Sem título

Alex Bardem
Queerteratura
Published in
1 min readNov 6, 2019

Ao me apoiar nele, em posição imóvel, por longo tempo, me machuca: esse concreto sou eu. Se uma chuva de qualquer ordem pingasse agora, encharcaria tal corpo horizontal, de forma inconstante, até derretermos nós. O concreto e eu temos febre. Já senti minha buceta grudada nele. Já me pintei de todas as cores possíveis. Já fui chutado, sem sentir culpa. Já tive as bordas comidas pelas estações. Esse concreto sou eu — por isso, o queimo com a brasa do meu cigarro.`

--

--