Ainda sobre Design Critique: reflexões após o UXConf Redux São Paulo 2018

Tatiane Godoy
QuintoAndar Design
Published in
3 min readJul 3, 2018

No último UXConf BR em Porto Alegre, a Letícia Pires (ou Lets para os íntimos) dividiu em sua palestra como aplicamos o Design Critique no QuintoAndar e o que ganhamos com isso. Ela escreveu sobre a palestra nesse texto: Design critique, o segredo para segurança emocional de designers — UXConf 2018.

Por aqui, São Paulo, a Mergo organizou o UXConf Redux SP no dia 09 de junho, que é como se fosse uma oportunidade de “recap” para a comunidade local.

Por motivos de Letícia sem voz 😞, eu e o Leandro levamos o assunto para o evento. O mais rico em falar de uma experiência é a troca de opiniões e ideias. Reuni aqui algumas dúvidas que surgiram no UXConf Redux que nos fizeram refletir.

1. Como lidar com o ego de alguns designers?

Quanto mais profissional é o designer, melhor ele consegue separar sua criação do criador. A crítica a um trabalho não é crítica ao designer. O Design Critique pode ser um exercício para alcançar esta relação mais madura com o trabalho.

Talvez um bom começo seja envolver os líderes ou designers que sejam referência na equipe para terem seus projetos criticados nos primeiros encontros. Estas pessoas podem dar abertura e influenciar os outros designers para também se expor.

Outra coisa que pode ajudar é mostrar os benefícios que o design critique traz para quem está sendo criticado. A qualidade da entrega acaba evoluindo e os feedbacks recebidos podem ser levados como insumos para o restante da equipe do projeto ou squad.

Falando em ego, o Rodrigo Lemes fez um vídeo muito legal sobre como o ego atrapalha o design. Vale dar uma olhada.

2. Funciona para equipes que não sejam só de designers? É legal envolver outras pessoas?

É legal que seja um encontro só para designers, para exercitar a argumentação e colher feedbacks do ponto de vista do design — pelo menos pra gente aqui no QuintoAndar tem funcionado bem assim. Cria um universo de pessoas iguais que falam a mesma língua, o “designês”. Focamos nos elementos visuais, cores, símbolos, texto e na experiência como um todo.

Nós já testamos envolver outras pessoas mas acabou não sendo tão produtivo. Primeiro, porque os feedbacks acabam sendo diferentes, acabam surgindo pontos de viabilidade técnica e gestão do projeto, por exemplo. Consideramos que este não seja o momento para uma conversa sobre viabilidade. Segundo, porque acaba se alongando como reunião — mais gente, mais comentários, mais tempo.

O Critique não é indicado para reuniões de alinhamento em equipes multidisciplinares, mas com certeza há outras dinâmicas. E sempre é possível que para seu cenário de empresa funcione.

3. Pode funcionar como uma ferramenta para iniciar a cultura de feedback dentro da empresa?

Aqui no QuintoAndar já temos a cultura de feedback inserida no nosso DNA e sim, pode ser que isso tenha ajudado a implementar o Design Critique sem tropeçar muito. Já em ambientes onde dar e receber feedback é mais “delicado”, o uso dessa ferramenta talvez seja uma boa ideia. Comece por fóruns menores e com pessoas mais abertas a esse mindset.

Com o tempo, quanto mais você faz, mais tranquilo fica de fazer, e as pessoas acabam pedindo para participar. O que recomendo é apostar nessa abertura para pedir e dar bons feedbacks.

E você o que acha? Contribua nessa discussão. 😉

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