Subindo, ilusoriamente, a escada corporativa.

Rafa Hansen
RafaHansen
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4 min readMay 2, 2019
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Passamos grande parte da vida tentando optimizar todas as nossas ferramentas de produtividade na vida profissional: sistemas para melhorar utilizar email, aplicativos de produtividade, organização milimétrica da agenda, diminuição das reuniões, secretária para não fazer coisas menores, podcast em 2x a velocidade, café para acelerar, álcool para desacelerar e por aí em diante.

O mito do “Ansiedade faz parte, daqui a pouco eu chego lá (?) e relaxo”. Onde é lá?

Queremos subir a escada corporativa mais rapidamente. Queremos atingir aquela promoção mais rápido, queremos chegar no salário ideal de x mil reais. Queremos ser vistos de tal forma pela sociedade. Achamos que isso nos trará reconhecimento, felicidade e finalmente o senso de realização.

Mas não.

Não estamos em uma escada no caminho para o topo, estamos em uma esteira. Estamos correndo, correndo, correndo e não estamos saindo do lugar. Estamos aumentando a intensidade, aumentando a inclinação, exigindo mais de nós mesmos, atingindo pequenas marcas de sucesso externo, mas continuamos na mesma esteira, no mesmo lugar.

Estamos na Ferrari dando volta na mesma rotunda.

Estamos na roda gigante achando que a próxima vez no topo é onde queremos chegar.

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Maximizamos nossa vida profissional achando que isso é a resposta pela satisfação da vida pessoal.

A vida vem se tornando cada vez mais uma perseguição por uma ilusão. A perseguição da cenoura inalcançável. Não, errei. O grande problema é que a cenoura é real — e muitos a alcançam — mas, na maioria esmagadora dos casos, não é um propósito verdadeiro e real. Não é um objetivo que trás a realização.

Não trás a felicidade.

Não trás o tão esperado senso de conquista.

Não trás o preenchimento.

Pode ser uma conquista na percepção da sociedade, mas provavelmente não será uma conquista do seu interior. Não será algo que você olhará para trás e falará “essa conquista me preenche”.

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Ou, morbidamente falando (mas é um excelente exercício), pense no dia da sua morte; ninguém falará “Fulaninho foi uma pessoa muito boa, lembra daquela promoção que ele recebeu no trabalho? É!! Foi promovido em 3 meses e ganhou uma salário de Y!” — de jeito nenhum! Provavelmente falarão do valor que você gerou, dos relacionamentos que você teve, as pessoas que você ajudou, o amor que você cativou, a energia que você teve e a vida que você aproveitou. É um exercício um pouco pesado, mas por isso mesmo que pode ter um impacto significante em nossas vidas.

A promoção no trabalho, o aumento do salário, a conquista das metas impossíveis, tudo isso é legal. Mas na verdade tudo isso não representa nada — ela representa uma felicidade rasa, momentânea, que em seguida nos deixará atrás da próxima meta — sem nunca realmente valorizarmos o que fizemos. A próxima meta é sempre a mais importante e assim sucessivamente até a morte.

Deixa eu me explicar melhor; se essas promoções e conquistas monetárias estiverem alinhadas com nossa motivação, com nossa felicidade, então perfeito, tudo certo. É assim que deve ser. Porém, se acreditamos que estes objetivos nos trarão a felicidade ou satisfação em um momento futuro, que o sacrifício do hoje é em prol do amanhã, aí sim estamos desperdiçando nossas vidas.

Quando vamos parar para nos preencher com coisas que realmente preecham? Quando vamos ouvir nossos corpos falando que não aguentam mais o stress, a ansiedade, o burnout, o cansaço acumulado, a insatisfação e a falta de realização? Quando estiver deprimido?

Quando vamos entender quem realmente somos, quais são os nossos reais objetivos e qual é o nosso verdadeiro chamado de vida?

Nunca?

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E não digo que os objetivos são ruins, ou que ganhar dinheiro e subir na vida é uma ilusão, jamais! Mas isso tudo é consequência de fazer o que você faz com qualidade, amor, dedicação e motivação. É desconstruir quem você acha que é para entender e construir quem você realmente é — indo atrás do que você realmente quer. Com energia, contribuindo para o mundo, impactando vidas de terceiros positivamente, se preenchendo, se motivando e, finalmente, sendo feliz no hoje.

Saia da ilusão.

Pense quem estabeleceu seus objetivos.

O objetivo que você está atrás é compatível com sua personalidade e reais motivações? Possivelmente você nem saiba sua real personalidade e motivações, talvez você seja o que a sociedade quis que você fosse.

Meu objetivo com esse projeto é trabalharmos para desconstruirmos quem achamos que somos para depois montarmos quem realmente somos.

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Rafa Hansen
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Written by Rafa Hansen

Vendo de fora sou investidor e empreendedor. Se chegar mais perto sou um eterno curioso pelo desenvolvimento de metodologias para aperfeiçoar nossa jornada.