Comprei um celular da China, e agora?

Rafael Izzo
RafaelIzzo
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9 min readDec 5, 2016

Vou contar como venci o medo de ser feito de trouxa pelos chineses e como comprei um celular numa dessas lojas online que tanto chamam atenção. Depois de considerar celulares como o Moto G4 plus, o Quantum Fly e o Zenfone 3, acabei escolhendo o Redmi Note 3 Plus, da chinesa Xiaomi e vou contar por aqui como foi esse processo de escolha e quais são as minhas primeiras impressões do aparelho.

Para quem não conhece, a Xiaomi é uma startup chinesa que vem trazendo ótimos aparelhos Android para o mercado com custos realmente impressionantes. Conheci a empresa durante o curto período em que ela ofereceu um de seus celulares para o mercado brasileiro. Infelizmente a aventura tupiniquim dela durou pouco devido a desconfiança do nosso mercado ao modelo de vendas pouco usual deles e também devido a nossa já conhecida bagunça fiscal e tributária. De qualquer forma, enquanto eles passearam por aqui eu tive a sorte de comprar um aparelho deles pra minha esposa e a experiência não poderia ter sido melhor. O Redmi 2 Pro tem um desempenho sensacional pra um aparelho de R$700,00. Inclusive esse mesmo aparelho foi a minha 1a escolha quando o meu Zenfone 6 começou a pipocar na missão, mas infelizmente o estoque deles no Brasil estava todo esgotado.

Enquanto eu escolhia um novo celular no mercado brasileiro, eu confesso que paquerei alguns outros modelos da marca nos e-commerces chineses, mas a impossibilidade de parcelamento, o medo de ser taxado e a falta de garantia afastaram essa ideia da minha cabeça. Porém numa dessas andanças internéticas eu acabei caindo num grupo de usuários da Xiaomi no Facebook que foi essencial para mudar a minha mentalidade e eliminar todos os meus cagaços(ou grande parte deles). Lá eu pude ver a quantidade de pessoas que estavam satisfeitas com seus celulares e também tirei um pouco do medo referente as taxas cobradas pelo nosso governo pois pude constatar que a receita federal de alguma forma vem taxando estes aparelhos de maneira quase que padronizada. E foi dentro do próprio grupo que descobri que um dos sites chineses já estava fazendo compras parceladas para usuários brasileiros. A procura por estes produtos é tão grande, que hoje já são dois os sites que oferecem o parcelamento. Daqui a pouco surge o equivalente chinês ao “QUER PAGAR QUANTO?” das Casas Bahia, vocês vão ver.

Ah, e sobre a falta de garantia, pensei o seguinte: com a grana de um dos aparelhos nacionais que eu cogitava comprar eu poderia comprar DOIS celulares chineses. Se isso não me tranquilizasse, o que mais conseguiria?

Resolvidas essas pendências, era a hora da verdade. E dentre as várias opções da marca, o meu escolhido foi o Redmi Note 3 Pro.

Tá aí o monstrão. (Foto: tudocelular.com)

O aparelho é considerado um intermediário na linha da Xiaomi e você pode ver as especificações técnicas dele nesse link aqui ó. Alguns de vocês poderão notar que a própria Xiaomi já lançou um outro intermediário mais avançado que este modelo, o Redmi Note 4. O que me fez escolher a versão anterior foram basicamente 2 motivos: 1 — o preço (coisa de 100 reais mais em conta) e 2 — o processador. Não entendo muito dessa parte técnica, mas um dos meus problemas com o meu antigo celular era o fato dele ter um processador Intel e eu descobri da pior maneira que aparelhos que não possuem processador Qualcomm tem uma variedade um pouco menor de apps na Play Store e também tem uma dificuldade maior em receber atualizações. Não preciso ser nenhum gênio da computação pra entender que menos atualizações = vida útil menor do celular. Logo, mesmo sendo um modelo um pouco mais antigo (pouco mais de 3 meses de diferença), o modelo com o processador Qualcomm com certeza vai estar “utilizável” por mais tempo.

