Se oriente rapaz!

Joatan Berbel
Reberbel
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14 min readJan 24, 2013

Se oriente rapaz! — é extraído do primeiro verso da letra de uma canção muito conhecida — Oriente — composta por Gilberto Gil em 1972.
Na época, a música trazia uma evocação indireta à sua experiência com a filosofia oriental — macrobiótica, yoga etc., nos seus tempos de exílio em Londres/1968–1972 — que chegava como uma grande onda num Brasil oprimido pela ditadura militar, em seu momento mais duro, mais cruel e violento.
Como tudo o que se produzia no Brasil em termos culturais, a música balançava nesta ambiguidade entre “oriente” como ponto cardeal e “oriente” como verbo que indica a ação de se orientar; nos outros casos a alegoria e a ambiguidade das palavras era o artifício usado para driblar a rigorosa censura imposta pela ditadura militar.
Para um jovem de 22 anos — em 1972 -, a música soava como um hino, falava da alternativa oriental, de se considerar A possibilidade de ir pro Japão/Num cargueiro do Lloyd lavando o porão/ Pela curiosidade de ver/ Onde o sol se esconde”. Mas, ao mesmo tempo, aconselhava “ Determine, rapaz/ Onde vai ser seu curso de pós-graduação”, funcionava como um mantra que eu não me cansava de ouvir nos meus primeiros meses em São Paulo, vindo do interior.
A canção de Gilberto Gil oferecia, para o jovens no início da década de 1970, um novo caminho que não exigia nem a adesão à euforia da classe média brasileira com o milagre econômico da ditadura militar, nem a adesão religiosa -quase fanática- aos grupos de resistência e luta armada contra a ditadura militar, cujos militantes partiam para uma vida clandestina, arriscada e sem futuro.

Quase na mesma época, Caetano Veloso, seguindo a onda orientalista, lança a música — Odara — clamando “Deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara/Minha cara minha cuca ficar odara/Deixa eu cantar que é pro mundo ficar odara/Pra ficar tudo jóia rara/Qualquer coisa que se sonhara/Canto e danço que dara”.

As duas músicas surpreendiam os fãs de Gil&Caetano que guardavam a memória dos tempos dos festivais de música, alguns anos antes, onde a dupla agitava a cultura pop brasileira com versos e prosa “mais políticos” — ou, pelos menos agitadores. Foi esse o motivo e a motivação da prisão dos dois…e, por fim, do exílio em Londres, em 1968.

Esta tendência orientalista na música popular do Brasil, expressa por Gil&Caetano, era completada por outro baiano: Raul Seixas, com composições apocalípticas como — Gita — de 1974.

Não de pode negar, agora, com a distância do tempo, que tudo isto começou com a forte influência que os Beatles exerceram, direta ou indiretamente, na produção cultural mundial.

No final dos anos sessenta (1967–1969) o guru indiano Maharishi Mahesh Yogi (1918–2008) atraiu o interesse de John Lennon para a proposta filosófica da Meditação Transcendental que se espalhava pelo mundo.

A convivência dos Beatles com o guru indiano resultou em algumas músicas, uma boa publicidade mundial para a prática da meditação transcendental e uma grande frustração expressa na música de John Lennon — Sexy Sadie.

(Vale a pena ver este vídeo da música. O autor do vídeo consegue, com as imagens, representar e condensar muito bem aquele momento da vida dos Beatles.)

Todavia o movimento do ocidente em busca de inspiração e conhecimento na cultura oriental não foi inaugurado nesta época. A cultura oriental sempre atraiu pensadores e mercadores (nem sempre nesta ordem) ocidentais ao longo da história da humanidade. A influência oriental na cultura ocidental é marcante a começar pela paixão pelos tapetes orientais, pela pintura e arquitetura, e, finalmente, pela filosofia.

A lista de pensadores e artistas que buscaram no oriente inspiração para os seus trabalhados é imensa — o movimento artístico — Art Noveau/Ar Deco — do início do século passado é inspirado na cultura oriental, Wilhelm Reich, Freud e Jung também andaram se nutrindo nos saberes orientais.

