Muita atitude, pouco futebol: United se esforça, mas não sai do empate contra o Arsenal
Em fase ruim, vindo de um empate melancólico contra um dos piores times da 3ª divisão inglesa, United voltou ao gramado de Old Trafford pra enfrentar o Arsenal num situação totalmente distinta da última vez em que enfrentamos os Gunners. Na ocasião, Solskjaer tinha 12 jogos de invencibilidade na Premier League, eram 10 vitórias no processo, e o Arsenal nos bateu por 2–0. Hoje, com resultados escassos e futebol mais acanhado ainda, entramos em campo precisando desesperadamente da vitória.
Inegavelmente os jogadores entraram com o pensamento de vencer, jogaram duro, correram além do costumeiro, mas de jogadores aguerridos a Championship está cheia. Pressão na saída de bola adversária, marcação dobrada no primeiro terço, tudo isso desempenhamos bem, mas a falta de qualidade pesou, já que ofensivamente o time é totalmente dependente de produções individuais. Problemas na construção e conclusão das jogadas mostraram novamente a necessidade de peças pro meio campo e ataque, além de um conjunto tático que extraia mais dos jogadores que temos. Já a falha defensiva que resultou no gol do Arsenal mostra que é preciso fortalecer a defesa ainda, principalmente porque quando a falha vem de uma improvisação, o demérito de quem vacilou é muito menor do que devia ser, trazendo a evidência a necessidade de reforçar no setor, para não improvisar mais.
O JOGO:
A partida era corrida, pegada, típico de um jogo de Premier League entre dois times de meio pra baixo de tabela. Faltava a qualidade que um Derby da Inglaterra sugeria. Arsenal atuava no costumeiro 4–3–3, com 3 volantes; enquanto o United seguia no 4–2–3–1 com o improdutivo Lingard de meia, com o nada além de esforçado Andreas aberto pela direita e com Rashford revelando novamente (pela sua produção em campo) que não nasceu pra ser centroavante. Foram absurdas 12 faltas nos 20 minutos iniciais, mais de uma a cada 2 minutos. O jogo era feio, mas apesar disso, o United parecia melhor. Aquela altura, a equipe que tivesse mais vontade passaria essa impressão. McTominay, Andreas e James corriam o que podiam e um pouco mais, Pogba e Rashford também davam intensidade e pegada ao time, mas na primeira metade da etapa inicial era apenas isso que a gente podia falar: intensidade. A primeira finalização veio surgir somente aos 28 minutos, e quase abrimos o placar: a marcação dobrada roubou a bola no meio campo e Andreas carregou, passando de Guendouzi, deixando David Luiz sem pai, nem mãe e chutando de canhota pra boa defesa de Leno.
Com o passar do tempo e se beneficiando dos erros adversários, os dois times foram criando chances. United passou a explorar mais o contra ataque na reta final do primeiro tempo. Aos 43' o Arsenal chegou ao ataque e finalizou duas vezes, com Guendouzi e Saka, no contra golpe, abrimos o placar. A bola foi esticada pra Rashford que pela segunda vez não conseguiu finalizar, ele então fez a volta e tocou pra trás; o passe parecia equivocado, Pogba não o alcançou, mas McTominay chegou dominando e soltando um balaço no ângulo. Leno, como nada pôde fazer, assistiu estático a bola estufando a rede. United 1–0.
Primeiro tempo terminou dessa forma. Nenhuma grande chance criada por ambos os times, jogo morno, poucas finalizações, o golaço de McTominay era o que separava as duas equipes.
SEGUNDO TEMPO:
A etapa final não começou muito diferente do fim da inicial. Com o placar favorável, United aceitava mais um papel reativo e tentava explorar os contra ataques. Arsenal por sua vez precisava de criação, então com menos de 10 minutos Torreira deixou o campo pra entrada de Ceballos. Poucos minutos depois, o time de Emery chegou ao empate. Não porque era melhor, ou porque havia criado uma situação para tal, mas nos expôs somente adiantando a marcação. Tuanzebe errou um passe simples, Saka recebeu livre na frente da área e só deu um tapa pra Aubameyang entrar cara a cara com De Gea e marcar. O bandeira ainda tentou livrar a nossa barra marcando impedimento, erraria de forma medonha se o VAR não entrasse em ação. 1–1.
É um gol predito na pré-temporada, é sabido que o time precisava de um LE. Shaw, além de não ser confiável dentro de campo, não é confiável para estar em campo, devido a seus problemas físicos. Pro torcedor comum, isso não entraria em cheque já que Tuanzebe errou um passe de três metros, mas uma análise minuciosa do lance mostra que pra um canhoto seria um passe simples, ele não precisaria mudar o gestual do corpo, virar o pé pra bater na bola, com um destro tudo muda, principalmente com um zagueiro que não tem habilidade pra atuar no setor. É necessário fechar lacunas e cada vez que o time joga, as brechas aumentam.
Um minuto após o gol de empate, por muito pouco o Arsenal não virou o jogo. Chambers foi ao fundo livre e cruzou pra Saka que bateu da marca do pênalti, a bola desviou em Lindelof e tirou tinta do travessão. O jogo ficou aberto, foi de longe o melhor momento da partida. Aos 62' James saiu costurando e finalizou em cima da defesa, no minuto seguinte Andreas finalizou, a bola explodiu no braço recolhido de David Luiz e sobrou pra Pogba bater colocado raspando a trave esquerda de Leno. Aos 69', em cobrança de escanteio, McTominay subiu absolutamente sozinho na pequena área, inteiro na bola, e mandou por cima. Aos 72', no abafa, Maguire foi ao ataque e soltou a bomba, Leno fez grande defesa. Andreas e Lingard deram suas vagas a Greenwood e Fred aos 73 minutos, Arsenal também usou o o intervalo de tempo pra tirar o apagado Pepê, destruído pela marcação de Tuanzebe, e colocar o jovem velocista Reiss Nelson. Era a hora da verdade pros dois times, mas salvo algumas finalizações, o jogo não passou disso. Já nos acréscimos McTominay sofreu falta na entrada da área, Rashford bateu chapado no canto de Leno que fez grande defesa. No minuto seguinte Nelson recebeu de Willock e recuou pra De Gea. Com baixa inspiração de ambos os times, o empate ficou de bom tamanho.
NÚMEROS GERAIS E FICHA DO JOGO:
United volta a campo na quinta-feira, quando enfrenta o AZ em Alkmaar pela Liga Europa. O time de Solskjaer alcança seu terceiro jogo sem vitória, e desde o confronto contra o Chelsea, há um mês e meio, a equipe não marca mais de um gol numa única partida. Desde então são 8 jogos e apenas 7 gols marcados; duas vitórias, quatro empates e duas derrotas.
