3x4 PIC: um papo com os designers Larissa Trindade, Oliver Pfeffer e Simone Beltrame

Letícia Pires
QuintoAndar Design
7 min readSep 23, 2020

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No último mês, estreamos a série 3X4 PIC: um papo com designers do time de design de produto do QuintoAndar. O primeiro texto trouxe as designers Marília Procópio, Katy Miranda e Mari Iamaguti.

Estamos de volta com novos convidados: Larissa Trindade, Oliver Pfeffer e Simone Beltrame. Vem comigo!

Larissa Trindade

Larissa Trindade é product designer e está no nosso time desde do comecinho de 2019 😍

“Criatividade precisa ser exercitada através da experimentação. Se permita errar e você vai encontrar diversão no processo.”

Trabalhar com design e tecnologia exige muito pragmatismo, processos e rigor. É fácil a gente se esquecer de exercitar criatividade em nossa rotina. O que você pensa sobre isso?

De fato, trabalhar com tecnologia exige pragmatismo, mas não acho que a criatividade é deixada de lado em nenhum momento. Venho observando que quanto mais você domina os processos e conhece sobre o negócio e produtos com os quais está trabalhando, mais tempo e espaço mental sobram para a criatividade.

Precisamos ser criativos para inovar, para propor novos caminhos, testar e tomar decisões ou faremos mais do mesmo.

Criatividade muitas vezes é visto como algo divertido e relacionado ao artístico, mas para mim a criatividade mora no olhar atento, nas hipóteses, no inconformismo… É aquele “e se a gente fizesse diferente?”. O ser humano sempre esteve em busca de soluções criativas para tornar atividades rotineiras mais práticas. É bem mais simples dizer “Ok google, desligue a luz”, do que sair das cobertas, levantar da cama atravessar o quarto e apertar um botão. Tem criatividade até mesmo na preguiça.

Uma dica para quem quer colocar mais cor, diversão e criatividade no seu dia a dia

Olhar atento e experimentação. Viver com intenção e estar presente fazem com que você observe coisas que deixaria passar na correria do dia-a-dia. Nessa quarentena, muitas pessoas ressignificaram suas rotinas e começaram a ver beleza em pequenas coisas nas suas casas, retomaram algum hobby antigo, ou começaram a aprender algo novo. Fomos forçados a desacelerar um pouco e isso abriu caminho e espaço para criatividade.

Outro detalhe importante é a experimentação. Talvez essa seja a principal dica. Em uma sociedade que cobra perfeição, temos medo de errar, de parecer ridículo ou de não ter aprovação. Não caia nessa cilada. Criatividade precisa ser exercitada através da experimentação. Se permita errar e você vai encontrar diversão no processo.

Oliver é design lead no QuintoAndar

Oliver Pfeffer

Oliver Pfeffer acaba de assumir a posição de product design lead — parabéns, Oli! 🎉

“Apesar de design ser um pilar fundamental do QuintoAndar, nem todo mundo tem a obrigatoriedade de conhecê-la [a abordagem de design] e sempre há gente nova chegando.”

O que você diria que ter trabalhado com clientes no modelo de consultoria te ajuda na atuação como designer de produto em uma empresa de tecnologia

Trabalhar como consultor realmente é bem diferente da realidade de um designer de produto em uma startup, mas vejo atividades de quando trabalhava neste modelo que, hoje me ajudam na dinâmica do QuintoAndar.

Saber dialogar com stakeholders com perfis diferentes: os clientes de projetos em consultoria são muito diversos, ora você está trabalhando com uma equipe de tecnologia, ora do marketing, ora alguém que quer empreender e não tem ideia de como começar. Essa pluralidade me proporcionou desenvolver habilidades de comunicação com profissionais de diferentes formações e múltiplos níveis de conhecimento sobre design. Apesar de design ser um pilar fundamental do QuintoAndar, nem todo mundo tem a obrigatoriedade de conhecê-la e sempre há gente nova chegando.

Saber contextualizar o tema para o outro: em consultoria, você varia muito de mercado e com isso, o contexto do produto, o perfil de usuário e o objetivo de negócio também mudam. No QuintoAndar não é diferente, o universo de morar é realmente gigante, envolve conhecer desde o mercado imobiliário em geral, até a rotina de um corretor parceiro, por exemplo. Saber se contextualizar rapidamente ou até mesmo buscar meios de ganhar conhecimento rápido do assunto foi algo que trabalhei muito na consultoria e aplico muito no meu dia a dia atual.