Falando um pouco sobre a experiência de compra em si, o site que aceita parcelamento é o DealExtreme. Mais uma vez o grupo de usuários da Xiaomi foi essencial pra me deixar mais tranquilo com relação a procedência do site. Com relação ao parcelamento, ele é possível através do Mercado Pago, então é necessário ter um cadastro na ferramenta pra possibilitar esta compra. O aparelho que comprei é este aqui. O site, assim como outros e-commerces chineses, possui tradução para o nosso português e também oferece a opção de mostrar os preços já na nossa moeda, o que facilita bastante a compra.

O procedimento de compra é idêntico a qualquer compra feita nos sites que temos aqui, com a diferença de que fui direcionado para o Mercado Pago no momento do pagamento. Após a confirmação de compra, os produtos levaram 2 dias úteis para serem liberados para entrega. E é aqui que começa o pesadelo dos ansiosos. Pelo que pude notar entre meus novos amigos ~xiaomaníacos~ esperas de 30 dias são bem comuns e alguns azarados chegam a esperar mais de 50 dias por suas encomendas. No meu caso, fiquei do lado dos sortudos, pois minha encomenda ficou disponível para retirada nos correios em 25 dias. Eu retirei e paguei os cerca de R$215,00 de taxa 4 dias depois. E a taxa ficou dentro do padrão que já esperava. No meu caso a embalagem veio através de uma empresa sueca, o que fez com que a embalagem saísse de Hong Kong, passasse pela Inglaterra e pela Suécia para aí sim vir para o Brasil.Isso fez com que o rastreio nos correios só ficasse disponível 13 dias depois do envio.

Enquanto o aparelho estava fazendo seu mochilão pelo mundo, eu aproveitei ao máximo as informações do grupo de usuários para me familiarizar com o aparelho e com a marca, e logo pude notar que um dos temas mais falados no grupo é sobre a famigerada shop rom. Shop rom é um sistema operacional modificado que as lojas chinesas costumam colocar nos aparelhos. É mais ou menos como acontece aqui no Brasil quando se compra um aparelho direto de uma operadora de celular. Aqui no Brasil geralmente as mudanças se restringem a pequenas alterações nos papeis de parede e pré-instalação de apps da operadora, mas no caso das lojas chinesas essas shop roms podem trazer problemas de uso para os celulares e em casos mais graves podem conter spywares e outros vírus que podem comprometer o uso. Não são todas as lojas que fazem isso, mas a recomendação dos gurus do grupo é a de que se troque o sistema operacional desses celulares por um sistema “limpo” assim que os aparelhos cheguem. E esse talvez seja o maior empecilho para a compra de um celular chinês por usuários mais básicos, por mais que as pessoas dissessem que a troca de rom era algo simples, eu confesso que quase me arrependi da compra quando descobri que havia a possibilidade de eu ter que fazer essa troca. Eu já havia trocado a rom de um dos meus primeiros smartphones, mas o que me preocupava era o fato de que qualquer erro nesse processo poderia bloquear o aparelho e fazer com que ele virasse um (não tão) caro peso de papel.

Pois no dia que o aparelho chegou, a ansiedade era dupla. Eu queria finalmente ver se o aparelho era tão bonito como nas fotos e também ver se eu teria ou não que trocar a rom dele. Existem várias formas de ver se a rom é ou não a original, mas duas delas são as mais certeiras: 1 — a shop rom não recebe atualização automática e 2 — nas especificações, a rom original geralmente tem 4 digitos, então se tiver mais de 4 digitos nas especificações do sistema, é shop.

Com isso em mente, abri a caixa e corri pra ligar o dito cujo o quanto antes, pra ver se eu precisaria ou não trocar o sistema. Como nem tudo na vida são flores, eu fui um dos sorteados a receber um celular com rom alterada. Fiquei desapontado por ter que fazer o tal processo de troca, mas confesso que consegui fazer a troca com relativa facilidade. É preciso bastante atenção no processo pois tem alguns pontos críticos, mas não é um bicho de sete cabeças. E só depois dessa troca de sistema é que realmente me senti o felizardo dono de um celular chinês. E bota felizardo nisso, o aparelho é simplesmente sensacional. A comparação com o meu celular antigo chega a dar pena. Os principais pontos positivos que pude constatar nesses 3 dias são:

Bateria — Apesar do celular não ser nenhum trambolho, ele possui 4.000mHa de capacidade de bateria. Eu não sei o que esse número significa, só sei que a bateria dura pra cacete, a ponto de eu não precisar mais carregar o celular no final de todos os dias. E o mais interessante é que apesar de oficialmente ele não ter aqueles carregamentos rápidos que estão na moda, a bateria carrega quase que na metade do tempo do meu antigo celular. Metade do tempo pra carregar com o triplo da capacidade, é ou não é pra rir a toa?

