Estes olhos
Estes olhos que mal enxergavam o céu
Passaram a te ver, tão bem e de perto
Em meio a este mundo, feito de tantos,
Destaca-te sempre neste cristalino opaco
Com os anos, com a vida, surgiram os traços
De uma chuva de cinzas que se sobrepõem a tudo
É o desgosto de ser, encarnado em mim mesmo
Manifesto em névoa, em teias, em riscos e em pontos
Ao contrário de muitos, não culpo o tempo
- Não é tudo, no fim, uma questão dele mesmo?
A angústia, porém, não posso evitá-la
E não mais te encaro como antes fazia
Portanto, agora, te faço uma promessa
Mesmo que o futuro não me prometa de volta
Que quando a inevitável escuridão chegar
Não fecharei estes olhos por nada no mundo.