“A uma ausência”
Poema barroco, de Antônio Barbosa Bacelar
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1 min readJun 28, 2020
“Sinto-me sem sentir, todo abrasado
No rigoroso fogo que me alenta
O mal, que me consome me sustenta,
O bem, que me entretém, me dá cuidado;
Ando sem me mover, falo calado,
O que mais perto vejo se me ausenta,
E o que estou sem ver mais me atormenta,
Alegro-me de ver-me, atormentado;
Choro no mesmo ponto em que me rio,
No mor risco me anima a confiança,
Do menos que se espera estou mais certo;
Mas se de confiado desconfio,
É porque entre os receios da mudança
Ando perdido em mim como em deserto.”