Entretanto, a onda pop do final da década de 1960 trouxe a novidade dos gurus indianos e das diversas formas de expressão da cultura oriental que se espraiou pelo ocidente a partir da Califórnia, nos EUA; sua importância é marcada pela amplitude da onda, por ter ganho a adesão e admiração da juventude que já estava imersa no movimento hippie e na contestação aos costumes e instituições — maio de 1968 -, à guerra do Vietnã, à educação… à quase tudo.

Não houve revolução política no Brasil, nos anos 1970, mas houve uma grande mudança cultural. A liberdade sexual compensou a falta de liberdade política. No Brasil a onda orientalista criou um lastro de influência muito forte na ampliação do interesse pela cultura indiana, na rápida e ampla aceitação da Meditação Transcendental: quem não cantou, dançou, ou usou roupas, maquiagem e cabelo parecidos com o que foi usado na peça Hair?

— Quem não viu várias vezes a história do rapaz de Ohlakoma que abandona o rancho da família para ir viver em Nova Iorque onde rapidamente se insere na cultura underground, narrada no brilhante filme musical de Milos Forman? Quem não passou pelas meditações, massagens, leitura de tarô, I Ching, e cantou …When the moon is in the Seventh House/And Jupiter aligns with Mars…

Esta onda permaneceu pouco tempo na obra de Gil&Caetano, mas foi marcante em toda a obra de Raul Seixas que se tornou, recentemente, um cult com grandes homenagens e um documentário sobre sua vida e obra. Vale lembrar um comentário de Raul Seixas, sobre a música Gita (1974), para comprovar este paralelo com a onda oriental indiana.

Agora, algumas décadas depois de tudo isto, relembro e quase que revivo esta época depois de ter lido o romance “Los desorientados”, de Amin Maalouf (edição espanhola da Alianza Literaria).

Nunca havia prestado atenção na última estrofe da música de Gilberto Gil quando ele diz “Sorridente, rapaz/Pela continuidade do sonho de Adão”, até o momento em que li no prólogo do romance o seguinte [tradução minha] Levo o nome da humanidade nascente, mas pertenço a uma humanidade que se extingue, escreveu Adão em sua caderneta dois dias antes do drama”.

Ao longo de 524 páginas esta frase vai ressoar como a moldura da narrativa que nos leva ao início dos anos 1970, em Beirute, no Líbano — Oriente…Médio.

O Adão da música de Gil é o da Bíblia, o Adão do romance, sabemos logo nas primeira páginas é o nome do personagem principal, cujo nome, foi uma escolha dos pais. Nos dois casos baixou-me uma dúvida: Qual foi mesmo, o sonho de Adão?

Lembremos de Adão, no detalhe da obra de Leonardo da Vinci, o toque de Deus em Adão.

CRIação de Adão - Capela Sistina

Na verdade, quando se referiu ao “sonho de Adão”, Gilberto Gil abusou da licença poética; o que se tem como registro, na bíblia, é que Deus “fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu” (Gênesis 2–21); quando acordou o serviço estava pronto — Adão ganhara a companhia de Eva.

Tampouco se pode dizer que o Adão do romance tinha um sonho.

Já no início da história sabemos que seu nome fora escolhido pelos pais que morreram quando ele tinha 10 anos; o narrador deixa uma dúvida: Adão, por remeter ao primeiro homem, poderia simbolizar algo que seu pai não lhe pode explicar, ou o seu nome foi só uma forma de expressar alguma filiação religiosa?
Esta dúvida é o que move o personagem e o movimento dele — uma viagem de retorno a sua cidade natal — nos revela os sombrios e assustadores bastidores do que ficou conhecido na década de 1970, como: As Guerras do Líbano.

No romance “Os desorientados” de Amin Maalouf, lançado em 2012, Adam (ou Adão) é um professor de história que vive em Paris desde que, em 1975, a Guerra do Líbano, o obrigou a se exilar. Mais de trinta anos passados, numa noite, quando acabara de se deitar, Adam recebe um telefonema da mulher de um amigo dos tempos de juventude em Beirute. Sem lhe dar muito tempo para falar a mulher, no outro lado da linha, lhe disse: — Teu amigo esta morrendo. Quer te ver.

