vocação e super poderes: como descobrir o seu talento

Anderson Sales
Quarta Prova
Published in
6 min readMar 25, 2020
Messi e Cristiano Ronaldo na premiação de melhor de mundo de 2019. E o Alisson ao fundo curtindo o momento.

Reconhece esse senhores sorridentes acima?

Se você estava em algum lugar desse mundo sem acesso à TV nem internet nos últimos dez anos, deixe-me apresentá-los: à sua direita, com camisa branca, está o português Cristiano Ronaldo, eleito cinco vezes melhor jogador de futebol do mundo e o homem detentor do publipost mais caro do Instagram; e à sua esquerda, com gravata, está Lionel Messi, argentino que conta com um troféu de melhor jogador do mundo a mais que o português e tido por muitos como o maior jogador de futebol de todos os tempos.

E você, já parou para pensar no que você seria o melhor do mundo?

Se você é uma pessoa carregada de falsa modéstia e não se preocupa tanto assim em criar uma biografia que traga impacto à vida das pessoas ao seu redor, eu quero lhe convidar a parar a leitura por aqui.

Para que encontremos qual o nosso lugar nesse mundo, precisamos nos despir de alguns fardos que nos colocaram desde pequenos e carregamos conosco.

A propósito, porque somos tão tímidos para dizer “ei, deixa comigo que eu sou muito bom nisso!”, mesmo quando esse ato poderia tornar a vida das pessoas ao nosso redor mais fácil e mais leve?

Será que somos tão humildes assim ou na verdade não estamos camuflando em modéstia um egoísmo preguiçoso de não querer servir as pessoas com o que de melhor sabemos fazer?

Suas habilidades manifestam o que as pessoas costumam chamar de talento, e esta é uma das pistas mais valiosas para encontrar a sua vocação (se você ainda não leu nosso texto sobre a tragédia vocacional do jovem brasileiro, recomendo muito que o faça antes de continuar.)

De modo mais específico, quero que você olhe para suas habilidades — não para o curso que você está fazendo nem para o seu emprego atual — e reflita por um instante no que de fato você é bom, bom mesmo.

Vamos começar essa jornada olhando um pouco para dentro, antes de buscar ouvir lá fora o chamado tão ansiosamente esperado.

Pense em pelo menos uma coisa que você poderia ser o melhor do mundo e escreva agora.

Escreveu? Está certo mesmo de que esse é o seu talento?

Se não, não se preocupe. É para isso que estamos aqui.

A PERGUNTA ERRADA

A indústria de auto ajuda barata tem colocado no imaginário popular a certeza de que apenas seremos felizes e teremos sucesso quando fizermos aquilo que gostamos.

“Viva a sua paixão”, “Siga o seu coração”, “Faça o que ama” têm sido lemas que, apesar de vender bastante livros, cursos e palestras ao redor do mundo, têm levado toda uma geração a se fazer a pergunta errada.

Falando em coach, quero apresentar para vocês o meu favorito: o Murilo Coach.

Em vez de nos perguntarmos qual a melhor maneira de servir ao mundo com a nossa vida, temos sutilmente colocado o foco em nós mesmos e nos perguntado:

O que eu gosto de fazer?

Ainda que essa reflexão não seja tão desastrosa assim — afinal de contas viver fazendo aquilo que não gosta realmente não deve ser nada bom — se apenas esta pergunta for feita, o resultado possivelmente será viver quebrado emocional e financeiramente por não conseguir fazer o que tanto ama da maneira que tanto queria.

Você não precisa me conhecer de perto para saber que eu amo futebol (apenas pela introdução você deve ter chegado a essa conclusão, não é mesmo?).

E assim como a grande maioria dos jovens brasileiros um dia eu também já sonhei em seguir uma carreira de jogador de futebol — e durante um breve período da minha adolescência até me esforcei para tornar esse sonho real.

Mas, basta assistir a apenas alguns minutos de uma partida minha no final de semana para você notar que, embora seja uma pessoa esforçada e apaixonada pelo esporte, eu jamais teria as condições e as habilidades necessárias para me tornar atleta profissional.

