Porcelana

Danilo Monteiro
Quanto ao Tempo
Published in
1 min readMay 20, 2020
Imagem de Zichrini por Pixabay.

Lembras, querido, do tempo passado?
Das falas incertas, dos sinais esparsos
Eu, constante e leal, tentando apará-lo
Mas nos ombros de quem depositaste teu fardo?

Ouve, querido, o som dos teus rastros
Para longe de mim, me dispensas em abraços
Distância para ti é de um silêncio tão nato
Que esqueces da acusadora presença do fato.

Por isso, querido, não ando em teu terreno bonito
Translúcido, especial, mas inadequado
Prefiro minha matéria comum, de uso ordinário
Mas que não despedaça no momento do passo.

Revisto-me de mim, sou indesejável granito
És delicada cerâmica de gosto explícito
Pisaste em mim, o que me resta é ser forte
Mas se em ti faço o mesmo te quebro em mil cortes.

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