De frente pra trás

Rafael Camargo
Ship It!
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4 min readJun 22, 2021

Quem trabalha como programador na RD desfruta de uma oportunidade rara no mercado. Todo semestre você tem a chance de se desenvolver profissionalmente nos aspectos que julgar mais interessantes para o momento atual da sua carreira. O benefício não se restringe apenas ao suporte que sua liderança fornece na definição dos tópicos nos quais você irá se desenvolver. Você terá também um horário semanal, ou bissemanal , para se dedicar a esse objetivo.

Foi diante dessa oportunidade que decidi retomar uma meta que começou mais ou menos em 2016: me familiarizar com o backend para programar de maneira full-stack. Desde 2013 focado na implementação de interfaces gráficas, foi em 2015 que tive contato pela primeira vez com Ruby on Rails. A simplicidade do código Ruby somada à produtividade do Rails me deixaram fascinado à época. Mas como o universo Frontend se tornou um vulcão em erupção contínua de novos frameworks desde meados de 2014, meus estudos continuavam totalmente voltados ao Frontend — alguns desses estudos se transformaram em projetos open source como Glorious Demo, Pitsby e Taslonic.

Cinco anos mais tarde, não poderia existir momento melhor para retomar aquela meta, afinal, na medida que o tempo foi passando, comecei a suspeitar que frontend e backend tem mais similaridades do que diferenças e que talvez essa divisão sequer devesse existir.

Nas poucas vezes em que me aventurei no backend (com Nashios em 2017 e, atualmente com Typenik) a implementação foi em Node e sem sequer fazer uso de banco de dados. Desta vez, a aventura seria diferente. Minha meta nesse semestre consistiu em dar os primeiros passos em direção ao Ruby e SQL. Para me familiarizar com a linguagem optei por ler o livro Intro To Ruby Programming. No tema SQL, optei também por um livro focado em iniciantes chamado SQL: The Ultimate Beginner ‘s Guide.

Embora Mark Reed pudesse ter se dedicado um pouco mais na organização do conteúdo — tratar primeiro da criação do banco antes de explorar a semântica das queries, por exemplo — a visão geral foi satisfatória. Para poder praticar os “exercícios” presentes no livro, usei dois apps incríveis chamados Postgres.app e Postico, ambos desenvolvidos pela Egger Apps.

No manifesto da empresa, a razão pela qual gostei tanto de usar esses apps fica evidente: We put the user experience first. Feature checklists take a back seat. We don’t care if the competition has more features. We have better features. Our products are designed with a meticulous attention to detail. Depois de rodar algumas queries, entender melhor as cláusulas, criar chaves primárias e estrangeiras, fiz pela primeira vez um famigerado left join que pra mim soava o mesmo que Caviar para o Zeca Pagodinho — nunca escrevia nem rodava, só ouvia falar.

John Elder, em contrapartida, é sem dúvidas mais habilidoso com as palavras. Além de ser um livro super organizado, Intro To Ruby Programming é muito bem escrito. Uma leitura que embala fácil e que te lança à página final em alta velocidade. No meu caso, numa velocidade mais alta do que eu realmente gostaria. Quando o livro acabou, restaram algumas perguntas que o livro não respondeu, como a definição/uso de módulos e classes, por exemplo. Isso, porém, não impediu que eu escrevesse e publicasse a minha primeira — e microscópica — API escrita em Ruby. A API nada mais faz do que dizer “Hello World”, mas esse simples cumprimento foi suficiente para me fazer caminhar pelos lugares que eu tanto desejava.

Primeiramente configurei meu ambiente para acomodar diferentes versões de Ruby usando o RVM. Depois foi a vez de entender o gerenciamento de dependências utilizando o Bundler. Na sequência foram se somando o servidor HTTP Puma, o framework web Sinatra, o ferramental de testes oferecido pelo RSpec, e os belíssimos relatórios de cobertura de testes servidos pela gem Simplecov.

Finalizo dizendo que, assim como em 2015, a simplicidade do Ruby não para de me surpreender. Não foram necessárias mais do que 10 linhas de código para dar Olá ao mundo no formato JSON e respeitando todo o protocolo HTTP. Em poucas semanas, mitos foram quebrados e mistérios foram desvendados de um jeito leve e prazeroso. Com o próximo semestre se aproximando, mal posso esperar pelos próximos passos e assim continuar avançando de frente pra trás ou, melhor dizendo, do front pro back.

Seja você frontend ou backend à procura de uma empresa que não mede esforços para alavancar o seu pleno potencial, dê uma olhadinha agora mesmo nas nossas vagas e venha trabalhar com a gente.

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