Este é o leitmotiv para que Adam inicie uma viagem de volta a seu país, pela primeira vez, desde que se exilou; aproveite para recordar os tempos da sua juventude, recuperar espaços, memória, amigos e uma parte importante da sua própria história.

Com este mosaico o leitor ganha um rico e dramático relato sobre este período trágico na história do oriente médio.

No dia seguinte ao telefonema, quando Adão chega em Beirute para visitar Mourad, seu grande amigo da juventude, nos tempos anteriores à guerra — ele já havia morrido. Um telefonema para Tania, mulher de Mourad, o colocou a par de tudo e dos preparativos para o intenso e extenso funeral — para cumprir as exigências religiosas.

A guerra transformara o país e também, como vamos descobrindo pela narrativa de Adão, a vida de muitas pessoas. O alegre, divertido e generoso Mourad havia se transformado num político poderoso, corrupto e perigoso e com isto gerado uma repulsa muito grande em Adão.

Só mesmo o apelo da mulher e amiga, e o desejo — muitos anos reprimido — de voltar à antiga pátria é que moveram Adão ao reencontro improvável com o amigo. Adão não foi ao enterro de Mourad para evitar os protocolos e encontros com pessoas que ele, por causa da política e da guerra, reprovava.

A cada página a narrativa de Adão, conduzida pelo narrador (Adão), vai ampliando as informações, como se estivéssemos a brincar de desmontar um origami — a cada desdobra surge uma nova imagem e assim sucessivamente. A cada reencontro com amigos ou com a memória de amigos um sopro amargo da guerra que mutilou o país: Libano, nos anos 70.

A histórica convivência pacífica de povos ancestrais e de origens completamente diferentes acabara, como consequência da guerra; agora Adão reencontra um país dividido entre islâmicos e cristãos e entre cada grupo os subgrupos, numa complexa teia social emoldurada pelo ódio e pela latente violência. Os seus reencontros com amigos dos velhos tempos é pretexto para a problematização das questões latentes na região.

Numa conversa com o irmão de um colega, que havia sido assassinado durante a guerra, Adão se reporta a um colega de universidade em Paris, que está preparando um livro com o título “O ano da inversão”, e explica ao amigo: [tradução minha] “Esta é a tese que ele defende. Afirma que as coisas deram uma volta muito rápida no mundo entre o verão de 1968 e a primavera de 1969. Naquele ano, houve no Irã, uma “revolução islâmica” socialmente conservadora. No Ocidente começou uma outra “revolução conservadora”, em cuja liderança estava Margaret Thatcher e que continua com Ronald Reagan nos Estados Unidos [podemos dizer que foi retomada por Trump]. Na China, Deng Xiaoping inicia uma nova revolução chinesa que se desvia do socialismo e desemboca em um espetacular crescimento econômico. Em Roma, elegem um novo papa, João Paulo II, que também revelou ser, ao seu modo, tão revolucionário quanto conservador…[a meu ver Francisco é a continuidade desse modelo] Meu colega recolheu dados de dezenas de acontecimentos da mesma época em que todos tendem a demonstrar que ouve uma volta que afetou as mentalidades de forma duradoura. A direita se transformou em conquistadora e a esquerda deixou de se preocupar em conservar o que havia conquistado.”

Em suma, a tese do amigo afirmava que os valores cultivados e marcados até o final da década de 1960 — no período de eventos conhecido como — maio68 — tinha sofrido uma grande mudança, um giro de 360 graus. Uma inversão. Uma grande desorientação.

Neste ponto da leitura do romance me dei conta de quanto e como os acontecimentos que marcaram o final da década de 1960 e início da década de 1970, estão entrelaçados na minha memória e pesam sobre toda uma geração, no mundo todo. Me dei conta de como, nesta época, milhares de pessoas foram trucidadas, cidades arruinadas, populações inteiras dispersadas pelo mundo por causa de valores e princípios que em outras partes do mundo estavam sendo jogados por terra.

Um dos exilados do Líbano é um amigo de Adão que vai morar em São Paulo e descreve o Brasil como um país de convivência, de paz entre as diversas culturas e religiões.

