Notinhas sobre The Night Is Short, Walk on Girl

Pedro Henrique
Raijuu!!
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3 min readJan 2, 2018

Não é a primeira vez que eu venho aqui rasgar elogios para algo encabeçado por Masaaki Yuasa. Provavelmente não vai ser a última, também. Mas sempre que eu consumo alguma coisa que Yuasa teve a chance de colocar as mãos, eu sinto uma necessidade fora do comum de gritar ao mundo para assistir. Desta vez foi The Night Is Short, Walk on Girl (夜は短し歩けよ乙女) que conquistou meu coração.

Lembra de The Tatami Galaxy (四畳半神話大系)? A série de 2010 é uma das obras mais aclamadas não só daquele ano, mas de um modo geral por sua forma única de contar a história e sua arte característica. Yuasa era o diretor e a obra foi baseada num romance de Tomihiko Morimi. Walk on Girl reúne novamente esta dupla. E isso já é mais do que motivo suficiente pra correr atrás desse filme.

Assim como em Tatami, temos uma protagonista sem nome. Chamada de Kurokami no Otome (Mulher do Cabelo Preto), nossa heroína é uma jovem que, durante apenas uma noite, passa por um pubcrawl, uma busca por um livro de sua infância, uma peça musical de teatro de guerrilha, uma epidemia de gripe e vendavais e outras loucuras enquanto forma laços com pessoas novas, desfruta de novas experiências e dá vazão a sua juventude. Ao mesmo tempo temos o Senpai, um veterano de nossa heroína que sustenta uma paixão platônica por ela e, ainda nesta noite, quer dar seu primeiro passo para conhecê-la além de encontros ocasionais forçados.

FLASH???

Se por um lado temos uma mulher independente que não se importa muito com o que vem pela frente e só segue o que seu coração pede, temos do outro lado um homem completamente inseguro e atrapalhado. E, ao decorrer dessa noite, vemos ambos evoluindo sua modo de agir e compreendendo melhor o seu lugar no mundo, explorando seus medos e tentando superá-los, de uma forma tão pessoal que nasce tanto graças ao ótimo texto de Morimi quanto a animação do estúdio Science SARU, com a liderança de Yuasa.

Como de costume, o Flash é predominante na animação. É meio assombroso o quão o Science SARU consegue crescer nas limitações de sua ferramenta e criar belíssimas composições. Além de dar um caráter muito pessoal à obra, também dá dinamismo em certos momentos com seu traço mais simples. Não é incomum estranhar nos primeiros minutos, mas após aceitar a proposta é uma experiência pessoal rica, admirando uma escola diferente de arte.

O que define Walk On Girl pra mim é autenticidade. É como saborear uma bebida que você só conhecia como uma lenda e ela ser tão maravilhosa quanto você imaginava. O desejo maior era que aquela história nunca acabasse. Com um humor afiado e com situações tão únicas, não dá para não querer ver nossa heroína em mais uma noite de loucuras com todos aqueles personagens interessantes explorando outras coisas em Kyoto.

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