As Coisas velhas

R Solino
Quase Poesia
Published in
1 min readDec 4, 2018
Imagem: Pexels. Licença CC0.

Quando acho algo antigo em minhas coisas, um papel em que esbocei um poema, um lembrete, ou apenas um número de telefone, isso não é apenas lixo esquecido.

Cada coisa velha me conecta com outro eu do passado. Não apenas por trazer de volta a pessoa de quem anotei o telefone ou a conta que fiquei devendo no bar, mas sim pelo eu que eu era então.

Cada pequena coisa, que em seu tempo devia ser efêmera e descartada, agora, com o passar dos anos, é memória.

Cada pedaço de memória é só um tijolinho.

Um número de telefone me devolve a pessoa, essa pessoa me traz o grupo. Esse grupo frequentava lugares, conversava sobre certos assuntos, ouvia determinadas músicas.

Cada tijolinho é parte dessa parede que vai sendo reconstruída.

Minhas coisas velhas não são lixo. Minhas coisas velhas são eu mesmo. São pedaços de minha história que ficaram guardados dentro de um livro, de uma gaveta ou de uma caixa de sapatos.

Minha história sou eu. E saber quem eu fui, em comparação com quem eu sou, me faz mais forte.

Porque o presente é apenas o meu passado apontando para o meu futuro, sempre e sempre reescrito.

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