Por que temos que falar com a juventude sobre pornografia?

Anna Beatriz Saraiva
QG Feminista
Published in
4 min readSep 2, 2018

texto original: http://uksaysnomore.org/talkingtoyoungpeopleaboutporn/

Não é novidade que o desenvolvimento na tecnologia tem modificado radicalmente o modo como vivenciamos quase todos os aspectos da nossa vida cotidiana. Do primeiro email que foi enviado nos anos de 1970, à introdução da Rede Mundial de Computadores em 1991, e o lançamento do primeiro telefone com conexão com a internet em 1996, percorremos um longo caminho. Olá, Google!

De muitas formas a tecnologia é, claro, incrível e tem enriquecido nossas vidas para melhor. Agora podemos estar conectados, ter acesso a um mundo de conhecimento, e criar formas completamente novas de fazer coisas. Por outro lado, o desenvolvimento da tecnologia também tem impactado negativamente os jovens em um aspecto mais do que em qualquer outro — a introdução da gratuita e facilmente acessível pornografia online.

A sociedade digital

A maioria dos adolescente e pré-adolescente (com idade de 9 a 12 anos) possuem um smartphone e estão usando plataformas de redes sociais, tais como Instagram e Snapchat, diariamente. Especialmente se você é pai ou mãe, você vai saber que isso significa que seu filho tem acesso 24 horas por dia, 7 dias por semana, a bilhões de websites redes sociais na palmas das mãos — incluindo pornografia.

Em uma cultura onde smartphones contém essa abundancia constante de conteúdo disponível aos jovens, e onde as redes sociais se tornaram intrínseca a vida deles, os jovens estão crescendo em um mundo inundado por selfies, onde eles sentem o prazer de constantemente compartilharem “atualizações da vida” e imagens próprias e, consequentemente, se comparar à outros.

Uma pesquisa feita por Hugue and Rosamund em 2015 sugere que jovens que são usuários assíduos de redes sociais — passando mais de duas horas por dia navegando em sites como facebook, twitter ou instagram — são mais propensos a relatarem de uma pior saúde mental, incluindo uma aflição psicológica (sintomas de ansiedade e depressão).

A transmissão online e gratuita de pornografia atualmente não é regulamentada no Reino Unido — significando que qualquer pessoa pode acessar um dos milhares de sites na web — e com desenvolvimento do smartphone, jovens veem conteúdo pornográfico e sexualmente explicito em suas contas de mídia social.

A NSPCC descobriu que crianças são mais propensas tropeçar acidentalmente na pornografia do que a procurarem por isso, ou terem sido exportas a ela por intermédio de outra pessoa, enquanto GirlGuiding descobriu que 60% das meninas com idade entre 11 e 21 disseram que já viram garotos da sua idade assistindo pornografia em seus aparelhos moveis como celulares ou tablets, muitas vezes na escola.

Onde as crianças estão aprendendo sobre sexo?

Sem uma educação efetiva sobre pornografia, consentimento sexual e relacionamentos saudáveis, muitos jovens procuram por educação sexual por meio da pornografia.

O que significa que seus cérebros em desenvolvimento, em especial de jovens garotos, que são mais propensos a assistirem pornografia, são expostos a uma abundancia de conteúdos surreais e em muitos casos cada vez mais violentos. Em uma analise de mais de 300 cenas de pornografia, um estudo descobriu que quase 90% delas contém alguma forma de agressão física, predominantemente de um homem contra uma mulher. E que os alvos dessas agressões mostravam prazer ou indiferença

Um relatório publicado pela União Nacional de Estudantes (NUS) descobriu que 60% dos estudantes pesquisados usavam a pornografia para descobrir mais sobre sexo, com três quartos concordando que isso fornece expectativas irreais. Jovens, sem educação formal, não são capazes de entender a complexidade da industria pornográfica, e que o conteúdo que eles estão vendo não é real, nem é uma lição sobre como sexo deve ser.

Um estudo de GirlsGuiding descobriu que 71% das meninas com idade entre 17–21 acham que pornografia emite mensagens confusas sobre consentimento sexual, e o mesmo grupo pensa que isso faz com que um comportamento agressivo para com mulheres pareça normal. Isso é extremamente preocupante, pois isso significa que muitas moças e rapazes estão crescendo com uma ideia distorcida sobre o que eles podem esperar quando se trata de sexo e intimidade.

O que precisa mudar?

Devemos convocar o governo para garantir que todas as crianças e jovens recebam uma educação sexual e de relacionamento (SRE) adequada e apropriada para sua idade ao longo de seu tempo na escola e na faculdade. Atualmente, apenas alunos que frequentam a Autoridade Local, que dirigem escolas secundarias, representando cerca de um terço das escolas secundarias, recebem educação sexual e de relacionamentos.

O currículo revisado de SRE não será introduzido nas escolas até setembro de 2020, e os pais só são obrigados a assistir em uma parte limitada da educação, todas as outras partes eles podem retirar de seus filhos.

Nós acreditamos fortemente que crianças e jovens merecem e necessitam de uma educação holística sobre consentimento sexual, pornografia, segurança online, relacionamentos saudáveis e abuso domestico; uma educação que não exista apenas nas escolas, mas em suas famílias, comunidades, universidades, e além.

Pais são fundamentais na educação, a medida que eles podem dar informação as suas crianças, eles precisam entender a potencialidade dos efeitos nocivos da pornografia, mídia social e da internet.

Ao falar abertamente com jovens sobre questões eles podem encara-las melhor, nós podemos dar um melhor suporte a eles para educação, decisões saudáveis sobre suas próprias vidas e cuidarem dos que estão a sua volta — pericia que estarão com eles por toda a sua vida.

Aplauda! Clique em quantos aplausos (de 1 a 50) você acha que ele merece e deixe seu comentário!

Quer mais? Segue a gente:

Medium

Facebook

Twitter

--

--