A Invasão das Mulheres no Altar

Edson Weslenn
Quo Primum
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10 min readFeb 3, 2018

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Muitas pessoas já tiveram a sensação de algo estar errado sem saber exatamente o que. Aquele sentimento de que você esperava algo que não é “aquilo”, mesmo sem saber o que aquele “algo” é. Eu estou falando especificamente da fé. Quantas vezes você, ao frequentar a Sagrada Liturgia, não se deparou com os mais diversos abusos: Comunhão na mão, dançarinos litúrgicos, música secular, pessoas vestidas como se estivessem indo à praia — e isso se é que eles foram à Missa pra começo de conversa.

E talvez você se já tenha se perguntado: “É isto o certo? O que aconteceu? Como chegamos neste estado?”

Nesta série de relatos eu vou tentar ajudar você, leitor, a ligar os pontos. Eu vou escolher diversos tópicos problemáticos, dar-lhe todas as informações para que você possa entender não só o que está acontecendo, mas como chegamos aqui, por que está errado e, o mais importante, o que você pode fazer sobre isto.

O relato de hoje nós vamos chamar de “A invasão das mulheres no altar”.

Todos nós já vimos isso alguma vez. Mulheres servindo ao pé do altar — “meninas coroinhas” em vez de meninos. Começou como um abuso litúrgico, e foi constantemente condenado durante toda a história de 2000 anos da Igreja.
A Canon 44 do Sínodo de Laodicéia realizada no quarto século diz claramente:

“As mulheres não podem ir ao altar.”

Em 1755, o Papa Bento XIV falou claramente, em sua carta encíclica “Allatae Sunt” que:

“O papa Gelásio, em sua nona carta (capítulo 26), aos bispos de Lucânia condenou a prática maligna que havia sido introduzida das mulheres que servem o sacerdote na celebração da missa. Como este abuso se espalhou para os gregos, Inocêncio IV proibiu-o estritamente em Sua carta ao bispo de Tusculum: “As mulheres não devem ousar servir no altar; a elas devem ser completamente recusados este ministério.”

Você quer ver referências mais recentes? Vamos ao Código de Direito Canônico de 1917 então:

“Que o ministro servindo na missa não seja uma mulher, a não ser que, faltando um homem, por razão justa, e precavendo para que a mulher responda de uma certa distância e de modo algum suba no altar. [Minister Missae inserviens ne sit mulier, nisi, deficiente viro, iusta de causa, eaque lege ut mulier ex longinquo respondeat nec ullo pacto ad altare accedat]” (Canon 813, §2).

“Mas calma, Edson!” Você pode falar. “Isso tudo é muito antigo, antes do Concílio Vaticano II! Muitas coisas mudaram de lá pra cá.” Boa observação, leitor!

Não. Meninas servindo no altar foram diretamente condenadas — duas vezes, por falta de uma. A primeira vez, pelo Papa Paulo VI em 1970, que escreveu na carta de instrução Liturgicae instaurationes:

Em conformidade com as normas tradicionais da Igreja, as mulheres (solteiras, casadas e religiosas), seja em igrejas, conventos, casas, escolas ou instituições para mulheres, são impedidas de servir o sacerdote no altar.

E 10 anos depois, em 1980, o Papa São João Paulo II repetiu claramente em sua instrução Inaestimabile donum:

Há naturalmente, vários papéis que as mulheres podem desempenhar na assembléia litúrgica: estes incluem; a leitura da Palavra de Deus e a proclamação das intenções na Oração dos fiéis. Às mulheres, contudo, não é permitido atuarem como servas no altar.

Agora imagino que ficou bastante claro que a Igreja não permite e nunca permitiu que as mulheres servissem no altar. Mesmo assim, muitas pessoas — feministas, sacerdotes mal formados, outras pessoas com ideias de girico na cabeça — não gostam muito dessa proibição. Eles pensam que não é mais do que um tipo de machismo enrustido vindo de uma instituição antiquada e opressora. Afinal, qual é o problema? Logicamente não pode ser “errado” ter meninas coroinhas. Afinal, qualquer coisa que um menino pode fazer uma menina pode fazer tão bem quanto, não é? Fora que, se as meninas servirem, elas terão um papel mais ativo na Igreja. Poderia mesmo encorajar-se em uma vocação religiosa! Muito bom! Sejamos sinceros, seria muito sexista da parte da Igreja não permitir que as mulheres servissem em pleno século 21, não é?

