Direitos humanos

Rafael Parente
Educação na Veia por Rafael Parente
2 min readApr 18, 2018
Fotografia: Senado Federal

Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicas, de todos os seres humanos no mundo. Eles incluem, por exemplo, o direito à vida, à liberdade de ir e vir, de poder ter uma opinião e expressá-la, ao trabalho, à educação, à crença religiosa e muitos outros. Todos nós temos, por lei, estes direitos. Na prática, no entanto, não funciona assim. No Brasil, a defesa dos direitos humanos foi polarizada. Direitos humanos, para muitos, virou “defender bandido”, ou virou uma bandeira equivocada: “direitos humanos para humanos direitos”, contrariando a premissa de que são direitos básicos, universais, baseados em valores como dignidade, justiça, igualdade, respeito e independência.

Marielle Franco, a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro, foi executada com seu motorista Anderson depois de uma agenda de trabalho. Ela dedicou boa parte da sua vida para defender a garantia dos Direitos Humanos, e foi morta por isso. Em um cenário de polarização acirrada, muitas pessoas foram ao palanque das redes sociais para questionar a comoção nacional por sua morte: “é isso que dá defender bandido”, entre tantas outras mensagens de intolerância e ódio. Essas mesmas pessoas acreditam que estes direitos protegem somente os presidiários, os bandidos, os pobres ou os migrantes não documentados. Isso está muito longe de ser verdade.

“A paz só se estabelece onde os direitos humanos são respeitados”

Esse cenário não é novo, embora a internet possibilite maior visibilidade a um discurso que em nada contribui para a consolidação de nossa democracia. O Brasil coleciona números assustadores. Somos recordista mundial em assassinatos relacionados a preconceitos à orientação sexual. Ultrapassamos a barreira de uma morte por dia e o número cresce a cada ano. De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. A cada 7,2 segundos, uma mulher é vítima de violência física.

As vítimas dessas estatísticas foram privadas de seus direitos humanos. A cada morte, morremos todos, porque quando a violência é institucionalizada e justificada no discurso da sociedade, todos nós corremos o risco de fazer parte desses números.

Para construir uma nação moderna, justa e solidária e cumprir os objetivos prescritos em nossa Constituição, precisamos garantir a todos os cidadãos os mesmos direitos que queremos para nós e para nossa família. A paz só se estabelece onde os direitos humanos são respeitados. A democracia só acontece plenamente com a compreensão da importância desses direitos.

*publicado em O Popular| 17/04/2018

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Rafael Parente
Educação na Veia por Rafael Parente

PhD em Educação (NYU). Ex-secretário de Educação. Apaixonado por gente, bichos, plantas, chocolate e Brasília!