“A uma ausência”

Poema barroco, de Antônio Barbosa Bacelar

Rodrigo Rebello
rebello
1 min readJun 28, 2020

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by Angel Vianna

“Sinto-me sem sentir, todo abrasado

No rigoroso fogo que me alenta

O mal, que me consome me sustenta,

O bem, que me entretém, me dá cuidado;

Ando sem me mover, falo calado,

O que mais perto vejo se me ausenta,

E o que estou sem ver mais me atormenta,

Alegro-me de ver-me, atormentado;

Choro no mesmo ponto em que me rio,

No mor risco me anima a confiança,

Do menos que se espera estou mais certo;

Mas se de confiado desconfio,

É porque entre os receios da mudança

Ando perdido em mim como em deserto.”

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