Jonas Mekas — O Cinema é meu país!
Numa destas viagens pela internet conheci o cineasta Jonas Mekas expoente do cinema underground. Nascido na Lituania em 1922, Mekas chegou em Nova Iorque em 1949, depois de passar alguns anos trabalhando numa fábrica de armas como prisioneiro dos alemães na segunda guerra. Ao chegar em Nova Iorque comprou uma camera 16mm, a famosa PaillardBolex, começou a filmar e nunca mais parou. Em pouco tempo se converteu e um dos fundadores do cinema underground dos Estados Unidos. Uma marca que não só engloba seu pioneiro cinema de vanguarda como também seus trabalhos como escritor a partir da revista que ele fundou, a mítica Film culture (fundada em 1954), além de sua coluna no Village Voice. Soma-se a isto o seu empenho em defender a memória cinematográfica através do Anthology Film Archives, instituição única no mundo que, desde a sua fundação em 1970 cataloga, preserva e exibe obras cinematográficas de todo tipo; um dos maiores gestos de seu amor pelo cinema.
Poderia escrever páginas e páginas sobre a obra de Jonas Mekas, poderia descrever os filmes, mas prefiro mostrar uma série de arquivos com obra ou fragmentos de obras dele e deixar que o leitor faça sua viagem.
Com vocês… Jonas Mekas:
“Para que serve o cinema se ele apodrecer a alma do homem?”
“Acaso existe algum outro artíficio capaz de devolvernos um tempo já perdido? Ainda somos pessoas deslocadas, e o mundo está cheio de pessoas como nós. Ainda, sigo viagem rumo à minha casa.”
“Com toda a inocência de criança fui para a rua fotografar os tanques russos que chegavam na minha aldeia, na Lituania. Mas um militar destruiu a minha câmera com suas botas. Era a minha primeira câmera. O começo de tudo. Ela continua destruída no chão.”
“Porque filmo o que filmo e não outra coisa? É uma pergunta retórica que me faço mas que na realidade não me interessa responder. Não me interessa porque não há resposta. Os gregos sabiam muito bem: as musas existem e simplesmente nos pegam, não podemos resistir a elas.”
Por falar em musas, não se pode deixar de ver este incrível momento da vida privada de John Lennon, Yoko Ono e seu filho, captados pela lente irrequieta de Jonas Mekas.
Aqui Jonas Mekas comenta sobre o fato de Britney Spears ter raspado a cabeça num momento de stress.
“Eu tinha seis anos quando recitei para meu pai, que era um lavrador, um homem do campo, um extenso poema épico sobre o que ele fazia naquele preciso momento. É curioso, mas creio que dediquei a minha vida a tentar recriar aquele momento.”
Jonas Mekas captando momentos da gravação de uma cinema de um filme dirigido por Martin Scorcese.
“Não faço outra coisa: filmo o que vejo e, desta forma, sempre estou muito perto dos fatos. Uma situação, um som, uma cor…qualquer coisa ativa dentro de mim, este impulso que me move a querer capturar esta memória e, quiçá, compartilhar com outros.”
“Minha vida em Nova Iorque não foi sempre de vinho e rosas, mas eu prefiro só as recordações do vinho e das rosas.”
Relembrando seu encontro com Salvador Dali.
Um importante momento em que Jonas Mekas apresenta sua posição sobre cinema underground.
Não poderia deixar de mostrar um fragmento de um dos seus mais célebres filmes: Reminiscências de uma viagem a Lituania. A volta ao passado, a volta a casa onde tudo começou.
Recentemente a Serpentine Gallery de Londres, resolver promover uma exposição e uma mostra dos filmes de Jonas Mekas com uma extensa programação em sua homengagem; ao mesmo tempo o Centre Georges Pompidou de Paris inaugurou uma exposição: Jonas Mekas/José Luis Guerin — Exposition. Numa demonstração da vitalidade e atualidade da obra deste grande viajante.
Neste vídeo, que faz parte da programação da Serpentine Gallery, o ator John Water apresenta uma homenagem a Jonas Mekas.
Outra interessante homenagem coletiva a Jonas Mekas.
A obra de Jonas Mekas me inspira, me anima a continuar acreditando que captar imagens e junta-las num fluxo narrativo é ainda uma das experiências mais gratificantes. Se for possível compartilhar este feito com alguém é tudo de bom.
Viva Jonas Mekas!!!