Isto me trouxe de volta ao tema da minha reflexão: o conjunto (atualmente diria o mashup) das ideias que orientaram nossos sonhos naquela época. Pois na mesma época o Brasil vivia sua pequena guerra interna — o de alguns grupos de esquerda — que religiosamente se viam como revolucionários — com o propósito de derrubar a ditadura militar e promover um revolução socialista, contra um aparato de repressão que apertava o cerco, prendia, torturava e matava os militantes destes grupos; o de uma classe média eufórica com os resultados da economia e o orgulho nacional ao experimentarem a realização do “milagre econômico brasileiro”.

Muitos destes “revolucionários”, foram obrigados a sair do país para se manterem vivos, outros foram expulsos em troca de personalidades importantes sequestradas: embaixador dos EUA.

Hoje, graças à redemocratização do país, grande parte do antigos exilados, voltaram e…através do voto democrático…estão no poder (2012).

Ao seguir com Adão a sua viagem de volta a Beirute; ao seu passado; ao me ver envolvido com suas anotações e reflexões, acabei iniciando uma viagem ao meu passado e à minha história.

Quando — em 1972 — ouvi, pela primeira vez, a música de Gilberto Gil, a reação imediata foi de decepção, pois via que o grande ídolo dos Festivais de Música na TV, tinha voltado do exílio com propostas que, para a rigidez de um militante de esquerda, era a expressão clara e repugnante da alienação política.
Os dois “revolucionários” de anos antes retornavam ao país com um recado diferente: Rapaz!!! se oriente para o oriente.

Mas a guerra do Líbano passou à distância de toda a minha geração…. ficou nos fundos dos noticiários, realidade invisível, nada mais. Agora percebo que ficamos à margem do que acontecia de relevante e importante no mundo.

Minha geração ficou imersa em nossa própria guerra…não pensamos que a grande ameaça à paz mundial, a raiz da atual polarização oriente x ocidente havia começado no oriente médio, naquela época.

De volta ao presente, vejo que muita coisa mudou no Brasil, a era da inversão trouxe o populismo de volta; essa “inversão” se expressa pela aliança de partidos de esquerda com os políticos fisiológicos, com o objetivo de se ocupar o poder e se manter no poder.

A luta pela democracia e pela ética na política que nutria o ideário dos militantes da esquerda — os “revolucionários”, na década de 1960, se transformou num pano de fundo, num cenário desfigurado que legitima a prática atual. Um verdadeiro assalto aos cofres públicos que foi denunciado, investigado e seus autores identificados e condenados à prisão, pela corte suprema do país, no caso do mensalão…e investigado, comprovado e condenado, anos depois pela Operação Lava Jato.
Como que para provar a tese da inversão, os militantes do partido de esquerda que mais bradavam contra a corrupção são os primeiros a clamar contra a decisão do STF, desqualificando os juízes, atacando a independência da instituição e, por fim, propondo uma mobilização para a resistência ao cumprimento das sentenças proferidas contra algumas lideranças do partido no poder.

A inversão se expressa aqui quando a corrupção é legitimada em nome da promessa da “revolução socialista”. Com isto, cada militante se vê como um Robin Hood que pode tomar o dinheiro dos cofres públicos como pretexto para ajudar os pobres.

A minha viagem ao passado me faz lembrar que o que me uniu no passado, a tanta gente que me tratava de companheiro foi a repressão política, foi a ditadura e, óbvio, a esperança de se retomar um tempo de liberdade e paz. Agora, com a democracia vejo tudo dissociado, sou rechaçado pelos antigos “companheiros” porque assumi a defesa dos princípios básicos da democracia e do combate à corrupção.

Descubro, com um certo vislumbre de tristeza e enjoo, a verdade que sempre esteve oculta em cada frase, em cada gesto dos que professavam a liberdade mas, na verdade, queriam a democracia como meio para se apoderar do poder, seguindo a máxima de Lenine — os fins justificam os meios.
Uma vez no poder a democracia (burguesa) passa a ser algo obsoleto e descartável e a ditadura da nomenklatura substitui a ditadura do proletariado.

