Champions League 1998/1999 — Capítulo 4: Manchester United x Brondby

A história completa da conquista do segundo troféu europeu da vida do Manchester United

Guilherme Rodelli Rocha
redarmybrasil
6 min readFeb 13, 2021

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(Fonte: Manchester United/Divulgação)

Exatamente duas semanas (14 dias) depois da viagem a Dinamarca e a goleada sobre os atuais campeões nacionais, o Manchester United recebeu o Brondby no Old Trafford pela quarta rodada do grupo D da Uefa Champions League.

Na competição, o cenário era o seguinte: o United tinha se tornado líder com cinco pontos graças o resultado de 6 a 2 fora da casa. Bayern e Barcelona vinham logo atrás com quatro e, na última posição, o adversário da noite europeia, com três.

Esses três pontos dos dinamarqueses tinham sido conquistados contra o Bayern em casa, o que fazia a goleada na rodada anterior ainda mais especial. O favoritismo era muito grande para os Red Devils, ainda mais jogando em casa.

Na Premier League, o time de Sir Alex Ferguson vencera o Everton cinco dias antes no Goodison Park por 4 a 1 (gols de Yorke, Cole e Blomqvist, além de Craig Short marcar contra) e dividia a liderança com o Aston Villa, ambos somando 22 pontos.

Então, na noite do dia 04 de novembro de 1998, o Manchester United foi a campo com Schmeichel; Phil Neville, Gary Neville, Stam e Irwin; Beckham, Keane, Scholes e Blomqvist; Yorke e Cole. Ryan Giggs estava fora por lesão.

Os lanternas do grupo tiveram três mudanças em relação a partida na Dinamarca. O time de amarelo entrou no Old Trafford com Andersen; Colding, Rasmussen, Nielsen e Skarbalius; Ravn, Bjur, Daugaard, Jensen e Bagger; Sand.

Esperava-se o mesmo desempenho do último encontro e o Manchester não decepcionou os torcedores que estavam no Teatro dos Sonhos. Enfrentando o defensivo 4–1–4–1 do técnico Ebbe Skovdahl, o domínio da posse foi todo dos mandantes. Jesper Blomqvist e David Beckham jogavam bem abertos para abrir as linhas do Brondby, Paul Scholes avançava mais que Roy Keane e se conectava com Dwight Yorke, que frequentemente saía da referência. Essa era a forma que aquele time de 1998/1999 se comportava.

Mas o primeiro gol não saiu dessa movimentação. Pelo contrário, foi em bola parada. O especialista Beckham cobrou uma falta a mais de 30 metros da meta de Andersen e colocou a bola beijando a trave direita do goleiro aos seis minutos de jogo.

(Fonte: Manchester United/Divulgação)

A tensão pela responsabilidade de vencer parecia nem ter entrado em campo. Os jogadores estavam tão confiantes que Keane falhou dentro da área aos oito e o Brondby quase empatou. Os zagueiros evitaram que Daugaard encontrasse alguém livre perto da linha do gol de Schmeichel.

A resposta veio na sequência. Scholes recuperou a posse na intermediária defensiva e o time disparou em velocidade. Keane apareceu na frente e cruzou buscando Andy Cole. Entretanto, quem cabeceou foi o defensor dinamarquês, acertando a trave. No rebote, o centroavante inglês finalizou em cima do zagueiro Nielsen.

Aos 13 minutos, o segundo gol, que escancarou a essência daquele Manchester United. Scholes roubou a bola mais uma vez, Keane achou Blomqvist pela esquerda e o sueco avançou. Depois de bater o lateral adversário, passou no meio para Cole. Aí a genialidade apareceu. O camisa nove fez um corta-luz e se movimentou no espaço que o zagueiro deixou ao sair para marcá-lo. Yorke, de primeira, devolveu e viu seu companheiro tocar por cima de Andersen com a maior tranquilidade e frieza possível.

Quem não estava fria era a torcida, que delirou com a jogada. 2 a 0. Esta partida era a sexta seguida da dupla Yorke-Cole naquela temporada. Juntos, marcaram 10 gols nessa sequência.

