Conquistando o One Piece (Parte 01)

Pedro Henrique
Raijuu!!
Published in
6 min readJan 28, 2018

One Piece (ワンピース), de Eiichiro Oda, é o maior mangá de todos os tempos. Com um alcance mundial absurdo e uma base de fãs fora de série, as aventura do pirata Luffy em busca do tesouro One Piece é um fenômeno da cultura pop. Para mim, One Piece sempre foi algo que eu adoraria consumir, mas esbarrava na barreira do quão grande o seu universo já é. O mangá já possui quase 900 capítulos e o anime já conta com mais de 800 episódios. Independente da frente que você selecione, uma grande montanha te aguarda. Mas decidi largar o medo/preguiça de lado e começar. E de uma forma completamente imbecil…

Sempre que vão te recomendar One Piece dizem: “leia o mangá!”. A justificativa é simples: o anime não é muito bom. Com episódios semanais desde 20 de outubro de 1999, é complicado manter um padrão de qualidade de animação que estamos mais habituados a notar hoje em dia em produções sazonais. E não só isso. Oda é um gênio dos quadrinhos. Sua habilidade de fazer o quadrinhos se sentir fluido, expressar fluidez tanto de movimento quanto de quadros de diálogo e a sua capacidade ímpar de criar personagens únicos e, por vezes, simpaticamente caricatos o colocam em um patamar de poucos.

É desperdício consumir One Piece ignorando o seu mangá. Porém, eu sou entusiasta de animação incorrigível. Eu quero ver o anime também. Por que não unir ambos? E então eu tive a brilhante (NÃO!) ideia de consumir ambos simultaneamente!!! Sim, sou um idiota. Mas pilhei, não tem jeito. Em cada um dos textos abordarei 3 volumes do mangá e seus respectivos episódios. Além de comentar meus sentimentos para com a história, vou brincar de comparar bastante. Vai ter SPOILERS! Se quiser, entra no meu barco aí e vamos!

Oi, Luffy!

Luffy é apresentado de formas diferentes no mangá e no anime, apesar de passearem pelos mesmos locais. E eu confesso que gosto um pouco mais do trabalho do anime nesse aspecto. O primeiro capítulo do mangá é a história de Luffy criança, já o anime começa com o segundo capítulo do mangá, que é o da Alvida. Eles esticam um pouco a trama para entendermos melhor como o protagonista funciona, como ele forma seus laços, nesse caso com Koby, aquele gurizinho bobo com medo de tudo, e ainda vemos Nami roubando coisas que é meio que toda a motivação dela em seu início de arco. O capítulo da infância de Luffy só é apresentado no episódio 4 do anime, já com o Zoro estabelecido. A partir do Zoro, aliás, é difícil já não ficar do lado do mangá.

Com essa disposição de histórias, o anime tem a vantagem de te mostrar um Luffy já pronto para a ação e dando uma palhinha de alguns conceitos importantes do universo que serão estabelecidos nos próximos episódios. Desta forma, os pequenos mistérios ficam mais gostosos de serem descobertos com a expectativa.

Talvez a maior virtude e o maior revés do anime seja a época que foi feito. Muito dos modismos do final dos anos 90 e início dos 2000 na indústria estão ali, como algumas trilhas sonoras altas demais em determinados momentos e aproximação e afastamento de imagens estáticas. Eu vejo como um charme, mas muitos não gostam e é totalmente compreensível. E eu entendo mais ainda quando o ódio é pelas trilhas altas, isto realmente incomoda. Mas nem tudo é tristeza. O anime trabalha de forma especial com uma coisa: os cenários.

Amém, cenários!

Os cenários são pinturas! Este visual casa muito bem com os personagens caricatos do Oda transitando por eles. One Piece é uma obra muito vibrante. Isso passa pelas cores e vestimentas de seus personagens. Isso pode se perder um pouco no mangá, mas não é perdido aqui. E os cenários conseguem captar bem esta aura e, mais importante, conseguir se fazer visto mesmo sem roubar o foco do que é realmente importante. Espero que prossiga pelos milhões de episódios à frente.

Só que tem uma coisa que o anime perde bastante quando em comparação ao mangá e ela reflete totalmente em como Eiichiro Oda leva sua narrativa…

O Oda é outro nível, né?

Oda salta muito bem entre três pilares importantes para um shounen: a comédia, a ação e o drama. Talvez, o que torne esta obra realmente especial e já é notável desde os primeiros capítulos é o seu drama. O peso nas motivações de cada um dos personagens é palpável e os torna bastante humanos. Luffy, por exemplo, tem no seu chapéu de palha sua personificação inteira. É um tesouro inestimável pra ele e Oda faz questão de te apresentar esta história. As espadas de Zoro tem a mesma relação de importância para com o personagem. E até os vilões tem suas histórias apresentadas, como o Buggy, além de outros que ganham espaço para construir bem em cima de novas histórias, como a relação de Luffy com Yassop, pai de Usopp.

No quadro acima, quando Buggy corta o chapéu de Luffy, você entende a dor. Você entende o olhar de desespero, a mão não conseguindo alcançar e toda a tempestade mental de ver a sua promessa sendo quebrada. Quando você consegue entender essa importância tão cedo na história, é porque foi tudo montado eficazmente. E, apesar de eu achar o trabalho do anime competente nesse momento, o ritmo de leitura do mangá é deliciosa. E em algumas poucas páginas depois tudo transita para a comédia e você tá rindo que nem um idiota. Este é o poder de um ótimo quadrinista.

Momentos favoritos!

The real MVP.

Impossível não apontar a luta de Luffy contra Buggy como o grande momento desse início, principalmente no mangá. O trabalho de Oda é magistral no ritmo da batalha, sempre transitando muito bem entre humor, ação e drama. Passar bem os três momentos em intervalos pequenos de quadros é de uma qualidade que vejo muito pouco por aí.

Toda a história do cachorrinho Chouchou que protege a todo custo a loja de seu antigo dono também é brilhante. Aqui é puro drama e funciona muito bem, e atende a alguns propósitos importantes, como mostrar a humanidade de Luffy em relação a dos outros piratas em questão, que passa imediatamente para Nami, que acredita que todos os piratas são iguais em maldade. Ela começar a entender o Luffy como pessoa e não como um estereótipo horrível que ela montou em sua cabeça, e é o que a leva a acompanhá-lo.

Por fim, gosto do apresentação de Usopp e em como ele é praticamente uma nova visão (mais positiva) daquele conto infantil clássico do garoto que alerta as pessoas da vila sobre lobos, sendo que é mentira. Aí um dia rola de verdade, ele tenta alertar e ninguém acredita. Troque lobo por piratas e tá feito!

Resumindo um pouco a história: passamos pela infância de Luffy, Koby conseguindo se livrar de Alvida e entrando na Marinha, Zoro se tornando o primeiro companheiro de Luffy, saga do Buggy aonde Nami se une ao grupo e vamos até um pedaço da saga de apresentação de Usopp, até aonde o Capitão Kuro revela seu plano. Isso vai até o episódio 10 e 11. A batalha do arco se aproxima. Mas isso fica para um próximo texto…

P.S.: Sei que ficou meio review, e isso me incomodou, mas pra estabelecer as coisas eu meio que queria tirar isso da frente. A partir do próximo vai ter mais como eu respondo as histórias e comparações.

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