A transição de ser empreendedor para ter um trabalho full-time

Fabiano Meneghetti
Ship It!
Published in
4 min readMar 30, 2016

Tenho um estúdio de design chamado Zee faz 12 anos e os únicos cargos em empresas que tive antes disso foram os estágios durante a faculdade de arquitetura. Eu saí da universidade direto para trabalhar por conta junto com um amigo quando fundamos a Zee. Mais tarde fechamos o escritório e a ficamos 100% remoto, fui trabalhar direto de casa e fiquei 7 anos trabalhando home office todo santo dia.

Ano passado, aos 34 anos, tive pela primeira vez minha CLT assinada. Isso também não é novidade pra muita gente da minha idade que se aventuraram em abrir algo próprio desde cedo, mas é ainda mais forte hoje, parece que todos querem abrir uma startup, não ter chefe e trabalhar por conta.

Hoje sou designer na Resultados Digitais. A vontade de trabalhar na RD surgiu quando vi em 2015 que ela foi eleita a melhor empresa para se trabalhar em SC. Eu já conhecia a empresa, já trabalhava com o RD Station para alguns clientes e então comecei a conversar mais a fundo com pessoas que eu conhecia lá dentro, apliquei e passei por todo processo seletivo, tudo como manda o figurino.

Eu que sempre fui um baita defensor de se trabalhar por conta, e grande evangelista do trabalho remoto, precisei ouvir muita gente me perguntando “Mas é carteira assinada?” “E a Zee? “ “Não vai mais trabalhar em casa?”. Então que depois destes quase 6 meses resolvi compartilhar como foi essa transição e o que já aprendi nesse curto período.

Mas porque afinal pegar um trabalho full time a essa altura do campeonato?

Procurando novas experiências

Eu já tinha caído no comodismo da rotina de trabalhar por conta. Projetos semelhantes, mesmo círculo de contatos para trocar ideia, mesma rotina de trabalho há anos. Fazia um tempo então que eu pensava em trabalhar com novas pessoas, em um ambiente que eu pudesse aprender e compartilhar conhecimento de uma forma mais direta.

Momento de crise:

Durante estes últimos anos tive também oportunidades e convites para trabalhar com outras empresas, mas eu estava muito bem na Zee e por melhor que fossem as propostas o momento da empresa com a quantidade de clientes não me permitia nem cogitar pegar um trabalho que me consumisse 8h por dia.

Já em 2015 a crise pegou muita gente, inclusive a Zee. Tivemos uma baixa forte de projetos, assim como outras vezes e que depois tudo voltava ao normal, mas eu sentia que não ia voltar tão cedo e que se fosse pra por em prática o objetivo de trabalhar em alguma empresa, esse era o momento. Dava pra pegar um novo trabalho e ainda conciliar os projetos pessoais em hora extra.

Família e segurança:

Como qualquer pequena empresa passamos por altos e baixos com certa frequência, na verdade a pequena empresa no Brasil está sempre em cima da risca. A ideia de ter filhos e ter uma segurança financeira também estava batendo forte em mim, não poderia negar que esse fator ajudou naquele momento de tomada de decisão.

Trabalhar em uma startup de verdade

Trabalho com startups faz alguns anos, muitas deram certo e algumas pararam no caminho por diversos motivos. Quando pesquisei mais sobre a RD eu pensei que se fosse para ir para alguma empresa hoje que fosse como ela, com um ambiente animal, equipe de primeira e melhor ainda se fosse em Floripa, pertinho de Garopaba.

E daí hoje me perguntam: “E ta gostando?” “E ta valendo a pena?” “Não tem saudade de trabalhar em casa?”.

É claro que estou curtindo demais trabalhar na RD, mas vou além disso, percebo como é incrível a troca de experiências com pessoas de qualidade. Da pra notar que o fato de trabalhar por conta e remoto por tanto tempo cria um mindset diferente em relação diversos fatores do dia a dia. Notei ter mais auto-confiança, penso em explorar a produtivdade ao máximo e percebo um certo espírito de liderança que não parecia ser tão presente.

Ao mesmo tempo eu penso que se eu tivesse tido essa experiência lá no início, em 2004, muita coisa teria sido diferente na Zee, teria outra forma de gerenciar um negócio, de gerir pessoas e principalmente de como lidar com diferentes clientes e projetos. Se fosse pra dar um conselho pra quem tá começando eu diria: começe trabalhando pra alguém, aprenda, depois vá atrás de criar seu próprio negócio.

Acredito que o mais interessante da vida profissional é se permitir mudar, aproveitar oportunidades, olhar pra trás com sensação de ter feito a coisa certa e reconhecer os erros. Mas acima de tudo tenha a mente sempre aberta para compartilhar conhecimento e aprender sem arrependimentos, pois tudo, tudo na vida, acontece no momento certo.

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