Parei de dizer “Largue tudo e viaje”
Recentemente a Amanda Noventa publicou um artigo que bombou e que eu adorei ver os amigos compartilhando. Foi um lembrete aos meus privilégios, sobre o já comentado fato de estar no lugar onde tantos outros queriam e não podem.
Concordo com ela, levando minha vida de recepcionista de hostel em Barcelona, trabalhando uma média de 6 horas por dia, eu consigo faturar mais que alguns colegas jornalistas recém-formados e ainda levo uma rotina bem das gostosas. Até quando essa empolgação vai durar, mais a saudade de trabalhar escrevendo, não vem ao caso.
subemprego
su.bem.pre.go
sm (sub+emprego) 1 Emprego não qualificado, cuja remuneração é baixa. 2Emprego abaixo da qualificação do empregado. 3 Aplicação de valores sem garantias e/ou de baixo rendimento.
Ainda que eu ache o termo subemprego relativo demais para se referir a funções como garçonete ou recepcionista, visto que já conheci garçons que fazem seu trabalho de forma celestial há 40 anos e tenho certeza que esse foi o emprego de suas vidas, aquele que eles vão contar para os netos; que eu encho a boca para dizer que sou recepcionista e nesse pouco tempo já aprendi um bocado de administração, contabilidade e hotelaria — coisa que faculdade de jornalismo não ensina (e nem precisa, né). Eu não acho que tenho um subemprego.
Voltando ao “ainda que”, se esse artigo tivesse aparecido na minha timeline há algumas semanas eu com certeza teria compartilhado e ainda enviado diretamente a uns e outros queridos por aí. Acontece que recentemente eu li esse texto da Chelsea Fagan traduzido pela Cristiani Dias:
E chablau, não posso negar que abrir mão por um ano de tentar construir minha carreira no Brasil foi uma das decisões que não me arrependo. Mas também não posso ser irresponsável a ponto de dar esse conselho a qualquer um sem pensar nas suas possíveis consequências.
Se eu estou aqui agora é porque me planejei por dois anos e ainda tenho uma segurança financeira que minha família pode me proporcionar. Se eu perder meu emprego aqui, tiver que voltar para casa e começar minha vida profissional no Brasil, sei que eles podem me dar aquela forcinha que sempre me deram.
Aos que têm o sonho de largar tudo para viajar, esse não é um conselho de copo meio vazio, mas é um conselho em cima do muro que divide o texto da Amanda e o da Chelsea:
Não desista do seu sonho (não houve clichê mais cabível) de passar um tempo fora. Planeje-se:
- Antes: trace um plano financeiro para conseguir a grana que essa aventura pede. Pesquise as questões burocráticas e fique em dia com a papelada.
- Durante: como você vai viver quando estiver fora? Qual estilo de vida quer levar? Está pronto para se livrar do seu mundinho confortável, possíveis preconceitos profissionais e encarar experiências totalmente novas?
- Depois: até quando vai durar essa fase? O que você quer da vida depois disso?
(Vixi, ok, nessa última eu fui hipócrita)
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