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Dois mil e dezoito

Raissa Oliveira
Raissa Azevedo
Published in
3 min readDec 14, 2018

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Não sou jornalista, muito menos escritora — afinal, que tipo de jornalista ainda escreve à mão? Só me atrevo a escrever eventualmente, sobre coisas da vida, quando os sentimentos me transbordam. Mas não, isso não será um texto sobre amor, por mais que não me faltem os motivos — ou a quem dedicar. Será uma declaração, ou melhor, uma afirmação, sobre a vida e sua magnitude.

Durante esse ano a vida me pegou de jeito. 2018 não foi um ano fácil, isso posso afirmar sem um pingo de dúvidas. Comecei o ano na aura de maravilhas e ilusões — tal qual a ideia de recomeços que as viradas de ano proporcionam. Não demorou muito até a realidade me derrubar. O que demorou, em meu caso, foi a minha percepção de que eu já estava ali no chão, afundando. Foram dias escuros, perdi quem já deveria ter partido muito antes do ano começar. Por fim, amadureci. Foi um passo essencial para que eu me preparasse para tudo que ainda tinha pela frente no ano. Pude me reencontrar e me refazer antes de começar novas fases.

Houve muita dúvida e muita incerteza ao passar para a faculdade. Nunca antes havia me imaginado ali naquele curso, talvez por limitação da minha própria imaginação, não da minha capacidade. Acredito que sempre tive medo de ousar. Contudo, pulemos as inseguranças, sei que fazem parte do fluxo das coisas, mas prometi falar da magnitude da vida e certamente ela abrange bem além dos medos profundos e infundados que nos permeiam.

Com o início da faculdade, me permiti experimentar. Entrei em tudo que pude, conheci quantas pessoas fui capaz, estudei — até certo ponto — o quanto consegui, bebi tanto quanto mereci. Fiz valer a pena aquela chance de iniciar algo novo que o ano novo havia me prometido, mesmo que desgastada e atrasada em uns 6 meses. Aprendi profundamente sobre a beleza da vida e me relembrei o quanto ela vale a pena.

Ainda não consigo compreender como que um certo período de tempo pôde se mover tão rápido e ainda parecer tão lento. Os acontecimentos desse último semestre ainda flutuam na minha cabeça tentando se acomodar em memórias.

O mais surpreendente para mim, é que eu nunca fui de socializar com muitas pessoas, porém, ao longo desses últimos meses me pareceu impossível não socializar com todos, visto a energia que pulsa daquelas pessoas. De algumas, ainda, de forma mais especial. No fim, me conectei com poucas delas verdadeiramente, mas onde me liguei, eu pretendo permanecer — e espero que tenha essa permissão.

No geral, foi um ano de muitas conexões, quebras, consertos e reparos. Evolui 3 anos em um, se não mais. Me identifiquei como pessoa, quem sabe também como profissional. Tanto é que em minha maior despretensão acabei escrevendo um relato sobre todo o meu ano.

Como suposta jornalista talvez tenha me faltado um direcionamento mais político para ressaltar as mazelas que esse ano destacou. Mas por isso mesmo que eu me atenho a ser — por enquanto — apenas uma simples escritora das coisas do porão, tal qual meu querido Belchior.

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Raissa Oliveira
Raissa Azevedo

Feminista. Apaixonada pelo universo, por músicas e por doces. Acredita que (quase) tudo pode ser relativo. Escrevendo para aliviar e alimentar a alma.