Ilustração de Vera Voishvilo

Apresentando os entregáveis de UX

histórias de uma pessoa que aprendeu os esquemas estando nele.

Rayssa Araújo
Published in
6 min readMay 3, 2017

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O campo do UX ainda está em processo de evolução e muitas empresas ainda não sabem como o profissional pode acrescentar à sua equipe e se realmente vale a pena o investimento. Fica a dúvida de como apresentar pra quem não conhece os nossos entregáveis e como defender o valor de focar em aspectos como usabilidade e experiências que realmente sejam significativas e que tragam valor pro seu produto sem ser conhecido somente por “resolvedor de todo e qualquer problema”, que é a queixa de muitos profissionais que eu tenho contato.

👏 Entregáveis e Métodos de UX

Os tipos de materiais podem diferenciar entre um projeto e outro de acordo com a expectativa do cliente, com os membros que estão envolvidos, o escopo e o tempo de projeto do produto que está sendo desenvolvido, mas normalmente, o profissional de UX já tem um cinto de utilidades que podem ser oferecidos quando precisa e dependendo da área em que está sendo envolvido no seu dia-a-dia. No meu caso, eu estava dentro da área de Gente e Gestão de uma empresa, logo, todos os processos de RH me interessavam e eram os meus focos na hora de oferecer esses entregáveis e métodos.

E tem disso também, o profissional de UX se adapta ao projeto e contexto que está inserido. O que é incrível pra quem está na área. A gente aprende muito! Eu vejo os profissionais de UX muito como uma pessoa que compreende os processos com a visão de quem realmente vai mexer no projeto intensamente munido de uma visão de negócio. É o ponto inicial e o final de toda a jornada.

O Caio, Bruno e Fabricio Teixeira do Uxdesign.cc Brasil montaram uma lista bem interessante que mostra algum desses entregáveis com um monte de links úteis sobre cada um deles, gostei e uso de referência também.

A good UX deliverable clearly communicates its purpose and what it’s trying to achieve. It anticipates any questions / scenarios which may be posed.” — Nick Haley, Head de UX na Guardian Media

Ilustração de Chris Phillips

👏 Apresentando os entregáveis

Essa era a parte mais difícil pra mim. Eu tenho um problema com apresentações e tudo que me coloque em primeiro plano. Inclusive, atender telefone, por exemplo. Ter esse contato onde há uma grande espera pela ação do outro. É um dos pontos em que ser UX me ajuda muito. Eu gosto do comportamento humano, mas é um desafio mais do que pessoal lidar com ele.

Pensando bem no momento da apresentação, ele pode até parecer mais leve já que todo o peso da pesquisa, do entendimento do projeto já foi feito. Agora é só ir na frente do restante do time e mostrar os resultados e soluções encontradas por você. Não tem muito mistério — pra quem não tem medo de palco hehe. Você não pode esquecer que suas escolhas e como você as transmitem são influenciadores de decisões também.

Dica: Se você estiver em uma empresa como a que eu estou, em que o valor do UX está sendo provado dia após dia, e tem o desafio de implementação de métodos ágeis em um ambiente corporativo tradicional, é interessante mostrar um panorama geral do projeto e todos os entregáveis feitos antes de entrar nos mínimos detalhes de cada um.

“Há uma forma de coragem que se baseia no mesmo princípio — vulnerabilidade pessoal-, mas não expõe o protagonista a um perigo físico imediato. É a coragem psicológica necessária para se colocar — por vontade própria- diante de um público potencialmente hostil e expressar seus sentimentos e ideias.” Will Gompertz

👀 A temida apresentação em si

Eu tenho alguns processos que podem ser comparados ao de uma criança fazendo trabalho de colégio, mas confesso que os meus momentos de criação eu vou do caos a ordem (nem sempre).

〰️ Primeiro passo: Eu me imagino como expectadora e saio anotando todas as ideias que eu tenho sobre aquele assunto, sejam elas dúvidas ou interesses, em um papel, post-it, qualquer coisa paupável. Sem me preocupar com a ordem dos fatos ou como eu incluiria no contexto da apresentação, é um brainstorm, eu vou destrinchando tudo o que surgir na minha mente.

〰️ Segundo passo: Eu leio tudo o que foi escrito e começo a organizar em um discurso, assim eu posso separar os devidos momentos na apresentação a partir do conteúdo ou projeto que eu me proponho a apresentar. E organizo como se fosse apresentar para uma criança. Quando eu digo isso, quero dizer com um nível de explicação básica e esperando a curiosidade de uma.

〰️ Terceiro passo: Eu começo a montar visualmente a apresentação.

Na hora de apresentar, use os primeiros minutos para recapitular o contexto, contar o que você fez para alcançar aquele resultado final e pergunte se alguém tem alguma dúvida antes de começar a mostrar o documento.

🗒 Mas e os documentos mesmo? Como organizá-los?

  • Sempre que der, use protótipos e mockups, representações visuais do que é o seu produto. A percepção e entendimento do usuário — seja ele um cliente ou uma equipe — fica melhor quando trazemos de uma forma mais visual os projetos. Quando eu trabalhei em agência de publicidade isso era bastante visível, o esforço cognitivo fica mais leve e a reunião flui de uma forma bem mais amigável, com menores riscos de interpretações errôneas também.
  • Para casos como personas, mindmaps, wireframes e benchmarkings, que possuem um nível de detalhamento grande, crie dois documentos: um para interesse pós-apresentação com detalhes técnicos, casos de uso. Outro, para você apresentar de fato para a equipe em um determinado tempo.
  • Seja amigável e educado na hora das dúvidas. 😊 Se existe alguma, é porque houve interesse a mais ou porque você não explicou de forma clara o suficiente. Além disso, tudo pode ser uma possível melhoria no projeto.
  • Explique a apresentação como se fosse o usuário e não como quem desenvolveu e participou de todo o projeto. Ao invés de “Nós estamos desenhando o sistema assim”, prefira “Quando você abrir essa página, você vai ver o sistema desse jeito no computador”.

E o resto, é como você apresenta e transmite a mensagem. Eu diria que a dica é: empatia e simpatia. Deixe as pessoas à vontade e mostre o seu ponto de vista estando aberto para ouvir críticas.

(E depois suspire de alívio, você conseguiu!)

“O ato mais corajoso ainda é pensar por si mesmo. Em voz alta.” Coco Chanel.

Edit: Revivendo esse texto algum tempo depois, eu acabei tendo várias experiências mostrando cada tipo de entregável nos detalhes e pra projetos de cunhos diferentes. Se você tiver dúvida em como apresentar algo em específico, bora bater um papo! tem alguns textos que eu produzi também que você pode ver mais detalhes do meu processo hoje em dia :)

Obrigada por ter lido até aqui! ❤

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Rayssa Araújo

user experience research designer at @IPSY and crazy lady plants, moccha addicted ☕ 🐹 https://www.linkedin.com/in/rayssaaraujo/