Estratégia de plataforma — nossa mais recente história com UC Berkeley

A universidade formou notáveis como Steve Wozniak, Gordon Moore, Eric Schmidt e tem nos ajudado a mirar práticas de uma empresa world-class

Henrique Tormena
Ship It!
6 min readAug 26, 2019

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Você sabe o que Steve Wozniak (cofounder | Apple), Gordon Moore (founder | Intel. Sim, da famosa Lei de Moore), Ann Veneman (ex CEO da UNICEF), Eric Schmidt (o ex CEO chefão do Google) e Tamara Jernigan (astronauta da NASA) têm em comum? Todos eles são ex alunos da UC Berkeley, uma das melhores universidades do mundo, que já formou inúmeros empreendedores, cientistas, políticos e notáveis de diversas áreas.

A RD tem uma parceria com a Universidade de Berkeley desde 2017 para receber alunos de MBA com foco em projetos internos. Estamos na nossa terceira edição, que teve um sabor especial: a área de produto e engenharia foi responsável por conduzir um projeto que nos ajudou a definir a estratégia e visão de longo prazo do nosso modelo de plataforma. Quero compartilhar com vocês um pouco da experiência ao longo desses meses de trabalho. E óbvio, explorar um pouco sobre uma das top universidades no mundo.

A UC Berkeley está localizada em Berkeley, pequena cidade ao norte de San Francisco, na Califórnia. É a maior e mais prestigiada das 10 universidades públicas da California e conta com gente de peso no quadro de alumni. Algumas das curiosidades passam pela história e evolução da indústria de software. Em 1971, o professor Bob Fabry distribuiu uma licença do sistema operacional UNIX para um grupo de estudantes, que modificaram o código original para inserir novas funcionalidades. Seis anos depois, um desses estudantes chamado Bill Joy lança um sistema chamado Berkeley UNIX e encoraja grupos de hackers a melhorarem o sistema. O time incorpora os upgrades em novos lançamentos do software, mudando a forma como desenvolvimento e distribuição de software é feita. Esse modelo foi aprimorado ao longo dos anos e hoje o conhecemos como Open Source. Berkeley foi pioneira em ajudar a fomentar esse movimento.

Foto do campus da UC Berkeley. Berkeley, California
Foto do campus da UC Berkeley. Berkeley, California

Além dos inúmeros cursos de graduação e pós graduação, as universidades americanas são famosas pelos cursos de MBA. O MBA é um programa de pós graduação que, apesar de se qualificar como mestrado, tem um approach menos acadêmico e muito mais mercadológico — sendo este programa berço de muitos empreendedores e executivos das grandes corporações. Com um processo seletivo muito rigoroso e, no caso das melhores universidades, super concorrido, as universidades criam verdadeiros celeiros de talentos. Os estudantes vêm de experiências nas grandes firmas de consultoria, mercado financeiro, grandes empresas de tecnologia. Muitos desses estudantes têm seu primeiro contato com o ambiente de uma startup no MBA (isso aconteceu com alguns estudantes dos projetos com a RD).

Quando dentro do MBA, os alunos experimentam diversas atividades que vão além da sala de aula. Estágios de curta duração, clubes e associações sobre temas específicas e projetos especiais. Um dos projetos mais disputados pelos estudantes são os projetos do IBD, o escritório de projetos internacionais de Berkeley. O IBD é responsável por interagir com projetos altamente estratégicos das mais variadas empresas em mercados fora dos Estados Unidos. Brasil, Índia, Singapura, Nigeria são alguns dos destinos dos projetos. O processo não é tão simples quanto contratar uma consultoria: as empresas se candidatam e os projetos passam pelo crivo do staff do IBD. Felizmente, a RD tem sido escolhida nos últimos projetos, dos quais tive a oportunidade de liderar o último.