Criticar alguém que pertença à esquerda no Brasil é como se cometesse um ato de sacrilégio contra um dogma de uma religião. A reação é sempre violenta e no sentido de se desqualificar quem faz a crítica — o isolamento é consequência imediata.

Você está a favor do partido ou você esta trabalhando a favor do inimigo. O inimigo é sempre um conjunto de coisas e ideias (o neoliberalismo, a grande mídia, as elites) que servem mais para confundir do que esclarecer. Me faz lembrar o que os intelectuais independentes da Checoslováquia enfrentaram por terem denunciado a repressão soviética na Primavera de Praga, também na década de 1960.

Agora, mais de 40 anos depois, um militante daquela época — Fernando Gabeira — se desnuda e revela, de forma corajosa, o caráter religioso daqueles que, na década de 1960, se filiaram às organizações clandestinas armadas. Em seu recente livro “Onde está tudo aquilo agora?” ele afirma:

“Minha experiência tinha um ardor religioso. O batismo com um novo nome era apenas o começo. Novos valores iriam compor meu universo, uma nova fraternidade se instalaria nas relações com os companheiros de luta e simpatizantes que se arriscavam para nos proteger.”

Gabeira conseguiu superar o dogma e ver da superfície da realidade a paisagem pantanosa da ideologia; os demais militantes daquela época continuaram presos ao credo religioso (ideológico) de suas organizações; fundaram nisto a justificativa para a prática atual — como meio para a conquista do poder. Eles nunca pensaram no sonho de Adão… Pela imprensa, Gabeira manda um recado para Adão:Não existe volta ao país, nem você nem o país são os mesmos”.

Curioso é que, Gilberto Gil, depois de anos dedicado à uma brilhante carreira como cantor e compositor, assumiu um cargo político como Ministro da Cultura no primeiro mandato de Luis Inácio Lula da Silva. No seu discurso de posse no cargo, em janeiro de 2003, — ou seja, mais de 30 anos depois de ter composto a canção Oriente — ele revela que suas ligações com a cultura oriental estavam vivas.

Todavia, na prática sua ação foi mais caracterizada com a de um animador cultural do que propriamente um promotor de mudanças. Seu conceito de cultura mudava a cada momento, e até a cada segundo, o que pode ser uma das facetas do fenômeno da inversão — ou da diversão, dispersão, quem sabe?

Para Adão, o personagem do livro “Los Desorientados”, de Amin Maalouf, não resta esperança “ao voltar à minha terra inundada, pensava salvar alguns vestígios do meu passado e do passado de minha gente. Neste aspecto, já não espero grande coisa. Quem tenta evitar um naufrágio corre o risco de apressa-lo. Minha grande alegria é ter encontrado entre as águas algumas ilhas de delicadeza, a delicadeza serena do oriente médio. (…) A longo prazo, todos os filhos de Adão e Eva são crianças perdidas.

Esta viagem de volta ao passado me deixou triste, cansado e também desorientado.
Todavia, não sou tão pessimista quando o Adão do romance e, ainda que não creia no sonho que o Gilberto Gil criou para o Adão da Bíblia, acredito na possibilidade de contribuir para um mundo melhor.

Acredito nas palavras do ex-Presidente dos Estados Unidos da América — Barack Obama -, expressas no discurso de posse do segundo mandato “Nós apoiaremos a democracia da Ásia até a África e das Américas até o Oriente Médio porque nossos interesses e nossa consciência nos impele a agir em nome daqueles que almejam a liberdade.

Ao ver o filme sobre Abraham Lincoln, de Steven Spielberg, me emociono quando ouço palavras como liberdade, igualdade e justiça sendo pronunciadas com o eco da história.

Acredito que haja muitas pessoas que almejam a liberdade e cultivam a democracia como forma de superar a desigualdade no mundo; que a injustiça é um dos fatores que tanto atrapalha o desenvolvimento econômico e social. Acredito nos que praticam a honestidade o civismo e o combate à corrupção. Acredito que posso contribuir para isto.

P.S. Não contei o desfecho da história do livro de Amin Maalouf.
Leiam o livro, vale a pena esta viagem.

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Joatan Berbel
Reberbel

Pesquisador e produtor de conteúdos em multilinguagem