Boruto na semana

Rafael Moreno
Rafael na semana
Published in
3 min readNov 21, 2022

A semana de hoje será sobre Boruto.

Sim, Boruto.

Depois de tantas mudanças e inúmeras páginas, percebi que um simples “Rafael na semana” é forte o suficiente para compartilhar contigo o que eu quiser e quando eu quiser.

Para justificar o “que eu quiser”, trago alguns pontos a respeito dos dez, quinze primeiros capítulos do mangá Boruto. Não se preocupe caso não conheça nada sobre Boruto. Eu mesmo larguei o mangá no que considero o fim do primeiro arco.

Acompanho One Piece semanalmente e qualquer outra coisa que extrapole de tamanho e não tenha terminado, largo com certa facilidade. Eiichiro Oda me dá muito trabalho.

Antes de trazer o meu ponto sobre Boruto, se faz necessário um rápido contexto aos desavisados: Boruto é a continuação do mangá/anime Naruto, o ninja loiro que quer ser Hokage. Se ainda tiver com um ponto de interrogação na cara, busque na memória se topou com alguém andando de sobretudo com nuvens vermelhas.

Qual é, até o Zeca Pagodinho se trajou de membro da Akatsuki, tornando espiritualmente válido gostarmos (ou conhecermos) Naruto.

Chegando de fato ao tema (e me desculpa essa loooonga introdução), o que me levou a leitura foi a sua fanbase. E não porque eram fãs. Sim, isso é algo meio irônico e sem sentido, mas temos fanbases que odeiam basicamente tudo que aparece de novidade sobre um produto que num tempo tão tão distante eles consumiam.

Pensei comigo: oras, porque adultos (sim, adultos) torcem o nariz por conta de um novo mangá feito para o público alvo que não são eles? Mesmo tendo respondido a questão, resolvi explorar esse vasto oceano.

Nessa caminhada, topei com o argumento mais estranho e estranhamente “justificável” por eles: Boruto é um personagem ruim. E porque ele é ruim, me perguntei. Porque o filho do Naruto (sim, Boruto é o filho do Naruto e o autor só se deu o trabalho de mudar a primeira sílaba, enfim) é um pré-adolescente insuportável, irritante, barulhento, chato pra caramba, que se acha o correto na situação e não escuta ninguém.

Pensei “ué, ele é basicamente um pré-adolescente tal qual eu fui há uns 16 anos”.

Todos esses adjetivos são basicamente os requisitos da puberdade e, caramba, em algum momento da vida você também foi assim. Só que eu precisava entender se era algo nostálgico, se tinha relação com o medo de estragarem a minha infância que todo o nerdola possui.

Relendo os primeiros capítulos de Naruto (o classicão) esse personagem é igualzinho ao Boruto, o que me levou a duas conclusões: primeira, o autor não foi a pessoa mais criativa do mundo ao se tratar de legado. Segunda coisa, e a mais importante, a diferença do nosso ponto de vista é porque agora somos os adultos da história. Aqueles que xingavam o Naruto por causar em Konoha.

O que me leva a um terceiro ponto: nossa empatia com o Naruto se deve a acompanharmos a sua história “com a mesma idade do protagonista”. Diferente do Boruto, onde teoricamente somos adultos preocupados o bastante com as nossas rotinas de trabalho.

Não faz muito tempo que voltava de metrô para a casa e numa das estações, um grupo de adolescentes com suas mochilas nas costas e uniformes de escola, gritavam, riam e não paravam de se mexer. Por um milésimo de segundo achei aquele grupo barulhento, desnecessário e infantil.

No milésimo de segundo seguinte, pensei “puta que pariu, me tornei aquele rabugento que tanto temia”. Então deixei de lado e vi eles sendo eles mesmos do mesmo jeito que fum algum dia.

Como diria o pessoal do MDM, estamos ficando velhos, Magneto.

Conclusão sobre Boruto? É um mangá para um público alvo que claramente não sou eu, falando com adolescentes que um dia eu fui. Como um mangá de shounnen (a boa e velha lutinha) não me interessou muito. A história não me pegou.

De resto, é aceitar que adolescentes são barulhentos (longe de ser uma reclamação) e que talvez você seja um adulto.

Aliás, é sempre bom lembrar que somos adultos, né?

Abraços,

Rafael Moreno

--

--