Não é. Esta proibição não é arbitrária. Há sérias dificuldades tanto pastorais quanto teológicas com mulheres no altar e que podem ter um impacto muito prejudicial à Fé.

Examinemos primeiro as dificuldades pastorais.

Antes de mais nada, vejam bem: eu não estou dizendo que as mulheres não têm um papel a desempenhar na Igreja. Mas a Igreja sempre reconheceu que há diferenças entre os sexos e que essas diferenças significam que cada gênero tem papéis distintos a desempenhar no papel da salvação. Qualquer seja o papel que uma mulher venha a desempenhar— e há muitos papéis que ela pode desempenhar, todos eles absolutamente vitais — ela nunca poderá ser sacerdote. E atenção! Isso não quer dizer que a Igreja não quer permitir que as mulheres sejam sacerdotes: As mulheres são incapazes de serem sacerdotes. Uma mulher “padre” é como um círculo quadrado, uma contradição em termos. O Papa São João Paulo II descreveu isso muito claramente quando escreveu na carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis:

Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja.

E antes de alguém pensar “Ah, mas o Papa João Paulo II era um polonês e todo polonês é conservador aí não conta”, vamos então ouvir da boca do papa Francisco, o favorito da multidão no quesito ‘esperança de mudar tudo que eu não gosto’, quando ele voltava da Jornada Mundial da Juventude em 2013:

“Com respeito à ordenação de mulheres, a Igreja já se manifestou e disse que não. Essa porta está fechada.”

Mesmo assim, algumas pessoas continuam a pedir o impossível, que a Igreja Católica “ordene uma mulher”. Alguns desses indivíduos são simplesmente o que se chamam de “idiotas úteis” e não entendem por que é que o que eles estão pedindo é impossível. Mas há outros motivados por uma ideologia marxista e feminista chamada igualitarismo.
O igualitarismo considera todas as desigualdades existentes como inerentemente más e tenta destruí-las por qualquer meio necessário. O grande problema é que isso simplesmente nega a realidade objetiva. Os homens e as mulheres são de igual valor, mas não são iguais — como quatro moedas de 25 centavos e uma nota de um real: mesmo valor, coisas diferentes. Existem diferenças reais — biológicas, fisiológicas, psicológicas — entre homens e mulheres. Isso significa que cada sexo tem papéis diferentes a desempenhar.

E já que uma menina não poderá nunca ser um padre, deixá-la servir no altar é um tanto quanto cruel. Muitos sacerdotes muitas vezes começaram como acólitos. Estudos corroboram isso.

O Centro de Pesquisas Aplicadas no Apostolado, um centro americano de pesquisas sobre assuntos católicos, realizou diversas pesquisas entre os postulantes ao sacerdócio por alguns anos. Nela, os seminaristas são questionados sobre sua etnia, família, educação e participação em ministérios paroquiais, esse tipo de coisa. Uma das perguntas feitas foi: vocês eram coroinhas durante seus anos formativos?
Os resultados foram: em 2010, 70% dos entrevistados eram acólitos. Em 2011 eram 71%, 75% em 2012 e 67% em 2013.
Claramente, há uma forte relação entre um e outro.

Deixar uma garota servir no altar dá a ela uma falsa esperança. Coloca-a em um ponto que levaria logicamente ao estado sacerdotal. Mesmo que nem todos, nem mesmo a maioria, dos coroinhas tornem-se sacerdotes ou continuem servindo no altar, isso é porque eles próprios escolheram sair deste caminho natural. As meninas servindo no altar não tem essa escolha. O objetivo final é algo que ela nunca poderá alcançar. Na melhor das hipóteses, ela ficará desapontada. Na pior das hipóteses? Ela pode sair e se juntar a uma seita protestante ou outro tipo de grupo herético que vai dizer à coitada que ela foi ordenada.

Eu também já ouvi algumas pessoas falarem que deixar as mulheres servir no altar encoraja-as a se tornarem freiras. Vá lá, pode até ser que sim, mas a relação entre as duas coisas não são tão claras. Logicamente que estar envolvida com algo a ver com a Igreja pode encorajá-las a permanecer engajadas, mas não há nada em específico sobre ser coroinha que incentivaria uma menina a se tornar uma freira. As freiras não realizam o Sacrifício da Missa. Não são sacerdotes nem nada parecido.

