SEO e Design: quando robôs e humanos são seus usuários

Dá pra diferenciar um do outro?

Lucas Ferreira
QuintoAndar Design
6 min readJul 18, 2019

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Palavras são usadas para construir significância. Os algoritmos que fazem parte dos mecanismos de buscas, como o Google, lêem as palavras do seu site para entender sobre o que você está falando. Já os seus clientes usam essas mesmas palavras para entender a proposta de valor da sua empresa.

Conseguiu ver uma semelhança? No final estamos tratando de significados e relevância, seja a comunicação direcionada para um ser humano ou para um robô.

Aqui não será abordado toda complexidade técnica que é a disciplina de SEO (Search Engine Optimization). O foco é no ponto de vista de um designer dentro desse contexto.

Preciso melhorar o SEO do produto, e agora?

Bom, eu tenho duas boas notícias para você. A primeira é: que bom que a sua empresa está se preocupando com isso e dedicou um time para olhar pra SEO. A segunda é que projetar para um algoritmo é tão complexo quanto projetar para uma pessoa. E vai além: o seu papel como designer se torna ainda mais fundamental quando estamos tratando de como o seu projeto vai estabelecer uma conversa com essas duas partes.

Lembra que eu falei sobre relevância agora há pouco? Essa palavrinha vai ser nossa aliada durante essa jornada. Relevância é a minha palavra bússola; adote-a como a sua também.

Nos últimos anos o Google atualizou o seu algoritmo algumas vezes para que ele se parecesse cada vez mais com um usuário humano. Pense que o trabalho do Google é organizar todo o conteúdo que está disponível na internet e servir os melhores resultados quando alguém utiliza a sua caixa de busca para fazer uma pesquisa ou pergunta. É a partir desse comportamento que a sua aventura como designer começa.

Por onde eu começo?

A complexidade técnica do SEO é um dos pilares que vai construir a relevância do seu produto. Ter o código em dia e formatado de forma compreensível para um robô não vai te fazer ganhar posições nos resultados do Google de uma hora para outra, mas negligenciar esse mesmo código vai impedir com o que seu site suba nos resultados de busca.

Aqui vão algumas dicas:

  • Juntar-se com seu time de desenvolvimento para discutir SEO é um bom primeiro passo. Tente separar o que é desenvolvimento técnico (Ex: otimizações semânticas, estrutura de links) e o que é desenvolvimento de novos conteúdos (Ex: novas páginas, blog posts) para ter um melhor plano de ação.
  • Um desafio é que SEO está sempre em constante mutação, então fique ligado com novas regras, novos conceitos, critérios para ranking, estude e compartilhe o que você encontrar sobre o assunto com o seu time.
  • Seus elementos básicos de navegação estão em dia? Verifique o seu footer, seus breadcrumbs e seus menus. O usuário está conseguindo ir e voltar das rotas que foram desenhadas?
  • Certifique-se de que o seu produto está otimizado para dispositivos móveis. Verifique se o seu site cumpre esse requisito com o teste de otimização para mobile. Hoje, isso tem um impacto extremamente importante em como o Google enxerga a sua página e pode te impedir de subir de posições nas páginas de resultado se o seu conteúdo não estiver sendo exibido de forma coerente entre as duas versões. Nesse caso, o mobile first é ainda mais crítico e eu não recomendo começar projetando pela versão desktop (é atraente, eu sei, mas foco no mobile 🚀📱).
Teste de otimização para dispositivos móveis feito pelo Google. Na imagem, o resultado diz que a página é otimizada.

Mão na massa!

Hora de descobrir quais são as brechas de conteúdo que você ainda não atende. Entenda como que os usuários estão chegando na sua marca e o que está motivando-os a clicar no seu conteúdo no meio de outros vários resultados. Saiba em que território você está pisando: muitas palavras-chave podem ser extremamente concorridas e ter um conteúdo relevante nesses casos é ainda mais importante!

