PROCURADO: QUEM MATOU O CURRÍCULO?

Após denúncias em todo o Brasil de centenas de jovens que viram a vítima pela última vez em um e-mail enviado com o título “candidato para vaga”, a Polícia já iniciou suas investigações e está em busca de pistas para encontrar o seu verdadeiro assassino. A vítima chamada Currículo, também conhecida como Curriculum Vitae ou CV para os mais íntimos, fez muito sucesso nas Lan House do país no início dos anos 2000 e deixou uma legião de fãs esperançosos por uma vaga de emprego por todo o país.

Anderson Sales
Quarta Prova
7 min readAug 28, 2019

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Apesar de você ter notado que minha faculdade não é jornalismo (mas bem que poderia ser, vai…) e de que o querido currículo não morreu no seu sentido mais real da palavra (sim, você muito provavelmente ainda vai precisar preparar um deles para participar de algum processo seletivo), deixe-me ser bem direto e explicar onde quero chegar:

Ninguém — em nenhum momento da história — contratou alguém em quem não confiava. E não vai ser hoje, em mundo cada vez mais social e influencer, que um A4 com uma foto sua e o nome da sua escola de inglês vai ser responsável por construir essa confiança.

O tempo de sair por aí deixando currículo pra ser chamado por alguma empresa se foi junto com o Orkut. E usá-lo como ponte entre você e a empresa em que você quer trabalhar é uma estratégia que sim: já morreu.

PARTICIPE DO MEU WORKSHOP DE SORRISO ESPONTÂNEO

Essa semana me solicitaram que preparasse um workshop de sorriso espontâneo e o pessoal parece que realmente curtiu a ideia em uma enquete que fiz. Em breve abrirei as inscrições para quem quiser participar!

(A esse momento eu espero que você já acompanhe meus stories no Instagram e não tenha levado o parágrafo anterior a sério, por favor.)

Falando sério agora (de verdade), muito mais importante que um currículo, a principal ferramenta que você pode levar para uma entrevista ou uma conversa profissional é a sua presença.

Por mais que pareça meio clichê, o papo de apertar firme a mão, olhar dentro dos olhos da pessoa e sorrir gentilmente ao cumprimentá-la ainda funciona muito — e sempre dará certo, vai por mim.

Minha primeira oportunidade profissional, só pra mostrar o quanto que esse negócio de que sorrir abre portas é real, foi aos 15 anos de idade enquanto estudava o ensino-médio/técnico no IFRN e comecei como estagiário na Incubadora Tecnológica do Instituto Federal. Tempos depois, em uma conversa com minha chefe até então, ela deixou escapar que o fator decisivo pra eu ter sido o selecionado, entre toda a turma que tinha se candidatado para a oportunidade, havia sido o sorriso que eu abri assim que entrei na sala — até porque convenhamos que candidatos com 15 e 16 anos não tem tantas experiências profissionais assim para serem avaliadas, não é mesmo?

FOCO: QUAL TIPO DE OPORTUNIDADE VOCÊ QUER?

dica de foco do dia: procure por essa imagem no feed do meu Instagram e leia a legenda.

Anos depois (3 para ser mais exato) estava nas primeiras semanas da faculdade de Engenharia de Produção e, como uma tentativa de criar uma empresa ainda no ensino médio tinha sido frustrada (nas próximas semanas falo mais sobre esse momento da minha vida), precisava de alguma oportunidade pra poder pagar minhas contas e sair no final de semana pelo menos.

Uma vez que esse negócio de criar startup não tinha dado certo, decidi que queria trabalhar em uma startup para aprender como um negócio desse era por dentro — e com dinheiro entrando na minha conta, diferente dos tempos como empreendedor.

Até que após um evento na livraria do shopping, comecei a conversar com um dos palestrantes que tinha compartilhado como vender pela internet lhe dava mais liberdade — e alguns problemas desejados como não saber com investir bem o dinheiro que estava ganhando na empresa.

Na saída da livraria, puxei assunto como quem não quer nada e mandei a cantada:

“Sabe aquele problema que você falou no fim do painel que não sabia como resolver? Eu posso ajudar.”

Foi então que começou minha breve história com uma startup de produção de vídeos animados com pretensões ousadas no início de 2017.

(Vale lembrar que nesse meio tempo — entre a cantada e eu começar a trabalhar nessa empresa — surgiram outras duas propostas de trabalho. Acabei optando por essa que falei acima. E nunca mostrei um currículo pra nenhuma dessas empresas).

É clichê também mas vale a pena ser lembrada a velha frase repetida milhares de vezes em todas as palestras de coach (presente em Alice no País das Maravilhas):

“para quem não sabe para onde quer ir, qualquer destino serve”.

Saiba onde você quer começar a ganhar dinheiro.

