Trinta e dois

Raissa Oliveira
Raissa Azevedo
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3 min readFeb 6, 2019
Vista do Sky Gardens

32 dias em Londres, Inglaterra. 32 dias longe de casa. 32 dias longe de tudo e todos meus conhecidos. 32 dias aventuras diárias. 32 dias únicos.

O medo de estar sozinha, logo, de ser a única responsável por mim mesma, me paralisou nos primeiros dias. Cabia a mim fazer minhas escolhas, cabia a mim decidir para onde ir, onde comer, como chegar nos locais. São tantas microescolhas ao longo de nossos dias que nem percebemos e o mais impressionante é que todas são realizadas — ou pelo menos influenciadas por terceiros. Nossos pais, nossos amigos, nossos parceiros e, por que não, até nossos animais, acabam por ditar o que, quando, como e onde vamos seguir por nossos dias.

Contudo, quando estamos sozinhos é quando percebemos os efeitos dessas escolhas em nossas vidas — assim como nos é mostrado em qualquer mensagem genérica de inspiração — só valorizamos as coisas quando as perdemos.

Não ter ninguém para escolher por ou com você, faz nos sentirmos como um pequeno grão numa imensidão infinita — uma percepção nada diferente da realidade do universo, mas que nos esforçamos em ignorar. Agora, adicionado a isso, imagine estar em uma das cidades mais influentes do mundo.

Londres é verdadeiramente tudo o que parece ser quando vemos aqui de fora. Exceto que quando se está lá, todas suas expectativas são quebradas, sendo superadas a cada esquina. É uma cidade que pulsa, vibra e exala vivacidade.

É difícil — senão impossível — não se deixar levar pelo seu fluxo. Apesar disso, Londres não é uma cidade para qualquer um. Ela demanda coragem. Lembra das microescolhas? A cidade as demanda. E ela demanda assim mesmo, como se fosse um órgão vivo. Tem tanto para ser descoberto e tanto para ser vivido, mas prefiro me ater às pessoas que se tem para conhecer. Não os próprios britânicos, eles são a menor parte de toda a história. O mais importante de lá é que você pode conhecer o mundo através das pessoas.

Quando se entra no ônibus já é possível ouvir ao menos 3 idiomas diferentes ao seu redor, em todo e qualquer ponto é um ponto turístico. Além disso em absolutamente qualquer buraco você encontra algum brasileiro. Lá é verdadeiramente uma cidade cosmopolita, cheia de fascínios, cheia de pessoas incríveis e histórias que valem a pena ser ouvidas.

Impossível você estar preparado para ir — mas certamente deveria.

Talvez eu seja suspeita para elogiar esta cidade, afinal ela é parte dos meus sonhos desde os 11 anos, quando comecei a ter noção de que existia todo um mundo lá fora, por meio dos livros e fantasias, mas posso afirmar que ela é realmente o sonho. Ela não me decepcionou nem por um minuto, nem quando estava perdida por suas ruas, nem mesmo com as pessoas dela, o que por si só já é surpreendente. Meu coração já pulsa pra retornar para lá, mesmo tendo acabado de voltar. E um dia vai, mas não mais sozinho.

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Raissa Oliveira
Raissa Azevedo

Feminista. Apaixonada pelo universo, por músicas e por doces. Acredita que (quase) tudo pode ser relativo. Escrevendo para aliviar e alimentar a alma.