Nossas palavras precisam descrever a realidade.

QG Feminista
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2 min readJul 5, 2021

A linguagem é capaz de moldar a forma como percebemos o mundo. Nosso idioma materno especialmente tem esse poder de indução de pensamentos, porque nos faz pensar de uma certa maneira, pela forma como se estrutura. Além disso, temos a capacidade de aprender inúmeras coisas e se adaptar para funcionar dentro de padrões culturais da sociedade. Estamos em constante aprendizado e a depender de como estruturamos a fala e as expressões da língua, entendemos as coisas de diferentes modos.

Isso é importante porque o apagamento de mulheres e das situações de opressão das mulheres é uma constante na língua portuguesa. Peça para algumas pessoas pensarem em um ser humano; grande parte delas pensarão em um homem. Nossa língua assimila “o ser humano” ou “a humanidade” com “o homem”, muitas vezes usando como sinônimo. Quando dizemos “o homem surgiu há milhares de anos”, obviamente estamos falando da humanidade, mas o sujeito é o homem, ele é a própria humanidade na construção da nossa língua. É como se mulheres não estivessem participando de todo o processo histórico da humanidade, somos sistematicamente apagadas.

Não é apenas o sujeito mulher que é apagado, os mecanismos de opressão patriarcal também o são pela linguagem. Mulheres são oprimidas pela capacidade reprodutiva presumida, então quando falamos termos que mascaram essa opressão, fica difícil enxergarmos o que realmente acontece, porque, de novo, a linguagem tem a capacidade de moldar nosso pensamento.

Termos como “prostituição infantil” levam-nos a crer que uma criança é capaz de fazer e vender sexo, mascarando a verdadeira situação que ocorre ali: exploração sexual de uma criança; “barriga de aluguel/solidária” mascara que existe uma exploração do corpo das mulheres para a venda de bebês ou com profunda exploração da socialização feminina (mulheres são ensinadas a agradar os homens, mesmo que isso as faça mal); “trabalhadora do sexo” mascara a violência na qual mulheres em situação de prostituição estão inseridas.

Para a emancipação das mulheres, é importante que possamos nomear as coisas pelo nome correto e situar mulheres como sujeito de ação.

Quer saber mais? Acesse os textos da nossa nova edição!

- Vamos formar uma aliança!
-A Seita do Gênero está ganhando a Guerra da Linguagem
- Se não podemos definir o que é uma mulher, como vamos nos organizar politicamente?
- Substituir “sexo” por “gênero”: apagamento de mulheres
- Todas ou “todes”? Queremos “inclusão” ou queremos ser mencionadas?
- Neolinguagem contra as mulheres
- O “E” nos exclui — ainda bem
- Esqueça os pronomes: lutar contra o controle coercitivo deveria ser a real linha de frente do feminismo
- RADFEM, não: Feminista Radical
- agarrar a linguagem pelas mãos
- Resgatemos nossa linguagem
- Escrever com “x” não é linguagem neutra

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