Marcas sem gênero, sem sexo, para todos.

Questtonó
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3 min readMar 17, 2016

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De um lado temos a Zara, marca polêmica, envolvida em alguns escândalos e que pertence ao grupo Inditex, maior conglomerado no mercado varejo fashion do mundo. Do outro lado a C&A, marca Européia que deu muito mais certo no Brasil do que em outros países por aí. Em comum: ambas acabaram de lançar suas novas coleções tentando emplacar a nova tendência “agender” ou “ungendered”, que está movimentando uma pequena revolução no mercado da moda.

Na busca do “não gênero” e da existência de produtos que não seguem o sexo das pessoas, várias marcas estão eufóricas para embarcar nessa “novidade”. A loja de departamentos Selfridges, por exemplo, criou uma sessão totalmente com produtos agender, as grandes marcas de luxo também estão apostando pesado nessa nova tendência. Jade Smith, filho do Will Smith, que ficou “famoso” por criar looks misturando peças masculinas e femininas, foi fisgado pela Louis Vuitton para fazer parte das novas campanhas. Já Vivienne Westwood, que parece ter entrado de cara na crítica social, contou com um porsnstar gay como modelo de suas peças, sem distinção de gênero para a produção do ensaio fotográfico.

A discussão do gênero vem acompanhada às discussões sobre sexismo, o papel da mulher e também discursos contra a homofobia. Vemos pais publicando vídeos no Youtube, mostrando seus filhos, meninos, decidindo por Barbies e se vestindo de princesa, enquanto pais de meninas tentam quebrar a ideia de brinquedos machistas para as garotas.

Fora do Brasil a questão “agender” atinge grandes marcas e pessoas famosas, já aqui a discussão em larga escala dessa ideia pode se tornar maior através da C&A e Zara. Claro que antes desse frenesi das marcas atrás do rótulo “sem gênero”, qualquer um sempre foi livre pra comprar qualquer tipo de roupa e criar seu visual. E provavelmente agora, parte dessas marcas querem mesmo é usar essa tendência como alavanca de sua imagem e consequentemente aumentar suas vendas. Mas ao mesmo tempo que temos esse lado marketing da coisa, é de extrema importância essa ação, quando ela vem de empresas que participam ativamente da vida das pessoas e tem um amplo alcance na sociedade, seja através da mídia ou presença física.

E mesmo assim é fácil ver até que ponto a ousadia é real e intenção realmente existe, ou quando essas marcas estão simplesmente tentando surfar a crista de uma onda que já está em curso. A Zara por exemplo, recebeu várias críticas ao apresentar sua coleção sem gênero com peças simples e sem graça. Alguns moletons, jeans, camisetas, tudo do básico, que naturalmente sempre foi “agender”. Deram aquela envelopada, jogaram a isca na mídia e pronto.

No caso da C&A, podemos ver uma coleção mais ousada, com peças que até surpreendem dentro do que já estávamos acostumados a ver. E junto com a nova coleção nasceu uma super produzida, e provavelmente milionária campanha publicitária, que através do discurso e visual, cria um maior impacto e realmente mostra para o que veio. Fato que a ousadia foi medida, já que por mais que a direção de arte tenha sido bem feita, a aparição de um modelo masculino com um vestido, por exemplo, fica restrita a alguns segundos no vídeo promocional.

Independentemente do propósito que essas marcas estão realmente carregando, ou o quanto disso é marketing ou uma corrente filosófica real dentro das empresas, é sempre interessante observar o movimento de macro tendências, vindas de nichos minúsculos, quando elas começam finalmente a atingir a grande massa. E nesse momento que mudanças positivas realmente podem ganhar vida. E esse é mais um detalhe que nos mostra como a consciência humana está se direcionando rumo a um futuro onde o sexismo, preconceitos contra gênero e orientação sexual não farão mais sentido. Um caminho duro, mas que felizmente não está estático.

Mateus Bagatini
Content creator

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