Do Silicon Valley da América do Sul para o Silicon Valley mineiro.

Karla Garcia
radarpreto
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4 min readApr 4, 2021

Uruguai: o Silicon Valley da América do Sul

Quando eu me mudei para o Uruguai, eu não tinha ideia do potencial tecnológico e inovador daquele país. Muita coisa me surpreendeu, desde a quantidade de eventos, realmente relevantes para o ecossistema, meetups, iniciativas como a elaboração da Lei do Empreendedor, a disponibilidade de incubadoras, aceleradoras e espaços de coworking.

Participar ativamente do ecossistema tecnológico e empreendedor uruguaio é parte da rotina de muitos empreendedores, profissionais, estudantes e curiosos. Apesar de toda essa experiência, eu nunca havia parado para refletir sobre o fato de que o Uruguai, esse país tão pequeno e que muita gente não tem nem ideia de onde fica, poderia ser o Silicon Valley da América do Sul. Foi quando eu li este post do Christian Serron que a minha ficha caiu.

Montevidéu concentra 33% da população de todo o país. O “paisito”, como é carinhosamente chamado, é um tremendo polo tecnológico que recebe muitos incentivos de investidores — locais e estrangeiros. Além disso, a cultura empreendedora é muito forte. Eu tive o prazer de conhecer e trabalhar com alguns nomes pioneiros dessa cultura, entre eles Sergio Delgado, co-fundador da Fundación da Vinci e autor do livro Fundadores.Uy, que conta a trajetória de 12 empreendedores uruguaios que fizeram e continuam fazendo história. (Quer fazer o download do livro? Clica neste link).

Após anos imersa neste cenário, agreguei às minhas experiências mentorias com a mentoria com a 500 Startups, participação em eventos como o Genexus Day, e da primeira edição da Campus Party e do Product Hunt MVD, onde tive o prazer de estar ao lado da 1950Labs, participando ativamente do gerenciamento da primeira comunidade tecnológica do Uruguai, a UruguayIT e inserida em um coworking e incubadora tecnológica, o Sinergia Tech, ao lado de nomes como a IBM e a Thef.

Após 3 anos vivenciando e atuando no ecossistema uruguaio, era hora de voltar para o Brasil e seguir a minha trajetória. Um caminho complexo de ser trilhado, e ainda, de ser reproduzido. Foi assim que eu conheci o Silicon Valley mineiro: Belo Horizonte.

Belo Horizonte: o Silicon Valley mineiro

Foi nesse âmbito que eu conheci o San Pedro Valley. Pensei: mas gente, o que é isso? E pronto, em alguns minutos todas as ideias e impressões que eu tinha sobre o cenário empreendedor no Brasil foram por água abaixo. Eu creio que todas às vezes que alguém no exterior me perguntou sobre as referências tecnológicas no Brasil, eu mencionei São Paulo. Hoje, certamente, minha primeira resposta incluiria a cidade de Belo Horizonte.

Mas então, por que San Pedro Valley? Bom, daí outra surpresa. O termo surgiu de uma brincadeira, uma conversa entre o Ed, CEO da Rock Content e o fundador da Deskmetrics. E se você precisa de um respaldo para essa afirmação, que tal o Censo Mineiro de Startups e demais empresas de base tecnológica? Que no final de 2017 apontou que, desde 2015, Minas teve um crescimento de 320% no número de Startups.

Vivendo em BH desde 2018, eu já vejo os reflexos desse cenário. Sempre encontro com pessoas que possuem muito conhecimento sobre tecnologia, marketing digital, SaaS e empreendedorismo. Também há uma grande proporção de eventos, comunidades e, principalmente, empresas, que estão propagando o nome e a relevância do San Pedro Valley.

Rock Content: #minerosarecoming

Definitivamente, estão!

A Rock é uma empresa referência em Digital Saas Marketplace. Quer saber mais? Dá uma olhada em um dos principais blogs sobre Marketing de Conteúdo do Brasil. Foi a Rock que me recebeu no San Pedro Valley.

No final de 2019 tive o prazer de ser a líder de integração da Rock com a ScribbleLive, empresa americana adquirida pela Rock Content, que no mesmo ano também adquiriu a agência mineira iClips, fortalecendo ainda mais sua base como uma das principais SaaS Marketplace do Brasil e do mundo.

CI&T: Presença e atuação mundial

No ano passado migrei definitivamente para a indústria Tecnológica, onde atualmente atuo como Scrum Master em um projeto para um dos maiores provedores de Cloud e Search Engine do mundo.

A CI&T colabora com times e clientes a nível mundial, levando a transformação digital para todos os continentes e com um faturamento de 1 bilhão em 2020, um dos anos mais críticos para os negócios. A ampliação de escopos dos projetos da empresa, aliada à maior demanda de serviços nos US do nosso parceiro, o Google.

Ainda que a CI&T não seja uma empresa que nasceu no berço mineiro, a empresa se posicionou no ecossistema mineiro, que desde 2018 se transformou no hub de exportações de serviços remotos da empresa.

No Brasil ou no Uruguai, trabalhando com clientes na América Latina e do Norte e na Europa, uma das grandes certezas que eu tenho é que outros “Valleys” surgirão. A pandemia da COVID19 levanta ainda várias reflexões sobre a estabilidade desses polos tecnológicos, visto que muitos foram impactados desde o ano passado.

Mais do que o potencial inovador, a capacidade de manutenção dos negócios, do crescimento em meio a um cenário desafiador e da retenção de colaboradores se tornam perguntas fundamentais quando nos questionamos sobre a proposta desses polos.

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Karla Garcia
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About being Brazilian and facing the challenges of the tech industry.