O sabor da minha vida

Daniel Ferro
Razões e Descuidos
Nov 7, 2020

Confesso que não gosto de conselhos. Gosto de abraços, de conversas longas e agradáveis, de risadas despretensiosas e de café.

Devo admitir que aprecio companhias e gestos sinceros, busco conforto em olhares de ternura, mas tenho um caso de amor com a solidão.

Assumo que tenho uma personalidade intimidante e uma alma inquieta, e sei que lidar com isso é tão encantador quanto apavorante. Mas, tenho evitado procurar por mim mesmo nos outros e dado mais chances para que eles sejam eles mesmos. Pois, como dizia Beauvoir: “querer-se livre é também querer livre os outros”.

Reconheço que preciso de pouco para ser feliz. E embora não saiba exatamente do que preciso, tenho me esforçado para descobrir sem me tornar escravo dessa busca.

Suponho que não seria nenhuma revelação assustadora se eu dissesse que tenho medo de tudo, sobretudo de me perder de mim.

Penso que seria um alívio se as pessoas pudessem ler nas entrelinhas dos meus pensamentos, entender e respeitar os meus silêncios. Quem sabe assim, não precisaria gastar tanto tempo tentando “fazer sentido”.

Posso ser sincero? Eu não quero fazer sentido. Só quero apreciar e “comunicar o sabor da minha vida. Unicamente o sabor da minha vida”.

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