De dar calo nos olhos: limitação do United é novamente escancarada em derrota para o Newcastle

Time de Solskjaer é exposto com facilidade e perde mais uma

Kleber Komodo
redarmybrasil
5 min readOct 6, 2019

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Reprodução: Twitter | BBC Sport

Antes de falar do United, de falar do jogo, gostaria de falar do Newcastle. O time de Steve Bruce entrou na rodada com a quarta pior defesa, segundo pior ataque, os Magpies vinham sofrendo nesse início de temporada, mas nada melhor que enfrentar o Manchester United atual pra mudar esse cenário. De forma simples e óbvia, Bruce expôs Solskjaer, neutralizou e anulou um time que parece não ter resposta para absolutamente nada que o adversário lhe impõe.

Com a derrota pulamos pra segunda metade da tabela, a diferença pro G6 já é de 5 pontos, enquanto a distância pra zona de rebaixamento é de apenas 2 pontos. Uma vitória nos últimos 7 jogos de Premier League, jogo contra o Liverpool na próxima rodada e a inacreditável iminência de entrar no Z3. Esta é a situação do Manchester United Football Club no momento.

O JOGO:

Fomos pro jogo com a mesma formação inoperante de sempre, o 4–2–3–1. Dessa vez, sem Pogba, um time com imensa dificuldade na construção teria que se virar sem seu principal criador de jogadas. Newcastle jogava com uma linha de 5 atrás, dois alas bem fortes e velozes mas que não subiam com tanta intensidade, Willems e Yedlin tinha menos obrigações ofensivas que os homens de meio, os irmãos Longstaff. De início, o Newcastle tomava a frente do jogo, Saint-Maximin rabiscava na ponta esquerda, passava de dois, as vezes de três marcadores, mas vacilava na conclusão. Aos 11' o francês driblou Dalot, McTominay e finalizou pra fora. Pouco tempo depois repetiu a faceta, mas a finalização explodiu na defesa.

Aos 19' o United desenhou a melhor jogada que vi do time em muito tempo, troca de passes rápida entre Andreas, Rashford, Dalot, Fred e Mata, mas o espanhol estava impedido na hora de ajeitar pra McTominay entrar cara a cara com Dubravka. Com 20 minutos de jogo nossos dois volantes já estavam amarelados. Diminuíam a intensidade na marcação e a dupla de volantes do Newcastle se aproveitava disso. Matt Longstaff usou o espaço e soltou a pancada da entrada da área, De Gea assistiu a bola explodir no travessão. A essa altura o Newcastle tinha mais volume de jogo, coisa que foi diminuindo com o tempo. O time de Steve Bruce passou a notar que quanto mais dava a bola pro United, mais o time de Solskjaer errava e dava possibilidade ao contra ataque. Aos 27' Almiron quase aproveitou, mas teve o chute bloqueado. A partida ficava ruim, parece que quanto mais temos a posse da bola, pior visualmente fica o jogo. Fred tentava armar e suprir a ausência de Pogba, mas errava os lançamentos. É inclusive impressionante a falta de química desse time, quando alguém afunda pra receber na frente, o passe sai atrás, quando fica pra receber, o passe sai esticado. A sensação é que esse time não se conhece, nem nunca jogou junto.

Aos 35' o United já tinha mais de 60% de uma posse de bola passiva, sem agressividade. Newcastle seguia tentando explorar os contra golpes e o pivô de Joelinton no jogo aéreo. Aos 38' Longstaff acionou Almiron cara a cara com De Gea, o paraguaio demorou uma eternidade pra finalizar e Maguire se recuperou de forma espetacular e evitou o gol. Dois minutos depois Andreas respondeu, por dentro, onde teoricamente devia jogar, ele passou do adversário e chutou colocado, a bola no entanto não pegou tanta direção, o que facilitou a vida de Dubravka. Foi a primeira e única vez que o goleiro do Newcastle trabalhou no primeiro tempo.

No apagar das luzes da primeira etapa, em cobrança de escanteio, Maguire teve a chance de abrir o placar: livre na pequena área, sequer precisou pular, mas cabeceou pra fora. Em mais 45 minutos de doer a vista, assim terminou o primeiro tempo.

Reprodução: Twitter | Manchester United

SEGUNDO TEMPO:

As equipes retornaram pra etapa final sem mudanças, sejam técnicas ou táticas. Newcastle seguia esperando o United e partindo pro contra ataque. Já aos 47' Maximin achou Almiron no facão, que bateu na rede pelo lado de fora. Após isso, o jogo ficou no mesmo ritmo de boa parte do primeiro tempo. Duas alterações se sucederam, Joelinton foi substituído por Carroll e Dalot, que sentiu a perna, foi substituído por Rojo. Com a alteração, Tuanzebe virou lateral direito, Rojo foi pra zaga e Young seguiu na LE. Mais uma vez Solskjaer evita que Young atue na lateral do ponta mais veloz adversário, foi assim contra o Arsenal, empurrando Tuanzebe pra lateral esquerda e evitando o confronto de Young com Pepe, e agora, tirando Axel da zaga para que Young não seja passado pro lado direito e tenha que marcar Maximin. Mais pra frente, esse protecionismo a Young custaria caro.

O relógio marcava 65 minutos quando Greenwood veio pro jogo, Juan Mata deixou o campo. Rashford foi pra esquerda, Greenwood ficou como centroavante, James na direita e Andreas pelo meio. O time começava a se encontrar dessa forma, até que um contra ataque fatal do Newcastle acabou com tudo: aos 71', o erro de Solskjaer o achou novamente. Com o time extremamente confuso após as mudanças, o Newcastle puxou a contra ofensiva, o buraco apareceu na direita com Tuanzebe perdido fechando pelo meio, Willems cortou James e rolou pra Matt Longstaff, o jovem garoto que fazia sua estreia, soltar o torpedo da entrada da área e abrir o placar. Mais uma falha de Tuanzebe que custa pontos do time, dessa vez pela lateral direita. É triste de ver, já que o garoto vinha sendo um esteio na zaga até que Solskjaer, pra poupar Young do combate com Maximin, resolveu improvisá-lo novamente.

Após o gol o United foi pra cima, da mesma maneira de sempre, na mesma falta de ideias e de criatividade. Antes de ser substituído por Chong, Young teve a chance depois de um excelente pivô de Greenwood, mas o capitão preferiu tocar a finalizar, e cruzou em cima da zaga. Newcastle se fechou, Andy Carroll era volante aquela altura, o United abria nas pontas sem saber o que fazer. Não tinha um grande “crosser” pra achar alguém com um bom cruzamento, nem um bom cabeceador na área. Um time fácil de ser neutralizado, que peleja pra ao menos criar chances de gol. É de longe o pior Manchester United que vi, e já são duas décadas torcendo pra esse clube.

Mike Dean encerrou o martírio aos 94'. Mais uma derrota, mais um jogo sem balançar as redes. Próxima partida será no dia 20, após a Data FIFA, o United enfrenta o líder invicto do campeonato, Liverpool, em Old Trafford.

FICHA E NÚMEROS DO JOGO:

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Kleber Komodo
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“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.”