Champions League 1998/1999 — Capítulo 3: Brondby x Manchester United

A história completa da conquista do segundo troféu europeu da vida do Manchester United

Guilherme Rodelli Rocha
redarmybrasil
5 min readFeb 13, 2021

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(Fonte: Manchester United/Divulgação)

O grupo D da Uefa Champions League estava totalmente indefinido. O Barcelona tinha quatro pontos, o Brondby três, Manchester United dois e o Bayern apenas um. Essa classificação seria bem diferente no final da fase de grupos.

Era a terceira rodada e a equipe do United não tinha vencido ninguém até então. Foram necessários quase 1.600 km de distância do Old Trafford para o time desencantar na competição continental. Brondby é uma cidade na Dinamarca que dá nome ao tradicional time amarelo e azul. Inclusive, foi de lá que veio a lenda Peter Schmeichel.

Surpreendentemente, os dinamarqueses venceram o Bayern na primeira rodada, o que os colocava numa boa situação num grupo tão difícil. A derrota por 2 a 0 para o Barcelona não era nada inesperada. Porém, jogando em seus domínios, o campeão nacional queria mostrar do que era capaz. O time da casa foi a campo com: Krogh; Colding, Rasmussen, Nielsen e Jensen; Bjur, Ravn, Daugaard e Lindrup; Sand e Hansen.

Do lado vermelho, David Beckham, o melhor jogador do United nas últimas duas partidas estava suspenso. Por isso, Sir Alex Ferguson escalou: Schmeichel; Brown, Gary Neville, Stam e Phil Neville; Blomqvist, Scholes, Keane e Giggs; Yorke e Andy Cole.

Era a estreia do jovem Wes Brown em competições europeias e, em seu primeiro avanço, descolou o cruzamento para a abertura do placar. Ryan Giggs aproveitou a falha bisonha do goleiro Krogh para marcar antes do segundo minuto de jogo. Melhor início, impossível. O time precisava da vitória porque tinha empatado contra os outros dois rivais do grupo.

(Fonte: Manchester United/Divulgação)

Giggs, jogando pela direita, cortava para dentro com o objetivo de abrir o corredor para a subida de Brown. Do outro lado, Phil Neville ficava mais perto dos zagueiros enquanto Jesper Blomqvist buscava a linha de fundo usando sua velocidade. Além disso, o sueco contava com apoio de Dwight Yorke por ali também. Foi com essa movimentação pela esquerda que possibilitou Andy Cole receber dentro da área para finalizar com perigo aos 12 minutos.

Os dinamarqueses tinham mais posse, mas eram inofensivos. Paul Scholes e Roy Keane protegiam bem a linha defensiva. E se a bola passasse por eles, Jaap Stam e os irmãos Neville conseguiam impedir as infiltrações na área de Peter Schmeichel.

Quando o Manchester United acelerava a troca de passes no ataque, o Brondby ficava perdido. Aos 18, Stam deu um passe vertical para Cole, que desviou de calcanhar. Com isso, Blomqvist apareceu como um raio pelo lado direito e encontrou Yorke dentro da área. O camisa 19 teve tempo de dominar e finalizar de canhota. A bola passou perto da trave.

Em seguida, aos 20, Giggs marcou novamente. Blomqvist acelerou pela esquerda depois de um lateral ganho por Yorke e colocou na cabeça do camisa 11, que antecipou o zagueiro para colocar a bola para dentro.

Com a bola, os mandantes eram pouco criativos. Sem ela, o United controlava o jogo e estocava o adversário praticamente quando queria com a ajuda do pivô de Yorke junto da velocidade dos pontas. E dessa forma saiu o terceiro gol.

(Fonte: Manchester United/Divulgação)

Scholes recuperou a posse na intermediária defensiva e encontrou Giggs no meio de campo. De primeira, o galês lançou Yorke, que ganhou do zagueiro pelo alto e soltou para Cole, infiltrando entre a defesa bagunçada do time de Ebbe Skovdahl. Com muita categoria e tranquilidade, o artilheiro inglês cortou para o pé direito e colocou no cantinho do goleiro. 3 a 0 sem muito esforço.

O gol do Brondby veio de uma cobrança de falta cometida por Scholes. Kim Daugaard bateu direto e contou com uma rara falha de Schmeichel no canto esquerdo. O curioso desse lance é que Thomas Lindrup tinha cobrado a falta antes da autorização do árbitro e não tinha sido gol. Apesar do placar diminuído, o cenário do jogo era bem tranquilo para os Red Devils.

Tanto que no segundo tempo demorou apenas 10 minutos para Roy Keane fazer o quarto. A zaga dinamarquesa afastou mal um cruzamento de Blomqvist e a bola caiu no pé de Keane. Com habilidade, o irlandês cortou um, tocou para Yorke e, num movimento totalmente descoordenado do adversário, a defesa inteira se abriu antes de Keane receber de volta para finalizar na saída de Krogh.

Perdendo e jogando em casa, o Brondby continuava aberto. Os contra-ataques do United eram sempre perigosos. Logo depois do quarto gol, Cole teve mais uma chance cara a cara com o goleiro, que defendera com o rosto.

Os Diabos Vermelhos sentiram o cheiro de sangue e atacaram com tudo. Em pouco tempo (sete minutos, para ser mais exato), o placar estava 6 a 1. Yorke, de cabeça, no cruzamento preciso de Phil Neville no segundo pau, marcou primeiro. Era a primeira vez no jogo que Phil ultrapassava o meio de campo. Depois, Yorke funcionou como pivô de novo para que Ole Gunnar Solskjaer fizesse o sexto com um chute de primeira de fora da área. O atual técnico do Manchester United tinha entrado no lugar de Andy Cole há um minuto.

Jordi Cruyff foi outro que participou do final da partida ao substituir Giggs. Daí para frente o time administrou o placar, basicamente. Sem ameaças, o time de Ferguson até reverteu a posse de bola a seu favor. Entretanto, no último minuto de jogo, Ebbe Sand — artilheiro da liga dinamarquesa que tinha superado um cancêr no testículo — diminuiu para 6 a 2 ao pegar um rebote de Schmeichel na pequena área. Nada preocupante pelo que foram os outros 89 minutos.

(Fonte: Manchester United/Divulgação)

Giggs, com dois gols no primeiro tempo, Yorke e Keane foram os destaques. Vale ressaltar também a partida segura de Gary Neville improvisado como zagueiro. Apesar de pouco exigido, mostrou-se confiante ao lado de Stam.

Assim, o Manchester United conquistou a primeira vitória na Uefa Champions League de 1998/1999. Ainda por cima, soube que o Barcelona perdeu para o Bayern por 1 a 0 (gol do excelente Effenberg) em Munique.

No próximo capítulo, contaremos a visita do Brondby ao Old Trafford. Será que houve vingança ou outro atropelo?

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