(Fonte: Manchester United/Divulgação)

Era um rolo compressor para cima do Brondby, tanto que o terceiro não demoraria a sair. Dois minutos depois do tento de Cole, Phil Neville teve total liberdade para sair tabelando com Scholes e Yorke, respectivamente, desde a defesa para entrar na área e finalizar de bico com o pé direito.

Três gols em nove minutos. Confiança lá em cima e o adversário sem conseguir atacar. Noite perfeita em Old Trafford e ficaria ainda melhor. As chances apareciam para o ataque do United naturalmente porque o Brondby estava entregue. Não era pra menos. Levar três pancadas em poucos minutos acaba com o plano de qualquer treinador.

E não parou por aí. Aos 28, com o adversário aberto, foi fácil para Blomqvist recuperar a bola perto do gol de Schmeichel, avançar rapidamente por mais de 50 metros sem ser incomodado e encontrar Beckham do lado oposto. Com muita precisão, o camisa sete colocou a bola na cabeça de Yorke, que já tinha dado duas assistências, marcar o quarto contando com falha de Andersen. A bola veio no chão e passou por baixo do corpo do goleiro.

Com o placar dilatado, os laterais tinham mais liberdade para atacar e povoavam a defesa dinamarquesa junto dos pontas. Scholes poderia escolher quem acionar. Contudo, os avanços custaram a condição física de Phil Neville, que precisou ser substituído por Wes Brown ainda aos 31 minutos do primeiro tempo.

Schmeichel só teve trabalho uma vez antes do intervalo. Justamente na zona de Neville (agora de Brown), Sand conseguiu receber de frente para chutar, mas o ex-goleiro do Brondby defendeu com o pé direito. Nada mais.

Na volta para o segundo tempo, mais uma vez Ferguson colocou Jordi Cruyff em campo no lugar de Blomqvist. Naquela época, o filho do lendário holandês ainda era uma promessa — que não se confirmou nos anos subsequentes.

(Fonte: Manchester United/Divulgação)

O cenário não mudou mesmo com o maior ímpeto dos dinamarqueses em atacar. Eles continuavam cedendo espaço e os pontas do 4–4–2 do United aproveitavam. Beckham apareceu duas vezes em menos de 10 minutos. Na primeira, cruzou fechado para Andersen defender. Na segunda, dessa vez por dentro, tabelou com Yorke e finalizou colocado perto da trave.

Como era padrão, Ole Gunnar Solskjaer entrou como substituto. Quem saiu foi Andy Cole, autor do gol mais bonito da noite. Dessa forma, o esquema era mantido e Fergunson continuava contando com um atacante prolífico e oportunista ao lado do facilitador Yorke.

Foram necessários mais alguns minutos para o quinto gol acontecer. Aos 62 (17 do segundo tempo), Beckham cobrou rapidamente uma falta no círculo central para Scholes, perto da área. O camisa 18, com sua peculiar categoria e habilidade, passou por dois zagueiros, invadiu a área e finalizou de canhota no cantinho. Mais um golaço. Com isso, Scholes marcou, então, contra os três adversários do grupo.

(Fonte: Manchester United/Divulgação)

Dali em diante, o United poderia ter marcado mais. Chances não faltaram. Mas a falta de pontaria e alguns passes errados na última hora impediram números ainda mais expressivos no placar. Cruyff perdeu um sem goleiro e Beckham e Solskjaer na pequena área. Ao contrário do que tinha acontecido na Dinamarca, em momento algum o Brondby ameaçou o domínio ou deu trabalho a Schmeichel, com exceção ao lance do primeiro tempo.

Este foi considerado o melhor jogo do Manchester United no Old Trafford na temporada até então. Uma exibição de gala, sem dar chances ao adversário e se impondo com gols. E belos gols. Dessa forma, encaminhava a classificação para a próxima fase. Porém, os capítulos seguintes da fase de grupos não foram tão doces assim. Continue acompanhando a série para descobrir o porquê.

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