Facilitar discussões, mediar conversas e estar no meio de disciplinas é uma realidade para todo designer, dá uma dica pra gente fazer isso como um diplomata — brincadeirinha?

Não acredito em bala de prata para esse assunto, mas acho que posso dar algumas dicas que podem ajudar em mediação como um todo.

1. Entender sobre os assuntos que vai endereçar: mesmo que não saiba de tudo, é legal ter clareza do que quer descobrir ou o que deseja alinhar entre as partes interessadas. Em mediações com um grupo maior é importante ter espaço para que todos se sintam à vontade para se expressar ou trazer ideias.

2. Tome cuidado com fugir muito do tópico em mediações: uma conversa específica pode virar uma bola de neve e no fim fica difícil sintetizar o que realmente precisava ser mediado.

3. Ouvir, por mais óbvio que pareça, é muito importante: por exemplo, se não for possível ouvir todas as partes em algum ritual, chame a parte que não se pronunciou e verifique se não há algo mais que gostaria de acrescentar.

4. Não se preocupe se você não tem conhecimento específico e técnico sobre aquele mercado: durante mediações, procure entender a questão perguntando ou, se necessário, peça ajuda e pesquise mais informações após as discussões.

5. Ao fim de mediações é bacana validar se ficou claro para todos e se os envolvidos estão confortáveis com as decisões: uma boa prática, que muitas vezes evita interpretações erradas ou até problemas futuros (ainda mais em um momento de trabalho remoto!), é sintetizar por escrito o que foi mediado e compartilhar com quem esteve presente ou necessita saber dessas informações. Além disso existem muitas metodologias, rituais, dinâmicas e boas práticas que podem dar suporte para a mediação e envolver interessados.

Simone Beltrame é design principal no QuintoAndar

Simone Beltrame

Simone Beltrame acaba de assumir a posição de product design principal — parabéns, Si! 🎉

“[Coloque] em prática o que você aprendeu. Tem que meter as caras! Fazer muita pesquisa, exercitar, fazer e repetir infinitas vezes. Concentre-se no usuário e tudo o mais virá.”

O que é o mais bacana de trabalhar com inovação?

Pra mim o mais bacana é poder mudar o jeito que as coisas funcionam, adaptá-las às novas tecnologias, às mudanças sociais, econômicas, comportamentais e por aí vai, com o objetivo de tornar as coisas mais fáceis e simples de serem usadas e dependendo do caso prazerosas também.

Li uma frase do Tom Kelley no livro A Arte da Inovação que eu levo pra vida que é “A inovação começa com a observação”. Observar pessoas reais em situações da vida cotidiana, e também observar os dados das pessoas reais no mundo virtual trazem muitos insumos de comportamentos, do que gostam, não gostam, quais são as necessidades não atendidas pelo produto ou serviço.

Outra coisa bacana é a co-criação. Com um time multidisciplinar começamos a visualizar o futuro, com as dinâmicas de brainstorming surgem ideias incríveis que não seriam alcançadas por uma única pessoa.

E a coisa menos glamourosa que todo mundo se engana com o contrário:

Trabalho é trabalho, né, gente?! Trabalhar em média 8h por dia não tem glamour nenhum, mas pode ser divertido. Vamô lá: eu adoro falar com as pessoas, fazer pesquisa, mas confesso que quando falo com muitas pessoas em um único dia, fico “acabada”. O esforço mental é muito grande. Estar presente quando a pessoa fala e ao mesmo tempo pensar sobre como engatar a próxima pergunta de maneira natural e fluída dá um trabalhão.

Para quem quer começar a trabalhar como designer de produto, qual conselho você daria

Para aprender qualquer coisa nessa vida, a gente precisa de um mestre, então o primeiro passo seria escolher onde e como você vai ter acesso a esses mestres. Para aprender os fundamentos da disciplina, que não estão somente nos livros mas também nas experiências da prática, pense onde e com quem deseja trabalhar.

O próximo passo é colocar em prática o que você aprendeu. Tem que meter as caras! Fazer muita pesquisa, exercitar, fazer e repetir infinitas vezes. Concentre-se no usuário e tudo o mais virá.

Obrigada aos meus companheiros de café virtual e texto Larissa Trindade, Oliver Pfeffer e Simone Beltrame. Espero que vocês tenham curtido tanto quanto eu, esse papo mais informal e reflexivo. 💙

Valeu e até mais! ✌️

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Letícia Pires
QuintoAndar Design

I help teams create engaging product experiences and new services. Design Director @QuintoAndar.