Isso pode te livrar de muita roubada.

FURE A BOLHA

Sabe por que você vive em eventos — como congressos da sua área — e ninguém te contrata?

Justamente porque você vive cercado de gente igual (ou muita parecida) a você.

Designer que só anda com designer sempre vai ter menos oportunidades do que os designers que furam a bolha e vão para eventos de varejo, tecnologia ou se aventuram a conhecer gente que não tem “nada a ver” com sua profissão.

É por isso que muita gente passa 4 anos estudando e sai desempregado da universidade: passou todo esse tempo andando com quem de fato não vai contratar.

Vá para eventos “nada a ver” com sua área. Participe de grupos e discussões onde você está de “intrometido”. Converse com pessoas que não sabem o básico do que você estuda na faculdade, e vice-versa.

Você não precisa saber mais que a outra pessoa sobre a especialidade dela: você só precisa saber mais que a outra pessoa sobre o que você está vendendo.

Seu cliente (ou seu futuro patrão) não vai te descobrir se você não se permitir ser encontrado.

Fure a bolha.

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CRIE UMA EXCELENTE DESCULPA

Imagine que você é um empresário e quero marcar uma conversa com você para apresentar um projeto ou mesmo pedir uma oportunidade profissional.

Agora analise as duas falas abaixo:

CASO 1: Opa! Tudo bem? Eu sou o Anderson Sales, estudante de engenharia de produção na UFRN, e quero muito marcar uma conversa contigo essa semana para ajudar sua empresa a ter mais resultados com o que estou aprendendo no meu curso.

CASO 2: Opa! Tudo bem? Eu sou o Anderson, estudante de engenharia de produção e fundador da Quarta Prova — um blog sobre carreira e vida na universidade — e nesse tempo produzindo conteúdo para a internet e me relacionando com universitários de engenharia de todo o país, aprendi exatamente o que fazer para sua empresa alcançar mais resultados.

Mudou alguma coisa? Com qual dos Anderson acima você marcaria um café?

O que vou compartilhar agora talvez é um dos maiores aprendizados que tive nesses 20 aninhos de vida e vai realmente mudar toda a sua percepção sobre carreira.

São 3 palavrinhas em inglês:

Nobody, Yes, Door.

(ninguém se importa, em bom português).

Isso fica mais fácil quando você nasce em uma família de classe média baixa (bem baixa mesmo), mora na periferia e seu sobrenome não é suficiente para colocar você de graça em nenhum evento.

Você precisa de uma boa desculpa para poder entrar em contato com as pessoas importantes — e entrar de graça nos eventos também.

Eu sempre — desde meu primeiro estágio lá na ITNC — tive uma desculpa para abordar as pessoas. Seja como fundador de uma startup, organizador de um evento, líder de um movimento, eu nunca me apresentei só como “Anderson Sales”.

Um dia espero que meu nome e sobrenome sejam suficientes — e torço para que isso aconteça com você também.

Até lá, precisamos de um distintivo (ou uma boa desculpa) para chamar a atenção das pessoas.

MANTENHA UM PPT ATUALIZADO

Se te pedissem pra você fazer uma apresentação amanhã contando sua história pessoal e destacando suas principais conquistas, o que você colocaria no PowerPoint?

Eu tenho uma sequência de slides (quase) padrão que sempre levo em qualquer treinamento, palestra ou evento onde vou falar sobre Pitch e Oratória.

Nela eu conto como um menino que só queria ser titular no time de futebol da escola desistiu do sonho dentro das 4 linhas e começou a se apaixonar por vender ideias — e ganhar competições de startup. Dependendo da ocasião, falo que esse menino de 16 anos não teve o sucesso que sonhava no mundo das startups e que hoje estuda engenharia e ganha a vida como copywriter freelancer para construir negócios.

E você, qual a sua história?

SE PEDIREM, RESSUSCITE O VELHO CV

A ferramenta que resume suas conquistas e comunica seus resultados (que muitos chamam de currículo) de fato não morreu. Ele como estratégia para ser conhecido, gerar confiança e mostrar sua capacidade de execução, sim. Se durante um processo seletivo, apenas por questões burocráticas, exigirem um CV, seja o mais enxuto possível. Pense ao olhar para suas experiências e conquistas quais realmente podem fazer sentido para a vaga.

Lembre dessa regra de ouro: você é o vendedor do produto que é você mesmo, logo, entenda bem o que seu cliente (futuro chefe) deseja e se mostre como essa solução.

Os profissionais disputados por empresas desejadas não saem distribuindo currículos nem pedindo uma chance.

Eles constroem jardins, não caçam borboletas.

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Anderson Sales
Quarta Prova

Engenheiro, consultor empresarial e meio poeta de vez em quando.