Ressignificações
Em uma noite você está correndo na chuva com suas amigas, quase bêbada, após uma noite incrível de mais um pré carnaval, na outra você passa pelo mesmo local e as pessoas estão simplesmente lá. Ocupando aquele lugar, vivendo suas vidas, seguindo.
A vida é simplesmente assim, o tempo passa, a vida segue. Normalmente não é tão rápido assim, possivelmente é mais doloroso… Mas sempre acontece, o tempo não para, já dizia Cazuza.
Inutilmente nós tentamos nos apegar aos detalhes para manter as boas lembranças vivas — já que nossa memória não é digna de confiança -, mas de pouco adianta. As boas lembranças vão embora, tanto quanto as ruins. Mesmo os momentos lindos vivenciados com os amigos de anos, ou os belos momentos de amor com a garota por quem você se apaixonou, isso uma hora se vai. E ninguém mais saberá daquilo, daqueles detalhes, daqueles cheiros ou daquelas emoções.
Mas não, isso não é um texto derrotista sobre como a vida é ruim. Isso é meramente uma casualidade, tanto quanto a certeza da morte, temos a certeza de que tudo passa. Sei que isso é mais uma frase batida com a qual nos apegamos quando estamos em um momento ruim, afinal, melhor pensar que somente o ruim passa e o bom fica, contudo a vida não é tão justa assim, ainda assim é maravilhosa.
Por mais clichê que seja o conceito de carpem diem, ele nunca se fará errado. Temos que nos apegar ao presente, pois ele é tudo o que temos. Por mais que hoje seja um dia lindo e a chuva esteja caindo e você nem se importe de estar se molhando, afinal a vida está bela demais para se importar com qualquer coisa, amanhã essa lembrança será somente sua. Amanhã as outras pessoas estarão seguindo seus caminhos, vivendo seus destinos. Ignorando o que quer que tenha acontecido ali ontem, ou anteontem, ou semana passada — afinal a memória coletiva é algo mais efêmero ainda.
Mas nem por isso a vida vale menos a pena, porque no fim, o que importa é que aquele segundo — esse mesmo, que você está vivendo agora — esteja valendo.