É evidente que ninguém vai sair por aí querendo se tornar jogador de futebol do dia para a noite, mas por que o fazem para outras carreiras apenas porque em uma palestra ou vídeo do YouTube descobrem que a sua paixão deve ser também a sua profissão?

Questionar tão somente o que se gosta de fazer não é só ingenuidade ou egoísmo; é amputar outras habilidades que temos e que poderiam ser desenvolvidas e exploradas ao máximo em uma vida de serviço.

E enquanto fazemos a pergunta errada, temos enterrado o nosso talento.

VOCÊ NÃO PRECISA IR MUITO LONGE

Nenhum ser humano em sã consciência pararia em frente a um computador horas e horas para escrever um texto que não sabe nem se vai ser lido por seus amigos mais próximos.

Definitivamente escrever não é uma tarefa prazerosa nem tampouco glamourosa. É solitária e às vezes até estressante.

Mas é isso que tenho feito com consciência e pretendo continuar fazendo — não porque é a minha paixão, mas porque identifiquei que escrever é uma habilidade atrelada ao meu talento a ser explorado para servir às pessoas e se encaixa na circunstância na qual estou inserido (spoiler detected conversaremos mais sobre esse elemento no próximo conteúdo).

E a boa notícia é que para identificar as habilidades necessárias que constituem o seu talento você não precisa ir muito longe.

O exercício proposto é muito simples, mas precisa que você viva as próximas 48 horas com um olhar e ouvidos muito sensíveis, além de buscar na memória algumas pistas importantes.

Durante os próximos dias, espero que você reflita e anote as respostas das seguintes perguntas:

1) Você lembra do seu último ENEM (ou do seu último ano no ensino médio)? Acesse seu resultado do último exame e veja qual foi sua maior nota.

Conquanto não tenham um método de avaliação tão efetivo, essas provas e exames apontam para uma realidade: um campo de conhecimento o qual você tem mais domínio. Não é à toa que minha maior nota no ENEM em 2016 foi redação e desde então tenho aproveitado a habilidade da escrita para pagar meus boletos escrevendo roteiros de vídeos publicitários, blog posts e sites para empresas.

2) Com o que seus amigos vivem pedindo sua ajuda? Liste no mínimo 3 atividades que são recorrentemente solicitadas a você como um help.

Seja para editar uma foto, resolver uma questão complicada da lista de exercício, organizar uma festinha de aniversário… As pessoas ao nosso redor comumente conseguem enxergar melhor que nós mesmos nossos ponto fortes, e tomam proveito disso. Esteja atento às pistas que seus amigos deixam.

3) O que você faz no seu tempo livre? Liste 3 atividades que você faz mesmo sem ninguém pedir…

Ao contrário do que pode se imaginar, nosso talento se manifesta no tempo de ócio e não nas 8 horas diárias de trabalho (é claro que você pode usar o seu talento no ambiente de trabalho, mas infelizmente isso também não é regra). A maneira como você gasta seu tempo livre manifesta as habilidades que naturalmente vem à tona e que podem melhor servir às pessoas.

4) O que você faz melhor que todos os seus amigos — mesmo sem ter tanta paixão assim pela atividade?

Como avisei lá no início, não é hora de timidez. Todos nós temos atividades que fazemos sorrindo enquanto todo mundo ao nosso redor faz chorando. Você não será orgulhoso ou arrogante se admitir que tem uma habilidade especial e que consegue fazer melhor que seu colega. Lembre que o mundo não precisa de você, precisa do seu serviço.

TALENTO NÃO É TUDO

O que mais vejo por aí é gente talentosa dirigindo Uber. E tenho certeza que, por mais válido que seja usar o carro do seu pai para fazer uma renda extra como motorista de aplicativo, você não quer subutilizar suas habilidades.

Talento por si só não é o suficiente para que você ouça o seu chamado e viva uma vida com sentido.

Identificar suas habilidades e começar sabendo o que você NÃO pode fazer é apenas o primeiro passo.

Ainda bem que a minha limitação de recursos não permitiu que eu insistisse na minha paixão de me tornar jogador de futebol.

Mas isso são cenas para os próximos capítulos...

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Anderson Sales
Quarta Prova

Engenheiro, consultor empresarial e meio poeta de vez em quando.