Fatos sobre o encarceramento de mulheres que sofreram violência doméstica
Por: Purple Berets — Women Defending Women
Tradução e desenhos: Melina Bassoli
NT: Os fatos a seguir são sobre a realidade das mulheres encarceradas dos Estados Unidos e trazem informações recentes e das últimas décadas. Eles foram compilados pela organização Purple Berets, que busca justiça igualitária para as mulheres. Na tradução, reuni num mesmo tópico os dados que foram revelados pelo mesmo estudo, a fim de facilitar o acesso à fonte original. Também adicionei fontes que não estavam no original e atualizei os dados que mostravam muita discrepância com a atualidade.
- Atualmente, há 2000 mulheres nos Estados Unidos que cumprem penas na prisão por defenderem suas vidas dos homens que as agrediam.¹
- 90% das mulheres encarceradas por matarem um homem eram agredidas por aquele a quem mataram.²
- De acordo com dados divulgados em 1992, pelo Georgia Department of Corrections [Departamento de Correções da Geórgia], das 235 mulheres cumprindo pena por homicídio doloso ou homicídio culposo na Geórgia, 44% mataram o marido ou amante. 96% dessas mulheres revelaram que havia violência doméstica no relacionamento. ³
- Um estudo que pesquisou mulheres homicidas encarceradas em uma instituição descobriu que, de 43 mulheres condenadas por homicídio doloso ou homicídio culposo, 30 mataram seus companheiros homens, dos quais 28 eram abusivos. ⁴
- Dados referentes ao estado da Geórgia colocam que 95% das mulheres encarceradas por homicídio tinham apenas uma vítima. 53% tinham matado o companheiro ou ex-companheiro. Em 60% dos casos em que uma mulher matou seu companheiro, a mulher alega que estava sendo atacada ou abusada por ele quando o crime aconteceu. ⁵
- Num estudo com 155 homicidas de companheiros na cidade de Jacksonville, na Flórida, entre 1980 e 1986, a maioria dos homens que mataram suas companheiras alega ter sido motivada por desejos de posse (82%). Também esteve presente na maioria dos assassinatos perpetrados por homem abuso (75%) e discussões (63%). A vasta maioria das mulheres que mataram seus companheiros o fizeram por autodefesa (83%). O mesmo estudo mostrou que 75% das vítimas de abuso eram mulheres, enquanto 96% das pessoas que foram mortas enquanto o assassino tentava se defender eram homens. ⁶
- É estimado que 92% de todas as mulheres nas prisões da Califórnia sofreram violência doméstica e foram abusadas em algum momento de suas vidas. ⁷
- A sentença habitual de prisão para homens que matam suas companheiras é de 2 a 6 anos. Mulheres que matam seus companheiros são sentenciadas em média a 15 anos de prisão, apesar do fato de a maioria das mulheres o fazerem em autodefesa. ⁸
- Atualmente, as mulheres têm 8 vezes mais chances de serem mortas por parceiros íntimos do que os homens. Números estimados de mulheres mortas por parceiros ou ex-parceiros variam de 1000 a 4000 por ano. ⁹
- Num estudo com aproximadamente 10 mil casos de assassinato, as mulheres cometeram 10,5% deles, e os homens, 89,5%. ¹⁰
- Somente homens cometem homicídios que envolvem espancamento e estrangulamento; mulheres acabam matando mais com facadas ou tiros. Isso acaba dando às mulheres sentenças mais duras pelo uso de uma arma para cometer o crime. ¹¹
- 60% das mulheres encarceradas estão na prisão por crimes não violentos (relacionados ao patrimônio e uso de drogas, por exemplo). 75% delas têm sintomas de alguma doença mental. Mais de 75% de todas as mulheres encarceradas dos Estados Unidos foram agredidas física ou sexualmente antes de serem presas. Mais de 60% tem um filho menor de idade, das quais quase metade era a principal cuidadora da criança, 11% dessas crianças foram entregues para a adoção. ¹²
Fontes:
1. KABAT, Stacey. Remarks from presentation at Harvard School of Public Health. Center for Health Communication, June 1991.
2. BASS, Allison. Women far less likely to kill than men; no one sure why. The Boston Globe, February 24, 1992, p. 27
3. HANSEN, J.O. Is Justice Taking a Beating? The Atlanta Constitution, April 26, 1992, A1-A7
4. TOTMAN, J. The murderess: A psychosocial study of criminal homicide. Oxford, England: R&E Research Assoc, 1978.
5. HALEY, Judith. A Study of Women Imprisoned for Homicide. Georgia Department of Corrections, June 1992, p. 15 e 16.
6. RASCHE, Christine E. “Given” Reasons for Violence in Intimate Relationships. In: WILSON, Anna. Homicide: The Victim/Offender Connection. Cincinnati: Anderson, 1993, p. 88.
7. American Civil Liberties Union. Facts About the Over-Incarceration of Women in the United States.
8. National Coalition Against Domestic Violence, 1989
9. RENNISON, Callie Marie e WELCHANS, Sarah. Intimate Partner Violence. BJS Statisticians, 2000.
10. DAWSON, John M., LANGAN, Patrick A. Murder in Families. U.S. Department of Justice, Office of Justice Programs, Bureau of Justice Statistics, 1994.
11. Office of the Attorney General. Domestic Violence Fatality Review. Outubro de 2014.
12. FEDOCK, Gina. Number of Women in Jails and Prisons Soars. The University of Chicago, 2018.