Existem diversas ferramentas gratuitas que podem te ajudar nesse processo de entendimento do comportamento de busca do seu usuário (Ubersuggest, SimilarWeb, ahrefs). Lembre-se que compartilhar o aprendizado o quanto antes com o seu time vai facilitar o processo de descoberta.

Resultados de análise do SimilarWeb, uma ferramenta gratuita para entender o comportamento de busca dos seus usuários (https://www.similarweb.com/)

Outra dica é procurar ao final da página do Google o conteúdo de pesquisas relacionadas, ele mostra pesquisas que estão no mesmo contexto e se estão sendo mostradas ali, é porque tem um volume de busca representativo na ferramenta.

Seção de pesquisas relacionadas no Google, localizada na parte inferior da página de resultados. No exemplo, podemos ver alguns links de pesquisas relacionadas à "apartamento 2 quartos"

É interessante que você faça uma série de perguntas para te guiar na hora da construção dessa página ou conteúdo:

  • O que é importante que essa pessoa saiba de imediato? O que está visível de imediato tem mais relevância para o bot que lê a sua página.
  • O seu conteúdo above the fold e below the fold estão bem definidos? Qual que é o conteúdo que o usuário vai absorver sem precisar rolar a página?
  • O foco dessa página está clara para o usuário e para o Google?
  • Como o usuário se localiza dentro do nosso site? Ele tem contexto do que ele está buscando?
  • Ele sabe para onde ir na sequência?
  • Você está transmitindo os diferenciais do seu produto? Toda página indexada nos mecanismos de busca pode ser uma porta de entrada no produto para seu usuário.
  • A página está com foco na intenção de busca do usuário? Ele vai encontrar o que buscou?

Conseguiu reparar a semelhança entre o algoritmo e o usuário novamente?

Procure usar termos na sua página que vão corresponder ao que foi buscado, nos títulos, subtítulos e corpo. Foque na intenção que o usuário está buscando. Na dúvida de que termo utilizar, recorra ao Google Trends (ferramenta gratuita do Google para analisar o interesse por termos ou tópicos específicos).

Tela do Google Trends que mostra o resultado da comparação entre o termo “inquilino” e “locatário”. Podemos ver qual dos termos representa mais intenções de busca.

Entender o que o usuário vai ver junto do seu resultado também é uma ótima técnica de entender a dimensão do problema. Veja títulos, descrições e conteúdos que estão funcionando para te ajudar na escolha de palavras.

Seja especialista naquilo que você atua

Suas estruturas que estão otimizadas para SEO não agem de forma independente, elas são fortalecidas em conjunto. Uma estrutura não relacionada ao conteúdo que você acabou de desenvolver pode impactar outras páginas por estar trazendo relevância ao seu domínio. Dando um exemplo de forma prática: aqui no QuintoAndar o grande desafio é nos tornarmos especialistas no tópico de aluguel. Logo, não é apenas um conteúdo falando sobre aluguel que vai construir toda a relevância neste tópico.

Temos que fornecer diversas respostas para o que o usuário está procurando dentro desse tópico, construindo assim a nossa autoridade como domínio.

Em SEO, a chave é diversificar o seu conteúdo e tentar ganhar posições onde os seus competidores ainda não construíram nada. É como se fosse um grande tabuleiro de War.

Seu usuário é um robô, mas nem tanto

Durante essa curta (mas ao mesmo tempo longa) jornada como designer de SEO, o principal aprendizado é de que estamos indo para um caminho em que a usabilidade e relevância do seu conteúdo podem ser interpretadas do ponto de vista de um ser humano ou de um robô e ainda podem ser mensuradas.

O Google se importa com a qualidade do conteúdo que você está disponibilizando assim como quem usa o seu produto. Ignorar o que é considerado como boa prática para os dois vai impedir com que o seu negócio dê um próximo passo importante a caminho do impacto que ele vai causar nas pessoas.

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