Há algum tempo, tivemos a visão de que poderíamos ajudar nossos clientes além de uma aplicação que automatiza processos de marketing. Fizemos a aquisição de um software de automação de força de vendas e demos um passo grande para uma visão ainda mais ambiciosa: ser uma verdadeira plataforma de crescimento para pequenas e médias empresas. Propositalmente, dei um destaque nas palavras “aplicação” e “plataforma” porque é justamente aqui que mora o desafio do projeto com Berkeley deste ano. Como migrar de um modelo de aplicação para plataforma? Podem parecer coisas muito parecidas, mas existem diferenças fundamentais no modelo de negócio e na forma como se constrói software. Uma plataforma habilita novos casos de uso, permitindo que usuários, desenvolvedores, prestadores de serviço ou qualquer pessoa construa aplicações em cima da plataforma (e você, como provedor da plataforma, tem o papel de suportar toda essa gente).

Diferenças entre a perspectiva de plataforma e aplicação (suite) — Fonte: chiefmartec.com
Diferenças entre a perspectiva de plataforma e aplicação (suite) — Fonte: chiefmartec.com

Com esse desafio, trouxemos o time de Berkeley para ajudar no processo. As primeiras semanas foram intensas em mergulho no tema, muito estudo e muita reunião para discutir aprendizados (que vinham desde leitura de artigos a participação em eventos, passando por mentorias, podcasts, vídeos, etc). Essa fase ocorre de maneira remota, onde o time de estudantes fica em Berkeley (e nós nos comunicamos remotamente). É um grande esforço por parte dos estudantes, considerando que as outras atividades (como aulas, participação em eventos da universidade) ainda fazem parte da rotina. As últimas 3 semanas do projeto acontecem in-house. Recebemos o grupo na RD e trabalhamos full-time nesses dias em análises, projeções/modelos e entrevistas com clientes e parceiros.

Sede da empresa Meetime, em Florianópolis
Visita do grupo à nossa cliente e parceira Meetime.

São inúmeras vantagens poder contar com a experiência de Berkeley em um projeto como esse. Achei relevante trazer as 3 principais aqui que diferem de qualquer outro projeto que executamos internamente:

  • Diversidade de experiências: dentre os estudantes, tinha gente com experiência em startups, grandes corporações de tecnologia da China, mercado financeiro e até governo. Na prática, isso se provou uma vantagem enorme para os momentos de discussão. Conseguíamos rapidamente agregar diferentes pontos de vista que partiam de um histórico profissional e pessoal muito diferentes e complementares (nota: Berkeley preza muito pela diversidade dentro do campus e é uma das universidades com mais estrangeiros nos cursos de MBA)
  • Alta capacidade e competência: ficamos impressionados com a capacidade das pessoas nos projetos com Berkeley e neste não foi diferente. Ainda que a Universidade já tenha seu processo de seleção rigorosa, muitas das pessoas trouxeram para o projeto competências adquiridas ao longo da carreira. Era muito fácil, por ex, definir frameworks para explicar os modelos do projeto, dado a experiência em consultoria estratégica de alguns membros.
  • Acesso a recursos: os estudantes têm uma rede de suporte, desde mentores, professores, colegas de MBA, que apoiam e ajudam os estudantes nos desafios. Logo, indiretamente, a RD teve acesso a muita coisa bacana que ajudou a dar mais clareza para a oportunidade e potenciais soluções.
sede da Resultados Digitais. Florianópolis, SC
Está no DNA da RD compartilhar os aprendizados que vivemos. O Hangout é um dos momentos que compartilhamos aprendizados com todo o time da RD.

Os aprendizados extrapolam o projeto: a experiência de vida dos outros sempre nos ajuda a sermos profissionais e pessoas melhores. No dia do Hangout (evento quinzenal para todos os RDoers), várias das perguntas para o grupo giraram em torno da experiência do MBA e de Berkeley. Foi ótimo poder ouvir mais de como eles enxergavam temas como carreira — e a visão deles sobre a RD. Além dos dias de trabalho, tivemos ótimos momentos (churrascos, almoços, happy hours, jantares) que falamos sobre diversos temas (de modelos de plataforma a situação política do Brasil, além de ouvir as engraçadíssimas histórias de vida da Perrie, garota à esquerda na foto abaixo).

Jantar de encerramento do projeto (apresentando a famosa tainha grelhada aos novos amigos, prato tradicional de Floripa)

É um privilégio para mim ter participado deste projeto — e privilégio maior poder compartilhar com vocês um pouco dessa experiência. Não hesitem em me contatar se quiserem saber mais — henrique.tormena@resultadosdigitais.com.br

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