Mulheres Migrantes na Rota Migratória

Melina Bassoli
QG Feminista
Published in
3 min readApr 16, 2023

Por: Alba Alemán, para o Movimiento Migrante Mesoamericano
Fotos: @RubenFigueroaDH

Nos últimos meses, o fluxo migratório aumentou na fronteira sul do México [texto escrito em fevereiro de 2020], as mulheres e meninas migrantes representam uma parte significativa desse crescimento exponencial. A migração feminina muitas vezes ainda esbarra nas leis patriarcais ou na falta de igualdade nos países de origem e, infelizmente, não muda muito no caminho para seu novo destino.

O Movimento Migrante Mesoamericano documentou recentemente as experiências de mulheres e meninas que caminham nos trilhos do trem, entre florestas e selvas, em grupos ou às vezes sozinhas com seus filhos e filhas. Mulheres vão ficando para trás nas cidades por onde passa a rota migratória, descansam e esperam outros grupos para que possam continuar seu caminho, a maioria segue com pessoas que não conhecem, sendo que o temor de sofrer violência sexual é o maior medo delas.

O objetivo dessas mulheres e meninas é buscar melhores condições de vida; fuga de situações de violência familiar e comunitária; reunir-se com a família e encontrar um trabalho que lhes permita sustentar financeiramente seus filhos. A maioria delas já foram vitimadas pela violência em seus países de origem.

No trajeto, conhecemos Amanda, que migrou por causa da violência machista; Ana, que caminha sozinha e de vez em quando se junta a um grupo de homens para poder atravessar zonas mais perigosas; Magdalena e Karen, duas irmãs que migram com seus filhos.

Essas mulheres têm buscado formas de migrar sem se exporem ao perigo. Diferente dos homens que também estão em trânsito irregular, elas enfrentam situações específicas de violência, tráfico de pessoas, sequestros, abuso sexual e discriminação.

Há cinquenta anos, em 1970, as mulheres representavam apenas 2% (de acordo com a ONU Mulheres) de todas as migrações em todo o mundo. Hoje, as mulheres migrantes na América Latina representam 51% do número total de pessoas em trânsito irregular.

Antes, estávamos habituados a um fenômeno de migração gradual, onde o homem migrava antes e, uma vez estabelecido, a mulher, os filhos ou o resto da família viajavam para o país de destino. Hoje, isso também mudou: as mulheres também não veem a possibilidade de uma vida digna no país de origem e decidem não esperar, mas partir em busca de novas oportunidades.

É comum falar de migrantes como uma categoria uniforme, mas isso não é real. A perspectiva de gênero é, talvez, muito mais importante do que imaginávamos e ajuda a buscar processos migratórios mais justos na migração feminina e também na masculina. Nem sempre homens e mulheres enfrentam os mesmos problemas ou são motivados pelas mesmas circunstâncias para migrar.

Toda mulher que decide ou é forçada a deixar sua terra natal tem uma história, motivos para migrar, alguns tão básicos como não perder a vida, suas histórias se prolongam nos trilhos do trem, mas outras não chegam ao seu destino.

É urgente que a irmandade entre mulheres esteja presente na rota migratória; é urgente apoiar as mulheres migrantes.

--

--