideias e indivíduos com espírito “vai lá e faz”, são altamente valorizados e incentivados, o que mantém a empresa sempre nova e com novidades sendo discutidas a todo momento. E talvez seja desse espírito que surgirão as novas ferramentas que continuarão sustentando a marca Facebook, mesmo que a plataforma social, como conhecemos, deixe de existir. Pensar como uma startup, inspirar e incentivar times a criar e trabalhar para criar soluções capazes de transformar nosso cotidiano, talvez seja um grande acerto dessas grandes marcas que nasceram pequenas. E muito provavelmente essa receita possa também ser bem aproveitada por outras grandes empresas que precisam se revolucionar para se manterem vivas no mercado.

Pequenos negócios

Por mais que os anúncios do Facebook pareçam estar passando dos limites, essa ferramenta surgiu como uma ótima opção para pequenos negócios que não possuem verba para investir em comunicação ou relações públicas. Não só pela possibilidade de comunicação orgânica, onde marcas podem se relacionar com seus seguidores através de seus perfis no FB ou Instagram, as opções de anúncios pagos também são acessíveis e efetivos para a comunicação em direção a um público específico. Muitos pequenos negócios, projetos de crowndfunding e startups estão se beneficiando nessa facilidade, conseguindo ter seus projetos conhecidos e seus produtos e serviços adquiridos. Internamente o Facebook também possui inúmeras ferramentas, equipe e treinamentos focados na capacitação desses pequenos empresários que usam ou pretendem usar a mídia social como plataforma de marca. Empoderar pequenas marcas, produtores e comércio local é necessário para a manutenção de uma economia saudável dentro de comunidades ao redor do globo.

Desenvolvimento Local

Talvez esse seja o movimento menos conhecido do Facebook, e definitivamente o mais inspirador. Em cada toda unidade ao redor do mundo, existe um núcleo responsável por desenvolvimento social e econômico local. Trabalhando com núcleos empresariais, setores governamentais, ONGs e associações, o time do FB ajuda e capacita pessoas que desejam utilizar a plataforma como uma ferramenta para ajudar a promover mudanças na realidade dessas comunidades. De fatores econômicos à questões sociais, o Facebook promove pequenos movimentos que podem exponencialmente promover impacto em grande escala.

Certamente o Facebook não está fadado ao fracasso, porém é muito provável que a mídia social, ícone da marca como conhecemos, poderá deixar de existir ou ser totalmente transformada. Indispensável para essa mudança será uma estratégia que consiga entregar o serviço de comunicação sem se render totalmente a publicidade, ao mesmo tempo que ferramentas eficazes de marketing possam ser também disponibilizadas para grandes e pequenas empresas. Nesse momento, o Messenger, com todas suas novas funções de realidade aumentada e inteligência artificial, parece despontar como a grande aposta. Já as soluções e ideias relacionadas à realidade virtual ainda precisam passar por grandes mudanças para se tornarem realmente relevantes. E outra pergunta que sempre vem à tona é certamente: surgirá em algum momento alguma mídia social capaz de substituir o Facebook completamente?

Mateus Bagatini (Tokyo JP)
Content creator

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