Um novo treinamento
O coaching: uma técnica que está ganhando cada vez mais espaço
Treinamento, terapia, conselho, autoajuda. Quando se pensa em “coaching” são esses os termos que vem à mente. Esse novo método de treinamento e melhora em determinadas áreas de nossas vidas ainda é pouco compreendido e está sendo um divisor de águas entre aqueles que acreditam no processo e aqueles que criticam a prática.
Segundo Thales Miranda, business coach, o coaching é um processo, de começo, meio e fim que estabelece metas, através de uma técnica investigativa, que extrai o melhor do cliente, faz com que ele reflita e aja na direção dos seus objetivos. “É um processo completo, com mix de ferramentas, técnicas que ajuda a pessoa a encontrar o objetivo dela e traçar metas — diferentemente da consultoria de outras áreas, o coaching não diz o que tem que fazer e sim acompanha o cliente na obtenção do objetivo”.
É uma forma de assessoria, tanto para a vida pessoal e profissional, vinda de um profissional certificado por determinadas instituições, que utiliza ferramentas a fim de que seu cliente atinja os resultados que deseja. Na maior parte dos casos, são pessoas que estão infelizes com a situação que se encontra em determinado âmbito — desejo de se tornar mais saudável, desejo de mudar de emprego.
O caso de João Raposo, fisioterapeuta que trabalha com desenvolvimento humano e neurolinguística, é parecido. Ele buscava mudanças em sua vida profissional, que não combinava com seu estilo de vida, e buscou treinamentos com alguns coaches que já admirava.
Em entrevista, nos contou sobre os benefícios que teve após o treinamento: “mudou completamente minha cabeça. Acreditava “piamente” que para trabalhar tinha que atender presencialmente cada cliente. Não passava pela minha cabeça alavancar o negócio e ajudar muito mais pessoas da forma on-line! Hoje sou muito mais organizado com tempo. Eu otimizo meu tempo programando e criando rotinas”.
As críticas
O coaching vem levantando polêmicas no âmbito psicológico. Ao trabalhar também com questões sentimentais e psicológicas do cliente, profissionais da área da psicologia problematizam a técnica. O mestre em psicanálise pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Igor Teo, comenta em um post feito em sua conta no Medium que o real problema por trás do coaching não está em sua formação extra-acadêmica, nos seus termos em inglês fora de contexto ou no seu conteúdo que se aplica redutivamente a uma classe média.” O problema do coach está em sua precária visão de mundo”, enfatiza.
Uma outra forma de problematizar o coach seria sobre seu próprio conceito. Em entrevista à revista Exame, Svend Brinkmann, professor da Universidade de Aalborg, na Dinamarca, também criticou a tendência. Para ele, “o próprio conceito de coach, que vem do mundo dos esportes, pressupõe que você está competindo com os demais para vencer o jogo. Há um perigo em enxergar a vida como uma partida em que há vencedores e perdedores”.
O business coach Thales Miranda contou sobre o “preconceito” que sofre em sua profissão, afirmando que existe uma banalização, pois é mal compreendido. “As pessoas pensam que o coach é o cara que dá palpite, é o conselheiro — e não é verdade — e subjugam a pessoa por não ter capacidade de dar conselho. Mas, fazendo um parênteses com a psicologia, ninguém vai analisar a vida de um psicólogo para saber se ele tá pronto ou não para clinicar, porque ele usa uma técnica e não necessariamente é o melhor naquela questão que o cliente está passando. O coaching é a mesma coisa, são técnicas focado no cliente e não na experiência de vida dele. A experiência de vida dele contribui para a interpretação das questões do cliente”.
> texto desenvolvido para a disciplina de Jornalismo Impresso III, 6º semestre de Jornalismo na Unesp/Bauru.
