O que são os incel?

Glitch Feminista
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3 min readApr 3, 2019

“incel” é um termo sequestrado pelo submundo da internet — ou fóruns online, que estão desde as partes mais acessíveis da internet até as profundezas da chamada deepweb — para meninos e homens que se sentem no direito de ter o corpo de uma mulher e quando não possuem se dizem “involuntariamente celibatários” (in-cel)

Originalmente o termo veio do Alana’s Involuntary Celibacy Project (Projeto de Celibato Involuntário da Alana), um website criado por uma mulher chamada Alana em 1997, muito antes das redes sociais online, em que ela publicava teorias e artigos e tinha uma mailing list (lista de envios de e-mail) formando um grupo de pessoas que não sabiam como conhecer outras pessoas e estavam solitárias.

Alana, que prefere manter seu sobrenome em segredo, disse que o site era um local amigável, um ambiente saudável e positivo, mas passou o domínio adiante quando passou a ter uma vida social mais ativa e só reviu o termo que cunhou em uma reportagem sobre um assassino (Elliot Roger), que teria começado a revolução “incel” na Califórnia.

Esse termo já tinha aparecido em notícias de atiradores americanos mas aparentemente se espalhou depois do caso do terrorista de Toronto, que antes do ataque postou que era o começo da “revolução incel” e dedicou ao falecido Eliott Rogers, tido como o líder e “Supremo Cavalheiro” dessa revolução.

Celibato não é isso, celibato pode ser uma escolha pela castidade ou pode ser simplesmente ser dono do seu corpo. Em francês celibatário/a, por exemplo, é a palavra usada para solteiro/a.

Esses homens consideram que se eles se comportam bem eles tem que receber algo (a atenção, amor, e essencialmente sexo) das mulheres. O consentimento não passa pela cabeça desses homens.

Mas esses garotos e homens são tão anormais, tão fora da curva?

Eles são doentes ou são apenas filhos sãos do patriarcado como qualquer outro estuprador?

Como, na verdade, qualquer outro homem nesse sistema?

O corpo das mulheres como percebemos ao analisar a estrutura patriarcal não é delas, é de todos que a exploram.

Esse é o raciocínio misógino que diz que prostituição é um serviço como outro qualquer e necessário pra a sociedade, que diz que as mulheres devem servir aos homens e estarem na base do sistema capitalista com suas tarefas não remuneradas ou mal pagas que fazem a manutenção da vida de todos, que acham que “homens bons” merecem ter mulheres cuidando deles e “homens maus” merecem ter mulheres curando-os.

Já foi criado até um site de relacionamentos voltado para quem quer namorar um incel com o objetivo de “curar o mundo” (“ A new dating company looking to heal the world.”)

Como se homens já não recebessem atenção, carinho e todo tipo de serviço emocional gratuitamente, aos montes, e sem esforço.

Como se não fossem as companheiras as primeiras a sofrer nas mãos de homens misóginos e violentos.

Devemos servir de escudo, morrendo em níveis absurdos nas mãos de quem nós nos dedicamos, para que eles não se tornem terroristas? Ou mesmo para que eles sejam pessoas melhores? Devemos dedicar mais ainda nossas vidas aos homens como se eles fossem incapazes de crescerem e amadurecerem sozinhos? Devemos sofrer para que eles se desenvolvam?

Ou somos culpadas pelos erros deles, inclusive suas mortes, por não termos sido boas o suficiente para salvá-los. Essa culpa que nos é colocada desde que nascemos no Patriarcado. Que nos envenena.

Eu quero acreditar na humanidade dos homens. Homens não são seres com emocional subdesenvolvido que necessitam usar mulheres como muletas (e saco de pancada, para extravasar seus ataques de violência)

Mulheres não foram enviadas ao mundo pra ser suas funcionárias não remuneradas, suas babás, educadoras, secretárias, enfermeiras, cuidadoras, e seja mais o que for.

Sexo não é um direito humano.

Nossos corpos não são um direito masculino.

Sexo não é um direito humano

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