E não é apenas com as meninas que isso é injusto. Na real, sejamos sinceros: uma vez que as meninas se envolvem em algo, o normal é que os meninos passem a ver essa coisa como “coisa de menina” e não vão querer fazê-lo. Você não termina com a igualdade em número de meninas e meninos no altar. Você acaba com um altar cheio de meninas e meninos sentados nos bancos, se eles forem à missa. Nas paróquias mais tradicionais, onde não se permitem acólitas, não é assim. Nestas é habitual ter um grupo de jovens meninos que servem. Eles a vêem como uma busca nobre e cavalheiresca. Nessas paróquias, as vocações estão aumentando dramaticamente.

Essas são as preocupações pastorais. Vamos às teológicas.

Como eu disse, ser um coroinha é o primeiro passo no caminho que leva ao sacerdócio. Um cara não precisa percorrer todo o caminho, mas é um caminho que só um homem pode trilhar. Isso ocorre porque, historicamente, a posição de coroinha responde à ordem dos acólitos. O serviço no altar sempre foi associado ao estado clerical. Adicionar mulheres na mistura não só rompe com 2000 anos de tradição, mas também faz mudanças reais na teologia da Missa.

As igrejas não são construídas da maneira como elas são construídas por capricho. Arquitetura significa algo. Representa o céu e a terra. A nave corresponde à Terra e o santuário corresponde ao Céu.
O santuário é onde o sacrifício de Cristo é re-apresentado ao Pai. É naturalmete associado a Cristo e ao masculino. A nave é o lugar onde a Noiva de Cristo, Sua Igreja está sentada. Representa o feminino.
Essa separação do masculino e feminino reflete uma compreensão adequada da relação entre Cristo e Sua Noiva, a Igreja e, mais geralmente, entre Deus e Sua criação.
Tudo sobre a Missa tem um profundo significado teológico. Por exemplo, os movimentos e gestos dos coroinhas e acólitos — quando disciplinados e bem coordenados — nos lembram os de uma milícia bem treinada, como as legiões de anjos no céu que estão presentes em cada Missa, adorando Nosso Senhor e Salvador. E sinceramente não importa o que os desenhos de anjos e cupidos fofos tentem nos fazer engolir, os anjos são masculinos, são guerreiros, são militares e são disciplinados. Deus e o céu são perfeitamente ordenados, perfeitamente harmoniosos. A Missa deve expressar isso, caso contrário, não estamos oferecendo culto adequado a Ele.
Para ser perfeitamente honesto, há mais para ser um servidor de altar do que ser apenas um menino. Você deve ter masculinidade, deve fazer parte de um grupo bem-formado com disciplina, trabalho em equipe e precisão. Os movimentos litúrgicos superficiais são um problema quase tão grande como ter meninas onde não se deve.
A Missa deve manifestar verdades teológicas. Caso contrário, isso pode levar os fiéis a entrar em erro. Não faltam tópicos a se discutir sobre os erros e suas origens, mas essa coisa em particular — as mulheres no altar — é praticamente onde ele começa.
Eu sei que isso vai chatear muita gente, e que nem todos são feministas marxistas, nem militantes anti-católicos da revolução litúrgica ou da ordenação de mulheres. Alguns deles são apenas mal formados, mas ainda sim bons católicos que não entendem a importância fundamental das diferenças entre os sexos para a liturgia.

A razão pela qual este é o primeiro problema que resolvi atacar é porque a introdução do feminino no reino masculino do santuário não apenas esvazia as linhas entre os gêneros, causando confusão aos homens e às mulheres, dando-lhes falsas esperanças que nunca podem ser cumpridas; Também simbolicamente perturba a distinção entre Cristo e Sua Noiva, a Igreja. Isso perturba a distinção entre leigos e sacerdotes, entre nós e Cristo.
E se essa distinção for danificada, a nossa relação — que é o meio da salvação — também sofre.
Como eu disse, isso não vai agradar a maioria das pessoas que lerem isto mas, novamente, a Igreja não se preocupa em se manter em dia com as últimas tendências das ideologias. A única coisa com que Ela se preocupa é com a salvação das almas e o culto apropriado ao único Deus verdadeiro.
E acho que a conclusão é bastante clara. Há muitos problemas pastorais e teológicos causados ​​por mulheres que servem no altar para incentivá-lo ou até mesmo permitir. Deve haver um retorno imediato e completo a apenas homens e meninos que servem a missa.
Pode não ser uma opinião muito popular, mas o erro não tem direito de ser tratado a pão de ló. Com ele a verdade tem de vir como um soco. E com essa me despeço. Até a próxima!

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