Como é trabalhar na área de Produto da RD Station

Um pouco da minha experiência e das minhas percepções sobre ser Product Manager na RD Station

Roberta Rocha
Ship It!
Published in
5 min readJan 24, 2022

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Entrei na RD Station há cerca de sete meses para atuar como Product Manager da Tribo Relacionando, responsável por canais de relacionamento no RD Station Marketing. Desde então, várias pessoas me procuraram para saber como é trabalhar aqui. Então, vou contar um pouquinho da minha experiência.

Organização dos times

Os times de Produto e Engenharia normalmente são compostos por Product Manager, Product Designer, Team Leader, Tech Leader, Engenheiros de Software e Agile Coach. Eles foram organizados com base no Team Topologies. Esta metodologia tem como objetivo promover a organização dos times para permitir a entrega eficaz de software, descrevendo quatro tipos de time e três padrões de interação, além de mergulhar nos limites de responsabilidade das equipes e como elas podem se comunicar ou interagir com outros times.

Diagrama com os tipos de time e de interação do Team Topologies.
Image made with Team Topologies Shape Templates. Templates Copyright © 2018–2020 Team Topologies — Licenced under CC BY-SA 4.0.

Toda a teoria do Team Topologies é sensacional e eu não seria nem de longe a melhor pessoa para falar sobre ela.

Porém, queria contar como o Team Topologies se reflete na prática. Os times são organizados por domínio que, de uma forma muito simplificada, são o coração do negócio em que você está trabalhando. E por que isso faz diferença? Porque toda a tribo tem foco no objetivo e não em funcionalidades, já que essas deveriam ser o caminho e não o ponto de chegada.

Um outro ponto importante é que todos os times que trabalham em um mesmo domínio são agrupados em uma única tribo. Isso ajuda a diminuir a dependência entre os times e também diminui a carga cognitiva, já que eu preciso ter um conhecimento profundo do meu domínio, mas não preciso me aprofundar tanto nos outros.

Cultura

Uma das coisas que mais me chamou atenção aqui na RD foi a cultura. Autonomia e confiança são levadas muito a sério e se manifestam nas pequenas e nas grandes atitudes do dia a dia. Cada um é responsável por tomar as melhores decisões dentro do seu escopo e cada um tem accountability pelas decisões tomadas.

Infelizmente não existe uma tradução exata para o termo accountability no português, mas podemos dizer que ela se apóia no tripé: compromisso, proatividade e responsabilidade. Se quiser saber mais, sugiro este artigo.

Mesmo com o crescimento rápido, a RD tomou a decisão de não engessar os seus processos e manter a autonomia. Esses trechos foram tirados do Culture Code da RD Station.

Quanto mais o negócio e a equipe crescem, mais complexa fica a operação. Começam a aumentar os desalinhamentos, retrabalhos, gargalos, problemas de qualidade, entre outros. A mesma “fórmula” que funciona ou funcionou com poucas pessoas é garantia de caos para um grupo muito maior.

A maneira mais simples e cômoda que a maioria das empresas usa para resolver esse problema é colocar regras e processos para tudo. Essa abordagem é tentadora porque no curto prazo funciona muito bem (é muito melhor do que o caos), mas no longo prazo afasta talentos e inibe a inovação.

Nós escolhemos outra rota.

- Cultura forte e explícita baseada em valores.

- Modelo de gestão lean, bem definido e claro.

- Processos de gestão de talentos alinhados com estes dois pontos.

Os times têm autonomia para gerenciar o seu roadmap e tomar decisões dentro do seu domínio. Já me perguntaram se isso funciona bem na prática. E a minha resposta é que funciona muito bem, mas acho que algumas coisas fazem isso acontecer.

A cultura da empresa é baseada em valores. Então, isso ajuda a deixar claro para todos quais deveriam ser os critérios a serem avaliados na hora de tomar uma decisão.

Um outro ponto é o alinhamento cultural. Um dos valores da RD é “A-team” que diz que contratamos pelo talento, atitude e valores, o resto a gente desenvolve. Então, o mindset de quem trabalha na RD está alinhado aos valores da empresa, o que facilita bastante este processo.

Outra coisa que dá a liga é a Estratégia de Produto e vou falar dela a seguir.

Estratégia de Produto

A RD tem o stack de estratégia de negócio e de produto bem estruturados. Eu gosto muito deste post da Reforge para explicar como as coisas se conectam (ou deveriam se conectar).

Crédito: Reforge Imagem disponínvel em https://www.reforge.com/blog/the-product-strategy-stack

Uma estratégia de negócio clara que consequentemente vai se desdobrar em uma estratégia de produto clara é a chave para conectar os níveis estratégico, tático e operacional. A RD tem uma visão clara de produto para um horizonte de cinco anos e direcionadores para o que vai ser trabalhado naquele ano.

Com estes pontos claros, os times podem construir o seu roadmap que nada mais são as iniciativas e em que ordem elas serão executadas dentro do seu domínio. Eu recomendo muito este post escrito pela Martina Scherrer que explica em detalhe esse processo de produto.

Frameworks e ferramentas

Lembra que eu falei que a RD leva autonomia muito a sério? Isso vale também para frameworks e formas de trabalho. Não existe uma receita de bolo de como ser PM na RD Station. Cada um pode encontrar o seu set de frameworks e metodologias para discovery e priorização, por exemplo.

Nós podemos contar com diversas ferramentas para nos apoiar neste trabalho. Temos conselho de clientes, montanhas de dados e estatísticas, dados de uso do produto, relatórios de Voice of Customer. Além disso, fazemos muitas pesquisas qualitativas e quantitativas para conseguir entender a fundo a dor dos nossos clientes e identificar oportunidades.

Cerimônias e dia a dia

E como é o dia a dia de trabalhar na RD? A RD é remote first e trabalha com equipes distribuídas desde antes da pandemia. O Kanban é a metodologia adotada e usamos o Jira para fazer a gestão das entregas e dos roadmaps.

De uma forma geral, cada time tem uma daily e uma retro a cada duas semanas em que discutimos os problemas e o que precisamos fazer para melhorá-los. Os agile coaches acompanham os times para nos ajudar a evoluir. Também temos dinâmicas de team building para criar o senso de equipe e aumentar a integração do time.

Além disso, existem call específicas de cada um dos chapters (produto, design e engenharia) e uma call semanal com todo o time de engenharia e produto em que é abordado algum tema relevante para a área.

Bom, isso foi um pouco da minha experiência e das minhas percepções até aqui. Foi e ainda está sendo um período de muito aprendizado. É perfeito? Não. Tem problemas? Vários. Porém, dá pra ver que, acima de tudo, tem muita colaboração e uma vontade de construir um produto e uma empresa cada dia melhores.

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