Red Dead Redemption 2 — A Arte da Redenção

Rafael Izzo
RafaelIzzo
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5 min readApr 12, 2019
Arthur Morgan e seu cavalo Talkey

Eu confesso que sou muito suspeito pra falar de Red Dead Redemption 2 pois essa franquia me ganhou desde o 1º trailer do 1º jogo. Pra terem uma ideia, eu comprei o meu Xbox 360 no mês de lançamento do jogo, basicamente pra poder conhecer este universo. E RDR1 foi o 1º jogo que voltei a jogar para zerar de novo, de tão boa que era aquela história. Aliás, quando se fala em videogame, é muito complicado falar em história boa, pois nunca é só uma história. Acho que a palavra que melhor se encaixa nesse caso é EXPERIÊNCIA. E no caso de RDR1 a experiência girava em torno de John Marston e sua saga para eliminar antigos membros de sua gangue de ladrões para poder voltar a viver uma vida normal com sua família. Os cenários, a mecânica e a saga de redenção foram mais do que suficientes para que eu mergulhasse naquela experiência de corpo e alma por ANOS. De 2010 a 2014 eu acredito que tenha zerado RDR 1 por pelo menos 3 vezes, fora as incontáveis horas passadas simplesmente cavalgando pelo mapa, caçando, buscando segredos etc.

Com o tempo o interesse pelo videogame em si foi diminuindo até o momento em que simplesmente coloquei o dito cujo numa caixa no fundo do guarda-roupa. A nova geração veio com gráficos impressionantes, poder de processamento quase ilimitado, mas a minha vontade de voltar a o universo dos games continuava bem baixa. Isso até a rockstar resolver DO NADA anunciar a sequência de RDR. Com alguns segundos de trailer eu já tinha uma certeza: era hora de comprar um novo vídeo game. Pois bem, um mês antes do lançamento de RDR2, lá estava eu comprando e instalando meu PS4 em casa. E no fim de semana de lançamento, eu fui um dos muitos empolgados que pagou 250 mangos no jogo sem chorar.

Além de poder voltar a um universo que havia me fascinado tanto, um outro ponto que havia me fisgado em RDR2 era a sua tão propagada grandeza. A 1ª vez que zerei RDR1 eu devo ter levado uns bons 6 ou 7 meses jogando. Se considerarmos que o mapa de RDR2 é quase 4 vezes maior que o mapa do 1º, estamos falando em bom divertimento para mais de um ano considerando a quantidade de horas semanais que passo jogando.

Acontece que, menos de 5 meses depois, aqui estou eu, no limite de zerar Red Dead Redemption 2. Eu sei que não é um prazo absurdo, afinal de contas eu trabalho, tenho dois filhos, inclusive uma filha que batalha ferozmente comigo pelo controle, pois ela é uma das milhões de fãs de Fortnite. Então estes 5 meses para mim foram como se eu tivesse devorado o jogo em um fim de semana. Isso aconteceu pois apesar do jogo ser realmente MUITO MAIOR, a história dele tem menos barriga que RDR1. Durante o 1º jogo, entre as missões no México e o terço final do jogo, eu meio que me desliguei da história e fui desbravar o mapa, caçar animais e buscar um pouco de dinheiro para poder comprar melhores armas etc. No caso de RDR2 eu fiz um pouco disso também, mas a vontade de chegar ao fim da história e entender a conexão com os dois jogos me guiou para que eu fosse logo para as missões principais. E eu sinto que fui recompensado por ter feito essa escolha, pois só ao observar os dois arcos completos é possível ver o tamanho e a qualidade da história criada pela Rockstar. Não que seja obrigatório ter jogado o 1º jogo pra entender esse, mas quando você tem esse background, toda a história cresce demais. A gangue de desajustados retratada no 1º jogo é mostrada quase que como uma família no início dessa saga, o que fez com que eu repensasse boa parte dos sentimentos que RDR1 me proporcionou.

Sobre a qualidade do jogo em si, fica muito difícil de falar depois de tantas reviews positivas. Veículos como o New York Times chamando o jogo de “O Poderoso Chefão” da nossa era dizem muito mais sobre o game do que algo que eu possa acrescentar. O que posso dizer é que todas as qualidades exaltadas nas críticas são muito reais. O universo retratado no jogo é ASSUSTADORAMENTE vivo. Os personagens que passeiam pelo jogo têm suas rotinas, trabalhos… Construções são erguidas durante a experiência e pequenas surpresas são encontradas em cada centímetro do mapa, seja na forma de easter eggs ou mesmo na forma de um belo por do sol entre as montanhas. A história, como já disse acima, é cheia de subtramas interessantíssimas e vai ganhando densidade a medida que o jogo avança. O seu ápice é realmente digno de ser comparado aos grandes dramas do cinema. Um dos detalhes mais impressionantes na história é a forma como a Rockstar evolui a narrativa do personagem principal, Arthur Morgan.

No 1º jogo nós tínhamos um personagem com uma motivação clara e muito fácil de se identificar, afinal de contas poucos laços são mais fortes que os laços familiares. No caso de Arthur Morgan, encontramos um personagem muito mais bruto, cujo único laço relativamente familiar que temos é o dele com os outros membros da gangue. A princípio seria um personagem muito difícil de se criar empatia, mas a forma como a Rockstar constrói sua história é coisa digna de Oscar. Se no 1º jogo a motivação do personagem é externa (proteger e voltar pra sua família), neste jogo a motivação é totalmente interna. A medida que os planos da gangue vão falhando, Morgan passa a questionar sua vida e principalmente o seu papel dentro daquele mundo. E por tabela, nos faz ter os mesmos questionamentos. Fica difícil falar muito sobre a história sem revelar segredos importantes, mas a partir do capítulo 5, jogamos com um misto de medo e angustia de querer ou não saber como tudo aquilo terminará. E isso é ótimo.

Apesar deste sentimento amargo que experimentamos, a parte final do jogo reserva um agradável presente para quem já jogou a 1ª parte: o mapa do Red Dead Redemption Original é finalmente aberto, proporcionando um bem vindo sentimento de nostalgia. E também dando a esperança de que a Rockstar em breve pode relançar o 1º jogo com os gráficos e mecânicas do 2º. Apenas faça isso acontecer Rockstar, por favor.

Cenas como essa ficam pra sempre marcadas na nossa memória.

De qualquer forma, Red Dead Redemption 2 é uma experiência mais que recomendada pra qualquer pessoa. Independente de você ter ou não jogado a parte 1, ou mesmo se você não faz o tipo gamer… se possível, se dê essa chance de aproveitar uma das peças de arte mais bem elaboradas e prazerosas deste século.

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Rafael Izzo
RafaelIzzo

Escrevo porque falta cara de pau pra fazer vídeo.