Sistema — O sistema da Xiaomi consegue ser muito fluido mesmo sendo completamente modificado em relação ao android original. eu já conhecia o sistema por causa do celular da minha esposa, mas agora tendo que mexer nele eu confesso que fiquei bastante satisfeito. A Xiaomi tem algumas sacadas interessantes como um modo criança para quem tem filhos e deixa os pequenos brincando com o aparelho e também o modo de criar um segundo espaço no aparelho para usar contas diferentes em apps como Whatsapp e facebook. Uma verdadeira mão na roda pra quem usa redes sociais do trabalho no celular, por exemplo. No entanto o sistema está longe de ser perfeito. Eu confesso que achei os menus um pouco confusos, com funções que podem ser executadas em dois lugares diferentes. Eu tive bastante dificuldade pra deixar as notificações aparecendo na tela de bloqueio, por exemplo. Essas opções poderiam ser mais simples.

Hardware — Eu não tenho coragem (nem dinheiro) pra comprar um smartphone topo de linha, por isso sempre procurei o melhor aparelho dentro dos intermediários. E analisando a experiência de uso desse aparelho eu não posso chamar o Redmi Note 3 Pro de intermediário. Definitivamente ele não pertence a categoria de celulares que eu estou acostumado a usar. Qualquer tarefa que executei nesses primeiros dias foi feita num piscar de olhos. Eu baixei jogos que nunca havia experimentado antes num celular e tudo rodou de forma muito lisa.

O total da compra foi de pouco menos de R$900,00. Com esse valor hoje você pode comprar um Moto G Play ou outro um Galaxy J5, mas nenhum desses dois celulares ou outros da mesma faixa de preços lambe as botas do Redmi Note 3 Pro. E eu arrisco dizer que nenhum celular até os R$2.000,00 chega perto do desempenho dele. O RN3P talvez perca a comparação com os celulares de R$1.500,00 a R$2.000,00 no quesito câmera, que realmente é o ponto mais fraco dele, principalmente quando temos pouca luz. Mas mesmo sendo um destaque negativo, ela ainda assim é melhor que as câmeras de qualquer celular na casa dos milão, podem acreditar.

Seguem algumas fotos pra que vocês tirem suas conclusões. Desconsiderando a falta de habilidade do fotógrafo, é claro!

Solzão + HDR ativado
Selfie marota que não pode faltar
Teste noturno
Uma chupeta.

No fim das contas, juntando todos os pontos positivos e negativos da experiência de compra e do aparelho em si, pra mim o resultado é extremamente positivo. A questão da troca da rom é o maior ponto negativo, pois com certeza deve afastar muita gente que poderia aproveitar o celular mas que tem medo de fazer o processo de troca de sistema. Mas se você é daqueles fuceiros maroto que programavam o videocassete da tia chata quando era moleque, vai tirar de letra esse processo e vai aproveitar um PUTA celular por um PUTA preço.

Meu monstrão fotogrado pelo antigo Zenfone 6

Ah, e o Mercado Livre tá cheio de aparelho da Xiaomi pra saciar a vontade daqueles que não querem passar pelo perrengue da importação ou da troca de rom.

É claro que uma experiência de 3 dias não vai ser suficiente pra cravar se a compra valeu ou não a pena, então prometo atualizar esse texto caso aconteça qualquer novidade. Para o bem ou para o mal.

PS.: Qualquer dúvida sobre o celular ou sobre a compra, liga nós nos comentários.

PS2.: Se vocês curtirem o texto, por favor cliquem no coraçãozinho aqui embaixo pra fazer com que o texto chegue pra mais gente! Valeu!

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Rafael Izzo
RafaelIzzo

Escrevo porque falta cara de pau pra fazer vídeo.